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Com R$ 2,3 bilhões, Azul tem caixa para 24 meses; ações operam em baixa

Azul (AZUL4)
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Por Ana Julia Mezzadri, da Investing.com – A manutenção da liquidez financeira, a redução de custos e a busca de oportunidades de crescimento foram o foco da Azul (SA:AZUL4) no segundo trimestre. Assim, ao fim do período, a companhia tem R$ 2,3 bilhões em caixa, o suficiente para 24 meses de operação, disseram os executivos da aérea em teleconferência com analistas e imprensa nesta quinta-feira (13).

Em termos de redução de custos, a empresa fez ajustes na folha de pagamentos, em que espera-se uma redução de 40% em despesas com salários no segundo semestre; fez acordos com parceiros financeiros para rolagem de amortizações para além de 2021; renegociou termos de leasing; postergou a entrega de 82 aeronaves da Embraer (SA:EMBR3) para depois de 2024; vendeu aeronaves e negociou pagamentos com fornecedores.

A Azul terminou o trimestre com significativas fontes de liquidez, como o programa de fidelidade Tudo Azul, o acordo com o governo português para a venda da participação na TAP, o setor de logística e o programa de codeshare com a Latam.

Outro ponto positivo que a empresa apontou ter sido capaz de conquistar durante a crise é que mais de 80% das passagens que tiveram de ser canceladas foram convertidas em crédito para novas compras, e não reembolsadas, o que também preserva caixa.

Ainda que a companhia não veja riscos financeiros em um futuro próximo e que não haja nenhuma obrigação de investimento nos próximos dois anos, os executivos da Azul deixaram claro que pode haver necessidade de renegociação de termos e de levantar mais caixa. Nesse contexto, a empresa informou que continuará a monitorar o mercado de capital e dará continuidade às conversas com o BNDES, que segue sendo uma opção.

A companhia se diz otimista ainda com o apoio do governo, apesar de reconhecer que não haja recursos para um apoio direto tão robusto quanto nos EUA e na Europa. Um exemplo desse apoio é a recente mudança em relação aos pagamentos por danos morais pelas companhias, o que representava um grande custo para as empresas.

Em relação à alavancagem, a Azul destacou que, ainda que tenha reduzido despesas e ajustado a capacidade, é impossível compensar a perda de receitas ocorrida no primeiro semestre. Assim, a alavancagem irá piorar, e deve retornar a patamares melhores em 2022, na visão da companhia.

O foco agora é retomar as atividades de forma segura e saudável. A companhia se diz satisfeita com a evolução da demanda até agora, que está muito além do que era esperado no primeiro trimestre. Agora, a empresa espera operar 60% de seus voos até dezembro. Uma consideração importante é a mudança de mix: a demanda corporativa, que até o início da crise correspondia à maior parte, agora foi ultrapassada pela demanda de lazer, que está se recuperando mais rapidamente.

Sobre essa retomada, os executivos destacaram que a companhia irá operar apenas voos que gerem receita, utilizando os aviões menores conforme necessário, também como forma de preservar caixa.

Por volta das 16h11, as ações da Azul operavam com queda de 3,63% a R$ 22,05, com volume negociado em R$ 207,83 milhões. O desempenho é pior ao do Ibovespa, que, após operar em alta até por volta das 14h00, recuava 1,59% a 100.490 pontos.

Cargo

Entre os destaques do trimestre está o setor de logística, em que a Azul investiu muito nos últimos anos e, hoje, tem participação de 27% no mercado. Segundo a companhia, a performance do setor foi estável em relação ao mesmo período do ano passado, sendo que, em julho, a receita cresceu 48% em comparação com o mesmo mês de 2019. A maior responsável por esse crescimento é a logística de e-commerce, que representou cerca de 20% do total de negócios de carga no segundo trimestre.

Codeshare

Outra oportunidade de mercado capturada no período foi o codeshare com a Latam. Segundo a Azul, o acordo é uma ótima maneira de aumentar a demanda e receita. O acordo, anunciado em julho, prevê codeshare para 64 rotas no país, além de acúmulo de pontos nos programas de fidelidade das duas companhias.

TAP

No início de julho, a Azul anunciou a venda de 6% de sua participação indireta na TAP para o governo português, por aproximadamente R$ 65 milhões. O acordo determina ainda a eliminação do direito de conversão dos bônus seniores detidos pela companhia de 90 milhões de euros com vencimento em 2026. Todas as demais condições de bônus seniores, no entanto, serão mantidas, incluindo o status de credor sênior, taxa de juros anual de 7,5% e o direito à constituição das garantias previstas nos respectivos termos e condições, como o programa de fidelidade da TAP.