Na manhã desta quinta-feira (27), o dólar bateu a máxima intradiária, chegando a R$ 4,5016. E não foi um pico fora do comum: ontem, a moeda havia renovado novamente o seu recorde de fechamento, atingindo R$ 4,4764 e acumulando alta pela sétima sessão consecutiva.
Mas nem tudo é pânico nesse cenário: vale a pena ficar de olho nas companhias exportadoras para aproveitar a maré do dólar alto. “Essas empresas tendem a ter melhores resultados, uma vez que produzem em real, mas vendem em dólar”, explica Sérgio Brito, sócio da Ipê Investimentos.
A Suzano e a Klabin, de papel e celulose, são alguns dos exemplos. Empresas de aviação, como a Embraer, também se beneficiam da desvalorização real em relação ao dólar e podem ser uma boa pedida no atual momento.
“Também é interessante considerar companhias que tomaram empréstimos na moeda dos Estados Unidos”, adiciona Brito. “Para a renda fixa, procurar títulos indexados ao dólar também é uma opção”.
O movimento de alta do da divisa norte-americana era esperado. “Com a Selic a 4,25% ao ano, o Brasil deixou de ser um país propício para o investimento especulativo”, comenta o especialista da Ipê. Enquanto a taxa básica de juros estiver nesse patamar e o fluxo de capitais tende a favorecer países com retornos maiores.
Durante essa semana, com o coronavírus, a fuga de dólares do Brasil se intensificou. A turbulência na economia global impulsionou a procura por ativos de menor risco — como a moeda dos EUA e o ouro, por exemplo. “Até o fim do ano, com os impactos da epidemia sendo mitigados, o dólar deve voltar a níveis mais baixos, por volta de R$ 4,10, R$ 4,15”, completa Brito.