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Das compras de Natal ao pagamento de dívidas: veja mudanças no destino do 13º salário

- Rawpixel.com/ Freepik
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Com a crise provocada pela pandemia de Covid-19 motivando demissões ou corte de pagamentos e bagunçando as finanças de boa parte dos brasileiros, muita gente esperou pela chegada do 13º salário para quitar dívidas. A primeira parcela do benefício chegou às mãos da população em 30 de novembro e a segunda deve ser depositada pelos empregadores até o dia 20 de dezembro.

Contudo, pesquisas apontam que, antes mesmo do surgimento do novo coronavírus, o 13º já havia abandonado seu papel original de fomento a compras de Natal ou a viagens de férias para tornar-se um cobertor de dívidas. De acordo com um estudo feito pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), 87% dos brasileiros destinariam o benefício ao pagamento de atrasados em 2019. 

Mudança histórica

“Nos últimos 15 anos o que nós vemos no Brasil é uma queda muito absurda da renda. Temos uma crescente galopante de custos e a nossa cesta básica vem encarecendo, o que impacta cada vez mais na receita do brasileiro”, afirma Leandro Silva, coordenador dos cursos de gestão e ensino à distância do Centro Universitário Newton Paiva.

Os dados históricos suportam a afirmação de Paiva: em 2005, o número de pessoas que utilizaria o benefício para cobrir dívidas era de 58%, segundo outra pesquisa da Anefac. “O custo de vida do brasileiro cresce e o salário não o acompanha na mesma proporção. Portanto, para mantermos um padrão de vida mínimo acabamos entrando no endividamento”, comenta ele. 

Ainda segundo o estudo da Associação feito no ano passado, o cheque especial e o cartão de crédito dominam 94% das dívidas que serão pagas com o abono de Natal. “Poucas pessoas usam esse dinheiro para fazer uma festa melhor, comprar presentes ou até construir uma gordura de capital para janeiro, que é um mês repleto de compromissos financeiros”, indica Paiva.

Apenas 5% dos entrevistados utilizariam o dinheiro para compra de presentes e outros 2% para as despesas do início de ano, como o IPVA, IPTU, matrículas e materiais escolares.

Como otimizar seu 13º

Para aqueles que chegaram em dezembro com dívidas menores ou conseguiram manter suas finanças no “verde”, Paiva aponta que um planejamento financeiro é essencial para aproveitar ao máximo possível o abono salarial.

E engana-se quem pensa que são precisos muitos passos ou materiais para organizar-se financeiramente. “Basta listar, seja numa planilha de Excel, em um smartphone ou até mesmo no papel, todos os seus gastos passados que estão em aberto, gastos futuros e a receita com o 13º para determinar de fato como esse dinheiro ajudará a sua família”, ensina ele.

O coordenador finaliza dizendo que, para aqueles que podem, é importante aplicar o recurso extra em uma reserva financeira capaz de garantir um pouco mais de tranquilidade aos brasileiros em um futuro próximo: “É nesse momento que as famílias devem estudar como diminuir seus gastos e se prepararem para 2021, que será um ano cheio de incertezas econômicas”.