Conflito EUA-China e desaquecimento da economia mundial derrubam bolsas

Sinais confirmando o desaquecimento da economia na Europa e  dúvidas sobre o fim da guerra comercial após a informação de que o presidente americano Donald Trump não se reunirá com o presidente chinês, Xi Jinping, antes do fim da trégua, derrubaram as bolsas hoje. Na Europa, o Índice Stoxx 600 perdeu 1,49%, com o DAX, da Alemanha, recuando 2,67%, o CAC, de Paris, 1,84%, o Financial Times, de Londres, 1,11%, e MIB, da Itália, 2,59%. Nos EUA, o Índice Dow Jones recuou 0,87%, o Standard & Poor’s 500, 0,94%, e o Nasdaq, 1,18%.

Petróleo caiu 2,59%

O dólar se fortaleceu diante de outras moedas com a expectativa de desaquecimento na Europa e as commodities recuaram, com  o petróleo WTI negociado em Nova York perdendo 2,59%, para US$ 52,61 o barril. Os juros dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA recuaram, indicando maior procura desses papéis como proteção, e fecharam em 2,656% ao ano, queda de 0,05 ponto percentual. O mesmo ocorreu com os papéis da Alemanha.

Ibovespa recua 0,24% depois de subir 1%

No Brasil, o Índice Bovespa teve o segundo dia de baixa, fechando em -0,24%, aos 94.405 pontos. O dólar comercial subiu 0,38%, para R$ 3,7180 para venda no mercado comercial, e os juros voltaram a subir.

Os mercados já abriram com perdas hoje, acompanhando a divulgação de dados que confirmaram a tendência de desaquecimento das economias da Europa. A queda na atividade industrial da Alemanha foi seguida da divulgação da avaliação do Banco da Inglaterra sobre a tendência dos juros e da economia no Reino Unido. O BC inglês reduziu a projeção de crescimento do PIB do país de 1,7% para 1,2% este ano, a menor desde 2009, por conta da saída da União Europeia e da expectativa de desaquecimento da economia mundial. Mesmo assim, indicou que vai continuar subindo os juros.

Hoje também o presidente da Comissão Europeia, Claude Juncker, afirmou que comunicou para a primeira ministra do Reino Unido, Theresa May, que o acordo de saída negociado com o Reino Unido não será reaberto. Já Mark Carney do Banco da Inglaterra, afirmou que metade das empresas do país não está preparada para o Brexit sem acordo, aumentando a preocupação com o impasse, diz Álvaro Bandeira, economista-chefe da corretora ModalMais. 

Bolsonaro pega pneumonia e mercado tem recaída

A aversão ao risco no exterior influenciou negativamente os negócios locais, impactados, também, pela piora na saúde do presidente Jair Bolsonaro, diagnosticado com pneumonia, o que deve adiar sua saída do hosptial e, aos olhos do mercado, pode afetar o andamento da agenda de reformas, diz o BB Investimentos. 

O Índice Bovespa chegou a ensaiar uma recuperação após a queda de mais de 3% ontem, chegando a subir 1,06%, para a máxima do dia de 95.641 pontos, após declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que a reforma da Previdência poderá ser votada na Casa até maio. Mas, depois, o índice perdeu força durante a tarde para fechar em baixa, de 0,24%, acompanhando o cenário externo e as informações sobre a piora de Bolsonaro. Com isso, o índice acumula recuo de 3,07% no mês, alta de 7,42% no ano, e de 14,0% em 12 meses. O giro financeiro foi de R$ 17,278 bilhões, bem acima da média do ano passado, de R$ 11 bilhões por dia.

Os estrangeiros retiraram recursos da bolsa brasileira no dia 5 de fevereiro, reduzindo o saldo no ano para R$ 2,4 bilhões.

Vale e Petrobras derrubam índice

As ações ON da Vale continuaram a derrubar o Ibovespa, registrando queda hoje de 2,05% e com o segundo maior volume do dia. Petrobras PN caiu 1,57% acompanhando o petróleo. Os bancos se recuperaram das perdas de ontem, e Itaú Unibanco PN subiu 0,36% e Bradesco PN, 1,52%.

Ambev lidera altas do índice

Entre as maiores altas do dia, o destaque foi a ação ON da Ambev, com 3,65% de alta, seguida de Cielo ON, 3,38%, ViaVarejo ON, 3,02% e CSN ON, 2,26%. As maiores quedas do índice foram de Log Comercial Propon ON, com 4,42% de baixa, BRF ON, 4,01%, B3 ON, 3,73% e Marfrig ON, 3,67%.

Inflação sob controle ajuda bolsa

No cenário doméstico, o IGP-DI de janeiro subiu 0,07%, menos que o esperado pelo mercado, indicando tranquilidade para a inflação. Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, se reuniu com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para tratar da tramitação da reforma da Previdência. Guedes falou sobre a futura reforma dizendo que ela será abrangente e que será preciso aprovar transição para regime de capitalização, no qual cada trabalhador precisa guardar para garantir sua aposentadoria. O ministro acrescentou que os políticos vão se aposentar “igualzinho” a outros trabalhadores e que os militares não estarão na proposta, mas vão aderir. Ele disse ainda que os direitos trabalhistas não serão alterados, mas que patrões e empregados terão mais opções e que os sindicatos terão vida mais difícil.

Dólar sobe 1,64% no mês e juros futuros sobem

 O dólar acumula uma alta de 1,64% no mês, uma desvalorização de 4,05% no ano e uma alta de 13,56% em 12 meses. O risco medido pelo CDS Brasil de 5 anos subiu de 1,66 ponto para 1,69 ponto percentual acima dos juros americanos.

No mercado de juros, segundo o BB Investimentos, repercutindo o comunicado da véspera do Copom sobre a manutenção da taxa Selic, encarado como menos “dovish” pelos agentes, os juros futuros encerraram em alta, principalmente nos contratos de curto e médio prazos. O DI para janeiro de 2020 encerrou em 6,46% ante 6,36% de ontem. O DI para 2023 passou de 8,17% para 8,23% hoje. O DI para janeiro de 2025 subiu de 8,71% para 8,77%.

Amanhã, a expectativa é com a divulgação do IPCA pelo IBGE, índice oficial usado pelo Banco Central (BC) em suas metas de inflação, e que deve acelerar, como ocorreu com outros indicadores de varejo neste mês.

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