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Copom mantém juros em 6,5% ao ano, mas admite economia mais fraca

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O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve hoje a taxa de juros básica da economia em 6,5% ao ano. A taxa está nesse nível desde maio de 2018. Foi a oitava reunião do Copom em que a taxa foi mantida.

Na avaliação que acompanha a taxa de juros, o Copom avalia que houve uma piora das expectativas para a economia brasileira, afirmando que “indicadores recentes da atividade econômica sugerem que o arrefecimento observado no final de 2018 teve continuidade no início de 2019”. Mas o texto avalia que há espaço para recuperação. “O cenário do Copom contempla retomada do processo de recuperação gradual da atividade econômica”.

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Mais adiante, o Copom admite a queda na atividade, mas vê outros riscos que impedem uma queda nos juros, especialmente no cenário externo, que registrou uma piora mais recentemente, e na incerteza com a aprovação da reforma da Previdência. “O Comitê avalia que, embora o risco associado à ociosidade dos fatores de produção tenha se elevado na margem (no curto prazo), o balanço de riscos para a inflação mostra-se simétrico”, diz a nova, concluindo pela manutenção da taxa em 6,5%.

Nada é para já

Na nota, os integrantes do Copom reforçam a necessidade do processo de reformas para a manutenção dos juros baixos no longo prazo e diz que uma mudança nos juros deve levar mais tempo para ser adotada. Segundo o texto, é importante observar o comportamento da economia brasileira ao longo do tempo, livre dos efeitos dos diversos choques a que foi submetida no ano passado e, em especial, com a redução do grau de incerteza a que a economia continua exposta. “O Copom considera que esta avaliação demanda tempo e não deverá ser concluída a curto prazo”, diz anota.

A seguir, a íntegra da nota do Copom

“O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 6,50% a.a.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

Indicadores recentes da atividade econômica sugerem que o arrefecimento observado no final de 2018 teve continuidade no início de 2019. O cenário do Copom contempla retomada do processo de recuperação
gradual da atividade econômica;

O cenário externo permanece desafiador. Por um lado, os riscos associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas mostram-se reduzidos no curto e médio prazos. Por outro
lado, os riscos associados a uma desaceleração da economia global permanecem;

O Comitê avalia que diversas medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis apropriados, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária;

As expectativas de inflação para 2019, 2020 e 2021 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,0%, 4,0% e 3,75%, respectivamente; e

No cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom situam-se em torno de 4,1% para 2019 e 3,8% para 2020. Esse cenário supõe trajetória
de juros que encerra 2019 em 6,5% a.a. e se eleva a 7,50% a.a. em 2020. Também supõe trajetória para a taxa de câmbio que termina 2019 em R$/US$ 3,75 e 2020 em R$/US$ 3,80. No cenário com juros constantes a 6,50% a.a. e taxa de câmbio constante a R$/US$ 3,95*,
as projeções situam-se em torno de 4,3% para 2019 e 4,0% para 2020.

O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, (i) o nível de ociosidade elevado pode produzir trajetória prospectiva
abaixo do esperado. Por outro lado, (ii) uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.
O risco (ii) se intensifica no caso de (iii) deterioração do cenário externo para economias emergentes.  O Comitê avalia que, embora o risco associado à ociosidade dos fatores de produção tenha se elevado na margem, o balanço de riscos para a inflação mostra-se
simétrico.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela manutenção da taxa básica de juros em 6,50% a.a. O Comitê
entende que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2019
e, em maior grau, de 2020.

O Copom reitera que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.

O Comitê enfatiza que a continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para a manutenção da inflação baixa no médio e longo prazos, para a queda da
taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia.  O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes.

Na avaliação do Copom, a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente. O Comitê julga importante observar o comportamento da economia brasileira
ao longo do tempo, livre dos efeitos remanescentes dos diversos choques a que foi submetida no ano passado e, em especial, com redução do grau de incerteza a que a economia brasileira continua exposta. O Copom considera que esta avaliação demanda tempo e não
deverá ser concluída a curto prazo. O Comitê ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

O Copom avalia que cautela, serenidade e perseverança nas decisões de política monetária, inclusive diante de cenários voláteis, têm sido úteis na perseguição de seu objetivo precípuo de manter a
trajetória da inflação em direção às metas.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (Presidente), Bruno Serra Fernandes, Carlos Viana de Carvalho, Carolina de Assis Barros, João Manoel Pinho de
Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Sérgio Neves de Souza e Tiago Couto Berriel.

*Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio R$/US$ observada nos cinco dias úteis encerrados na sexta-feira anterior à reunião do Copom.”

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