Desvalorização da moeda brasileira

Citi (NYSE:C) projeta dólar a R$5,47 no fim de 2021 com riscos domésticos e exterior menos favorável

Há pouco menos de duas semanas, banco estimava taxa de câmbio de 5,33 por dólar no término de 2021

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Por Luana Maria Benedito, da Reuters – Os riscos fiscais domésticos são provavelmente o principal fator para a desvalorização da moeda brasileira, e com a perspectiva de que o ambiente global para mercados emergentes fique menos benigno o real deve encerrar este ano em 5,47 por dólar, projetou o Citi (NYSE:C) (SA:CTGP34) em relatório nesta quarta-feira.

Há pouco menos de duas semanas, o banco estimava taxa de câmbio de 5,33 por dólar no término de 2021.

Segundo o Citi, a divisa brasileira já tem sido negociada em patamares subvalorizados desde o início da pandemia de Covid-19, uma vez que, "com exceção do prêmio de risco, todas as outras variáveis estão em níveis que deveriam ter ajudado uma valorização do real".

Entre esses fatores, o relatório apontou a alta dos preços das commodities, os patamares mais baixos do índice do dólar atingidos durante a pandemia e o aumento recente do diferencial de juros entre Brasil e economias avançadas.

Isso, por sua vez, sugere que "riscos domésticos relacionados principalmente a incertezas fiscais podem ser a grande força mantendo o real desvalorizado", escreveram no documento Leonardo Porto (economista-chefe do Citi no Brasil), Thais Ortega e Paulo Lopes (economistas).

Segundo o Citi, essa hipótese é reforçada pela disparidade de desempenho entre a moeda brasileira e as de outros pares de países exportadores de commodities, que tiveram desvalorização bem mais comportada desde o início da pandemia.

Nesse contexto, não fosse o cenário internacional benigno para moedas de países emergentes, "provavelmente teríamos visto um real bem mais desvalorizado nos últimos 18 meses", afirmaram os economistas do Citi.

E conforme o ambiente favorável vai ficando para trás –em meio a expectativas crescentes de aperto monetário nos EUA, dúvidas sobre o crescimento econômico global e possibilidade de impacto sobre as commodities–, o real pode estar mais vulnerável a guinadas negativas no cenário para as moedas de países emergentes, alertou o Citi.

Nesta quarta-feira, o dólar era negociado em torno dos 5,49 reais na venda, acumulando alta nominal de 5,8% em 2021. Em relação aos patamares do fim de fevereiro de 2020, antes de a pandemia forçar restrições econômicas de combate à Covid-19, o dólar tem alta de 22,5%.

No mesmo período, um índice do JPMorgan Chase & Co (NYSE:JPM) (SA:JPMC34) para moedas de países emergentes acumula desvalorização de pouco mais de 5%.

Para o fim de 2022, o Citi projeta taxa de câmbio de 5,49 por dólar.