Acaba de sair o relatório “Innovation Survey” 2024, uma publicação anual dedicada a fornecer para o mercado uma análise aprofundada sobre o estado da inovação corporativa no Brasil.
Como panorama geral, o estudo destaca a crescente importância do tema nas empresas brasileiras, com 52% das organizações reconhecendo-a como prioridade estratégica, o que representa um aumento significativo se compararmos aos 39% do ano anterior.
Não à toa. Inovar é questão de sobrevivência. Como disse o CEO da ACE Cortex, empresa que realizou a pesquisa, “ficar parado é retroceder, já que o movimento do mercado é constante e a velocidade de mudanças é cada vez maior”.
Velocidade essa, que impacta o mercado com ciclos de mudança mais curtos, imprevisíveis e caóticos, desafiando padrões estáveis e trazendo incertezas do desempenho presente e futuro dos negócios.
Frente a isto, adaptabilidade, interpretação de cenários, liderança e mobilização e o alinhamento entre visão de curto e longo prazos tornaram-se habilidades vitais para os negócios.
As empresas precisam se adaptar e até se reposicionar constantemente para se manterem relevantes e competitivas.
As lideranças enfrentam o desafio diário de interpretar os sinais de mudanças e mobilizar as equipes e estruturas do negócio, de forma ágil e contínua, sem perder de vista a construção do longo prazo.
A boa notícia é que houve avanços…
O mercado brasileiro, de maneira geral, vem demonstrando um amadurecimento no tema e o estudo nos apresenta algumas evoluções. Destaco três:
1. Alinhamento mais estreito da estratégia de inovação com os objetivos gerais do negócio
As empresas estão adotando um entendimento mais amplo e integrado da inovação.
Não se trata mais apenas de implementar a mais recente tecnologia ou adotar programas de Open Innovation de forma isolada, mas sim de uma transformação do negócio combinada com a transformação cultural na qual a estratégia, cultura organizacional e liderança desempenham papéis fundamentais.
2. Aumento da descentralização das iniciativas de inovação
Outro ponto de destaque é um movimento interessante no que se refere à gestão da inovação.
Atualmente, 50% das iniciativas são geridas pelas áreas de negócios, em contraste com os 19,8% gerenciados pela área de inovação, que se posiciona cada vez mais como guardiã e facilitadora do processo.
É fácil explicar essa migração de protagonismo.
Para as empresas, as principais prioridades do negócio atualmente são o aumento de receita através do portfólio de produtos existentes (35,1%) e a exploração de novas formas de gerar receita (26,4%).
Olhar para o core business reflete, portanto, essa preocupação em otimizar e expandir os modelos de negócio, proporcionando uma base sólida para crescimento futuro.
3. Liderança
A liderança tem um papel crucial na promoção da inovação porque ela não apenas direciona a estratégia da empresa, mas também influencia positivamente a motivação e a produtividade das equipes, criando um ambiente propício para a inovação contínua e o sucesso a longo prazo.
A boa notícia é que o envolvimento da alta liderança em projetos inovadores vem aumentando, principalmente das vice-presidências e diretorias, espaço anteriormente ocupado pelos níveis gerenciais, de projetos e processos.
…mas também existem alguns desafios persistentes:
Dentre os principais desafios, a falta de recursos financeiros para apoiar a inovação apareceu em primeiro lugar, citada por 51% das organizações.
O dado nos traz um alerta ainda maior, já que no ano anterior esta dificuldade nem havia sido mencionada.
Embora o financiamento não seja visto como “o” motor primário da inovação, a sua ausência pode ser um obstáculo significativo.
Projetos podem ser interrompidos por falta de orçamento não previsto na fase inicial do planejamento; a capacitação das lideranças e times, em inovação, pode nem entrar na agenda das ações de desenvolvimento do RH e parcerias para impulsionar projetos colaborativos com startups tornam-se inviáveis. Isso só para citar alguns.
Concluindo, aprimorar constantemente a capacidade de inovação dos colaboradores, desenvolver uma cultura organizacional mais robusta para o tema e avançar nas agendas que ainda representam barreiras significativas para ultrapassar as fases primárias ou intermediárias da inovação devem ser parte essencial da estratégia das empresas que pretendem prosperar e se destacar em um mercado cada vez mais competitivo.
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