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Criptomoedas: influência de Elon Musk no Bitcoin mostra poder das baleias no mercado

Confira quem são as chamadas baleias e porque você deve tomar cuidado com a movimentação desses gigantes do mercado de moedas digitais

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As “baleias” – como são chamados os donos de grandes quantidades de criptomoedas, como o bitcoin – têm grande influência no mercado de criptoativos. Uma simples declaração de um desses gigantes é capaz de fazer os preços dos ativos explodirem ou derreterem — às vezes, em questão de horas.

O movimento de retirada ou alocação de criptomoedas pelas baleias pode mexer com todo o mercado e colocar em risco também pequenos investidores, que não contam com grande capital investido e podem sofrer grandes perdas no caso de uma queda abrupta ne valor desses ativos. 

Um exemplo disso ocorreu na última quarta-feira (12). Elon Musk, CEO da Tesla Motors, decidiu não permitir mais a venda de automóveis em Bitcoins. O bilionário alegou que o motivo do recuo na venda de carros era o elevado impacto ambiental no processo de “mineração” da criptomoeda.

Um alto volume de energia é usado por supercomputadores para garantir a segurança das operações na blockchain – sistema que permite o funcionamento e transação das moedas digitais. Os mineradores recebem unidades do bitcoin pelo serviço, e o gasto de energia deles tende a ser maior quanto mais alta for a cotação da criptomoeda.

Na última quarta-feira (12), antes de Musk anunciar ao público a decisão, o bitcoin valia US$ 54.501, segundo o CoinMarketCap.

Após o comunicado, a moeda digital sofreu uma queda de 12,14% em um intervalo de pouco mais de duas horas, até valer US$ 47.884.

Por volta das 13h15 desta sexta-feira (14), o Bitcoin estabilizou e valia US$ 51.387, abaixo do patamar em que operava antes de a Tesla anunciar a decisão.

Confira quem são as chamadas baleias e – caso não seja uma delas – porque deve tomar cuidado com a movimentação desses gigantes do mercado de moedas digitais.

Quem são os donos do oceano das criptomoedas?
Hedge Funds, empresas de capital de risco, investidores institucionais – e até mesmo grandes empresas, como a Tesla – são alguns exemplos de baleias. Normalmente, as cifras de capital que esses investidores possuem podem chegar aos bilhões de dólares.

Esses investidores têm o poder de comprar ou vender grandes quantias de criptomoedas de uma só vez, o que gera alta ou baixa repentina nos preços dos ativos. Em questão de horas, um bitcoin – por exemplo – pode passar a valer milhares de dólares a menos ou a mais e quem comprou com o preço em alta pode acordar milionário e almoçar na classe média. 

Como as criptomoedas estão alocadas em um blockchain – tecnologia que registra todas as quantias transferidas, permitindo conferir quem transferiu para quem e qual o valor –, os investidores ficam atentos às grandes quantias de bitcoin que são movimentadas, pois isso pode mexer drasticamente com o valor da moeda.

E isso pode acontecer a qualquer momento. Para se ter ideia, no dia 24 de março, um investidor anônimo sacou 12 mil bitcoins (cerca de R$ 3,62 bilhões) de uma só vez, segundo os dados do Whale Alert. 

É claro que diversos fatores influenciam no valor da moeda diariamente, mas, para se ter uma ideia, no dia 23 de março um bitcoin valia US$ 54,5 mil e no dia 25 passou a ser cotado a US$ 51,3 mil. Ou seja, em pouco mais de 24 horas a moeda perdeu mais de três mil dólares em valor.  

Onde negociam?
As baleias, em sua maioria, costumavam negociar seus ativos nas corretoras de bitcoin. Mas, conforme o tempo passou e o mercado de criptomoedas avançou, muitas começaram a realizar suas transações pelo mercado de balcão (OTC). Isto é, a compra e venda de criptomoedas entre dois investidores por meio de um agente.

A vantagem disso é que há uma maior velocidade nas operações de compra e venda, além de ter preço fixo e maior liquidez.

Como monitorar as baleias
Como já dito, todas as movimentações de criptomoedas são registradas publicamente. Portanto, é possível saber sempre que uma baleia está em “ação”.

Para isso, você pode ficar de olho em endereços de carteira detentores de grandes quantias de bitcoin, por exemplo. Há, também, serviços que monitoram esses grandes investidores e emitem alertas, até mesmo em redes sociais, como o Whale Alert.

Aumentos inexplicáveis nos preços desses ativos também pode ser um indicativo de que alguma baleia entrou no mercado.

Por que tomar cuidado?
Para mexer com o valor das criptomoedas ao seu “gosto”, muitas vezes as baleias utilizam algumas estratégias para manipular o mercado, como o “buy and sell walls” (barreiras de compra e venda, no inglês). 

Essa estratégia consiste em uma baleia fazendo diversas ordens de compra, fazendo parecer que há um aumento na procura por uma criptomoeda, fazendo o preço aumentar. Depois disso, as baleias cancelam as ordens de compra e vendem seus ativos pelo preço que ficou em alta, lucrando em cima disso.

Para o pequeno investidor, que é “peixe pequeno” perto dessas baleias, é importante tomar cuidado. Criptomoedas são ativos de alta volatilidade (o preço pode subir ou descer muito em pouco tempo), o que torna esse investimento de alto risco. Por isso, educadores financeiros não recomendam deixar uma parcela considerável do patrimônio alocado em moedas digitais. 

Embora as criptomoedas estejam na moda e a imprensa sempre destaque as valorizações extraordinárias, o ideal é ter o pé no chão, pensar em longo prazo e diversificar os investimentos, combinando produtos mais conservadores – como a renda fixa –  com outros mais arrojados que ofereçam boa rentabilidade e grau de risco mais acentuado, como ações, crowdfunding ou até mesmo criptomoedas. O importante é ter em mente sempre buscar bons resultados, mas também proteger o que já conquistou.