O Nasdaq Crypto Index (NCI), índice que reúne as principais criptomoedas do mercado, teve rentabilidade positiva de 45,07% no primeiro semestre de 2021 e liderou – com folga – a “corrida dos investimentos” no primeiro semestre de 2021, segundo levantamento da SpaceMoney.
A reportagem analisou os principais índices do mercado financeiro (Ibovespa, Ifix, Nasdaq Crypto Index etc.) de 1º de janeiro até o dia 30 de junho e ouviu especialistas para traçar alguns fatores que contribuíram para suas respectivas performances.
O protagonista da alta do NCI foi o bitcoin, principal criptomoeda do mundo, que tem 65,71% de participação no índice. Até o momento, o ativo digital acumula ganhos de 23,48% no ano. De acordo com analistas, as “criptos” só não subiram mais devido às diversas proibições de mineração de criptomoedas impostas pela China e à influência de Elon Musk, fundador da Tesla.
Aqui dentro de casa, o cenário é mais “ameno”. O Ibovespa, principal índice acionário da B3, a Bolsa de Valores brasileira, valorizou-se 7% neste primeiro semestre. A perspectiva positiva pela retomada econômica foi um dos melhores amigos do índice, fator que ajudou a proporcionar os ganhos.
Na segunda-feira (28), o Boletim Focus mostrou a décima revisão consecutiva para o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Os economistas projetaram que o indicador avance 5,05% neste ano, acima da previsão de 5% realizada na semana passada. No fim de março, a estimativa era de 3,14%.
“Por mais que aqui no Brasil tenhamos tido ruídos políticos, não houve nada de muito concreto que colocasse o governo numa situação muito difícil. No geral, a Bolsa tem refletido a recuperação das empresas”, explica Pedro Serra, gerente de Research da Ativa Investimentos.
Na renda fixa, o panorama é ainda mais modesto. O IMA-geral, índice da Ambima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) formado por todos os títulos que compõem a dívida pública, teve uma alta discreta de 0,19% no ano. O CDI (Certidão de Depósito Interbancário), título de renda fixa privado e utilizado como benchmark desse segmento, por sua vez, acumula ganhos de 0,96% em 2021.
O horizonte, porém, é de que no segundo semestre de 2021 os títulos ligados à renda fixa ganhem mais relevância, com o ciclo de altas da Selic e aumento da inflação, o que deve atrair mais investidores.
“Você já está começando a ver muita movimentação. Investidores tirando de risco para aportar em renda fixa. Fundos de crédito privado, por exemplo, vêm ganhando relevância novamente, o que tende a melhorar com a subida dos juros”, afirma Sérgio Paulo Brito, Chief Commercial Officer da Ipê Investimentos.
“Outro fator é a subida da conta de luz pela Aneel, que vai puxar a inflação para cima e acelerar o processo do Banco Central de subir os juros”, completa.
Movimento contrário
Na contramão desse fluxo, o Ifix (Índice de Fundos Imobiliários) caiu 4,08% desde o começo do ano até o dia 30 de junho. O motivo disso está relacionado à pressão que os imóveis ainda sentem pela pandemia. O empurrão que fez o índice cair da escada foi a reforma tributária apresentada pelo ministro da Economia Paulo Guedes neste mês. Somente em junho, o Ifix recuou 2,25%.
“O propósito inicial [da reforma tributária] indica tributação de imposto de renda para pessoa física, que era isento, até então. Com isso, os fundos imobiliários sofrem uma correção”, diz Serra, da Ativa.
“Você tem diversos fundos cuja composição do portfólio foi muito prejudicada pela pandemia. Só não foi pior porque o setor de logística e galpões performou bem”, explica Sérgio. “Com a vacinação em massa, abertura de fronteiras, hotéis com capacidade máxima, lajes corporativas reduzindo vacância, shoppings reabrindo e funcionando no horário normal, ele tende a melhorar”.