Por Cristiano Rocha, diretor de crédito e cofundador da BizCapital – As palavras "planejamento financeiro" podem gerar muito desconforto em algumas pessoas, especialmente pequenos empreendedores. Muitos brasileiros têm medo de lidar com tudo que envolve dinheiro e não gostam nem de tocar no assunto – é o que podemos chamar de fobia financeira.
Na Psicologia do Dinheiro, é a insegurança de lidar com as finanças no dia a dia, desde verificar o saldo da conta no banco até abrir a fatura do cartão de crédito. Os sintomas da fobia financeira se assemelham aos de qualquer outro distúrbio: palpitações, respiração ofegante ou sudorese, por exemplo. É um problema de saúde que afeta o físico e o psicológico.
Esse tipo de medo também se estende ao empreendedor brasileiro, o que chamo de "creditofobia", que é a aversão ao ato de pedir empréstimo. O crédito é equivocadamente visto como vilão ou sinônimo de dívida "difícil de controlar", ao invés de ser percebido como uma boa alternativa de investimento para empresas.
Em uma realidade como a que vivemos aqui no Brasil, em que a economia permanece instável e com alta taxa de desemprego, muitas pessoas veem a abertura de negócios próprios como solução para enfrentar a crise.
De acordo com dados do Indicador de Nascimento de Empresas, do Serasa Experian, no primeiro semestre do ano, mais de dois milhões de CNPJs foram criados no país, dos quais 80% são de microempreendedores individuais (MEIs). No total, um novo MEI é criado a cada dois segundos no Brasil.
Para muitos deles, o planejamento financeiro é uma incógnita, enquanto outros sabem que deve ser prioridade, mas não conseguem colocar em prática. Por isso, a hora de colocar as contas no papel pode ser um susto tão grande a ponto de fazer os futuros empreendedores desistirem antes mesmo de começar.
Se, na estruturação inicial do negócio ou na expansão da empresa, por exemplo, a falta de capital for um problema, a busca por crédito pode e deve ser levada em consideração. Neste momento, a falta de informação acaba levando o empreendedor a dois cenários bastante críticos: 1) ou ele literalmente raspa suas economias pessoais, o que o deixa em uma situação absurdamente vulnerável; 2) ou recorre às soluções do mercado financeiro tradicional, com altas taxas, excesso de burocracia, pouco senso de urgência e nenhuma habilidade para "traduzir" a lendária complexidade do "economês". Resultado? Frustração, desânimo e ansiedade: os elementos-chave da creditofobia.
De acordo com um estudo recente realizado pelo Instituto de Pesquisa Locomotiva, falar sobre dinheiro virou um tabu tão grande que chega a causar danos psicológicos. Por se tratar de um assunto polêmico, as opiniões se dividem quando é preciso recorrer ao crédito.
Os respondentes da pesquisa apontaram fraudes, golpes, endividamento e operações online como os principais pontos de atenção. Sequelas emocionais, como a culpa, afetam 39% dos entrevistados, enquanto que 21% afirmam sentir sintomas físicos, como a dificuldade de dormir.
Contudo, com planejamento financeiro adequado e as novas soluções pensadas para o empreendedor, não é mais preciso ter medo dessa relação. Separar as contas pessoais das empresariais, analisar as ofertas de crédito com juros menores e calcular a capacidade de pagamento das parcelas são práticas fundamentais para a saúde financeira do negócio no momento de tomada de crédito. Além disso, outras sete dicas são essenciais para uma empresa crescer de maneira sustentável:
• Conhecer totalmente seu negócio
• Saber onde você quer chegar
• Elaborar um bom planejamento financeiro
• Entender como a economia afeta a sua empresa
• Automatizar tarefas do dia a dia
• Investir em marketing digital
• Ter o capital necessário para expandir
É por essas e tantas outras razões que o brasileiro precisa aprimorar a qualidade de sua educação financeira. Precisamos, cada vez mais, falar do assunto com propriedades comparáveis às que temos ao falar de futebol, música e criatividade.
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