Copom: juros ficam em 6,5%, por enquanto; como ficam as aplicações

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Hoje é dia de decisão sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos. E a expectativa para os dois casos é de manutenção das taxas. Nos EUA, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) deve manter os juros entre 2,25% e 2,50% ao ano, diante de sinais de desaquecimento da economia e inflação sob controle.

No Brasil, a expectativa é a mesma, apesar dos sinais recentes de pequena alta da inflação. A principal novidade na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) é que será a primeira sob o comando do novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O mercado espera, porém, que ele prefira evitar marolas, mantendo a política “canja de galinha” de seu antecessor, o economista Ilan Goldfajn, de “cautela, serenidade e perseverança” com os juros.

Fed deve mostrar as cartas

Nos EUA, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) parece inclinado a reduzir suas projeções para a evolução da taxa básica de juros e deve esclarecer qual será a sua “estratégia de saída” para o programa de redução de sua carteira de ativos, aquela recompra de títulos de bancos para injetar liquidez na economia, explica a LCA Consultores. A definição dos juros nos EUA é importante pois pode influenciar as políticas monetárias de todos os demais bancos centrais, inclusive o brasileiro, além de todos os mercados. Mas ao que parece esta não deverá trazer grandes impactos.

A LCA espera que o Fed reitere a expectativa dos mercados de que o juro básico dos EUA não subirá tão cedo; se eventualmente vier a frustrar essa expectativa, haverá correções nos preços dos ativos globais, alerta.

No Brasil, sinais de espaço para cortes

No Brasil, a expectativa é de que, em sua primeira reunião à frente do Copom, Roberto Campos Neto buscará sinalizar continuidade: a retórica de “cautela, serenidade e perseverança” deverá ser preservada, avalia a LCA.

Mas é possível que, diante dos indicadores de atividade econômica mais fraca que o esperado neste início de ano, o comunicado da decisão do Copom desta semana indique que a possibilidade de um eventual reforço do estímulo monetário não está descartada – o que pode reforçar apostas de corte da Selic em meados do ano, afirma a consultoria.

O cenário base da LCA, por ora, não projeta corte da Selic. “Mas essa hipótese poderá ser alterada nas próximas semanas, sobretudo num contexto em que reduzimos de 2,1% para 1,9% a nossa projeção para o crescimento do PIB em 2019”, diz a consultoria.

Para o BB Investimentos, a decisão do Copom de manter os juros deve levar em conta que os índices de atividade para o início do ano ainda não demonstraram pujança suficiente para sinalizar pressões inflacionárias. Do ponto de vista do balanço de riscos considerado pelo Copom, os três fatores citados na última ata se encontram mais balanceados visto a pequena elevação da capacidade ociosa, melhores expectativas sobre as reformas e melhora do cenário externo para economias emergentes, diz o BB. “O conjunto destes fatores sugere cautela do Copom, não obstante haver margem para um pequeno corte na taxa, que pode ser concretizado nas próximas reuniões”, espera o banco de investimentos.

Aplicações de curto prazo são mais influenciadas

Uma indicação sobre uma possível queda dos juros terá impacto nas taxas futuras e no rendimento das aplicações corrigidas pelas LTFs, ou Tesouro Selic, papéis do governo que seguem os juros diários do overnight. O mesmo ocorrerá com os papéis corrigidos pelo juro privado, o CDI. Isso afetará tanto as LFTs como os fundos DI, os CDBs, LCIs e LCAs, os CRIs e CRAs e as debêntures corrigidas pelo CDI e pela Selic. Se a indicação for de queda, as taxas futuras cairão e o rendimento dessas aplicações também. Mas, se houver um sinal de piora econômica ou dificuldade em aprovar a reforma da Previdência, que levaria a uma alta dos juros nos próximos meses, as taxas futuras podem subir e beneficiar essas aplicações.

Já uma indicação de queda dos juros beneficiaria as aplicações prefixadas, como as LTN do Tesouro Direto, também chamadas de Tesouro Pré. Fundos renda fixa tradicionais também se beneficiam.

Juros baixos mantêm a caderneta de poupança competitiva em relação aos fundos de investimento mais conservadores, os fundos DI. Com os juros atuais, de 6,5% ao ano, fundos DI que cobrem mais de 1% ao ano de taxa de admnistração perderão da poupança depois do desconto do imposto de renda, segundo estudo de Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade.

A bolsa também deverá se beneficiar da manutenção dos juros no nível atual, e pode até subir mais caso haja indicação de espaço para queda futura das taxas.

Já as aplicações mais longas em renda fixa, como NTN-B, tendem a sofrer menos impacto do Copom. Esses papéis estão mais sujeitos aos impactos de medidas de longo prazo, como a reforma da Previdência.

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