
A primeira sessão do SXSW 2025, um dos maiores eventos globais de inovação e tecnologia, trouxe um tema que pode surpreender aqueles que associam o evento apenas a discussões sobre IA, blockchain e futuro digital: Social Health ou Saúde Social.
O destaque dado ao tema é um indicativo claro de sua relevância crescente não apenas na sociedade, mas também no mundo corporativo.
De acordo com Kasley Killam, autora do livro “The Art and Science of Connection: Why Social Health Is the Missing Key to Living Longer, Healthier, and Happier”, a saúde não se resume ao físico e ao mental – ela também é social. E, assim como exercitamos o corpo e cuidamos da mente, precisamos cultivar conexões autênticas para promover bem-estar e afastar o sentimento de solidão.
Mas o que significa, na prática, cuidar da saúde social? Trata-se de equilibrar dois eixos fundamentais: quantidade e qualidade das relações. Cada pessoa tem um estilo próprio de se relacionar, e Killam descreve quatro perfis de conexão social:
- Butterfly (Borboleta): Pessoas que preferem inúmeras interações casuais, diversificando seus círculos sociais sem necessariamente aprofundar os vínculos.
- Firefly (Vaga-lume): Indivíduos que escolhem poucas, mas profundas conexões, priorizando a intimidade nas relações.
- Stargazer (Observador de estrelas): Pessoas que valorizam tanto a profundidade quanto a quantidade de conexões, equilibrando interações sociais diversas e laços mais sólidos.
- Anchor (Âncora): Indivíduos que mantêm um pequeno círculo de conexões estáveis e duradouras, priorizando segurança e continuidade nos relacionamentos.
Saúde social no contexto corporativo
No mundo dos negócios, onde produtividade, engajamento e inovação são palavras de ordem, a saúde social precisa entrar na agenda estratégica das organizações.
Estudos mostram que funcionários com conexões sociais significativas no trabalho têm maior satisfação, menos estresse e são mais engajados. Por outro lado, a solidão crônica no ambiente profissional está diretamente ligada à queda de produtividade, burnout e aumento da rotatividade.
Além disso, a falta de conexão pode impactar negativamente a criatividade e a colaboração, pilares essenciais para organizações que buscam inovação e crescimento sustentável.
Como as empresas podem promover a saúde social?
Para transformar a saúde social em um ativo estratégico, as organizações precisam adotar iniciativas que promovam conexões significativas e respeitem os diferentes estilos de relacionamento.
Aqui estão algumas práticas eficazes:
- Espaços e oportunidades para conexão
- Criar ambientes de trabalho que favoreçam interações espontâneas, como áreas de convívio e salas de descompressão.
- Estimular pausas sociais e eventos informais que permitam a criação de laços entre equipes.
- Cultura organizacional inclusiva
- Promover a diversidade geracional e a convivência intergeracional, valorizando diferentes perspectivas.
- Incentivar a empatia e o respeito aos diferentes estilos de conexão social, reconhecendo que nem todos se relacionam da mesma forma.
- Programas de suporte e bem-estar
- Oferecer mentoring e redes de apoio interno para fortalecer vínculos entre colaboradores.
- Criar iniciativas de suporte emocional, como grupos de conversa e de afinidade, para criar pertencimento.
- Equilíbrio entre conexão e solitude
- Respeitar momentos de desconexão e foco individual, evitando a cultura de hiperconectividade que pode levar ao esgotamento.
- Promover políticas de flexibilidade que permitam aos colaboradores gerenciar seu tempo e energia social.
A discussão sobre saúde social está apenas começando, mas a previsão é clara: empresas que negligenciarem esse aspecto podem enfrentar desafios crescentes relacionados ao bem-estar e à retenção de talentos.
Em um mundo cada vez mais digital e acelerado, o caminho para um ambiente de trabalho mais humano e produtivo passa pelo reconhecimento de que conexões saudáveis são essenciais não apenas para a felicidade dos colaboradores, mas também para a sustentabilidade dos negócios.
E você, já parou para pensar em como a saúde social impacta sua organização?
A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.