Amanhã (4), o Comitê de Política Monetária (Copom) divulga o resultado da reunião que teve início hoje. Pela ata do último encontro, o comitê deverá anunciar o aumento em um ponto percentual da taxa básica de juros, a Selic.
Em meio a esse cenário, o Boletim Focus publicado nesta segunda (2) mostrou ainda que o mercado projeta nova aceleração da inflação, com previsão de 7,89% ao fim de 2022. O boletim tem a estimativa da Selic para o fim deste ano em 13,25%, mesmo patamar da semana passada.
Fabio Louzada, economista, analista CNPI e CEO da escola Eu me banco, que capacita e forma profissionais para atuação na área de investimentos, acredita que a reunião não deverá trazer surpresas fora do esperado, pois a alta em um ponto percentual já está precificada no mercado.
"Em relação à próxima reunião é que temos uma incógnita maior. Na última ata, já começava a ser previsto o fim do aperto monetário. E isso vai começar a se reverter por vários fatores. O motivo mais forte, na minha opinião, é uma postura mais hawkish do Banco Central Americano que pode subir os juros em breve em 0,75%. E qualquer alta nos juros americanos impacta as economias do mundo todo, inclusive no Brasil. Não tem como o Brasil decidir pelo fim do aperto monetário se os EUA continuarem subindo forte a taxa de juros. Tudo vai depender muito da próxima ata do FED", explica.
Com a próxima alta de juros no Brasil já prevista e precificada, Ricardo Jorge, sócio e analista de renda fixa da Quantzed, empresa de tecnologia e educação para investidores, acredita que o fim do ciclo de alta de juros está próxima.
"Anteriormente o BC indicou que pretendia terminar o ciclo de alta na reunião de maio e seguiria com a taxa estável a partir de então. No entanto, as recentes surpresas inflacionárias causadas pela alta do petróleo e outras commodities por conta da guerra na Ucrânia e Covid acenderam novas preocupações sobre o tema, inclusive para a meta de inflação de 2023. Com isso, o mais provável é que o comitê indique mais uma alta de menor intensidade para a reunião de junho, terminando o ciclo entre 13% e 13,50% caso o cenário não se deteriore ainda mais".
Para Rob Correa, analista de investimentos CNPI e autor do livro "Guia do Investidor de Sucesso no Longo Prazo", um aumento que eleve a taxa de juros a 12,75% pode não ser suficiente para sufocar os impactos inflacionários no Brasil, ou seja, por mais que a intenção de fechar o ciclo de alta de juros seja propagada pelo Banco Central, uma postura mais agressiva não pode ser descartada para os próximos meses.
"Com os dados referentes a inflação brasileira surpreendendo até mesmo as autoridades monetárias, é turvo definir quando o ciclo da alta de juros será encerrado ou atenuado. Até o fim de 2022, uma Selic a mais de 13,5% não seria uma surpresa para os mercados, especialmente em ano de eleições presidenciais".
Em meio a esse cenário de juros cada vez mais altos, investimentos em renda fixa se tornam cada vez mais interessantes, segundo o economista Fabio Louzada. Enquanto isso, a poupança segue perdendo para a inflação.
"A poupança apanha para a inflação. Quem está com dinheiro na caderneta está perdendo poder de compra. Enquanto isso, os juros estão caminhando para mais de 12%, o que faz da poupança um péssimo negócio", diz Louzada.
Entre os investimentos recomendados, estão os atrelados aos juros em alta. "Com os juros batendo 12,75%, o rendimento já vai para 1% ao mês. Com 100% do CDI, já consegue esse rendimento. LCIs também são ótimas oportunidades, ainda mais porque são isentas do imposto de renda", explica. Já os prefixados não são recomendados no momento.
"Como os juros devem continuar subindo nas próximas reuniões, eu não recomendo comprar agora e sim esperar mais um pouco", complementa o economista.