Agenda Econômica

Ata do Copom, IPCA-15, balanços da JBS (JBSS3) e mais: veja os 5 principais assuntos desta semana

Agenda de indicadores surge recheada, enquanto a temporada de resultados das empresas segue a todo vapor

- REUTERS/Amanda Perobelli
- REUTERS/Amanda Perobelli

Por Noreen Burke e Leandro Manzoni, da Investing.com — Com o aumento dos juros há muito aguardado do Federal Reserve fora do caminho, os investidores estarão atentos para se as ações irão manter uma recuperação sustentada, ou mais turbulência está à espera.

A guerra na Ucrânia permanecerá em foco, com os mercados continuando a acompanhar as manchetes. Os mercados de petróleo estão mais calmos, mas as preocupações com a escassez do abastecimento permanecem em primeiro plano.

O calendário econômico está leve, mas haverá duas aparições do presidente do Fed, Jerome Powell, ao longo da semana, enquanto a zona do euro e o Reino Unido divulgarão dados de PMI.

A agenda de indicadores é mais importante no Brasil essa semana: ata do Copom, Relatório Trimestral de Inflação e IPCA-15 de março.

No lado corporativo, a temporada de balanços do 4º trimestre de 2021 com nomes de peso.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana:

1. As ações dos EUA vão sustentar a alta?

As ações dos EUA avançaram na semana passada, depois que o Federal Reserve entregou seu primeiro aumento dos juros desde 2018 junto com uma avaliação animadora da economia dos EUA.

Os três principais índices de Wall Street conseguiram seus maiores ganhos percentuais semanais desde o início de novembro de 2020, com o Dow subindo 5,5%, o S&P 500 somando 6,2% e o Nasdaq avançando 8,2%.

Mas os investidores agora precisam encarar a questão de saber se o Fed será capaz de combater a inflação crescente sem jogar a economia para uma recessão.

Na última semana, o JPMorgan previu que o S&P 500 terminaria o ano em 4.900 pontos, cerca de 10% acima do fechamento de sexta-feira, dizendo que os mercados "já superaram a tão antecipada decolagem do Fed com uma política que provavelmente não será mais agressiva que isto".

Entretanto, as preocupações com uma inflação que se mantém teimosamente elevada, os preços das commodities nas alturas e poucos sinais de um fim na guerra da Ucrânia continuam a deixar as perspectivas turvas para os investidores.

2. Ata do Copom e dados de inflação no Brasil

Após subir a taxa Selic em 100 pontos-base na última quarta-feira (16), de 10,75% para 11,75%, o Banco Central divulga a última ata da reunião de política monetária do Copom. Os investidores vão buscar sinalizações em relação ao fim do atual ciclo de aperto monetário iniciado em março de 2021, quando a taxa básica de juros estava na mínima histórica em 2% ao ano.

O Copom já sinalizou outro aumento de igual magnitude para a próxima reunião em 4 de maio, levando a taxa Selic para 12,75%, e não deve parar por aí. Por isso, é provável que o Boletim Focus deva atualizar, nesta segunda-feira (21), a projeção da taxa Selic para o fim de 2022. Na última edição da pesquisa do BC com analistas do mercado na última segunda-feira (14), a expectativa era que a taxa básica de juros ficasse em 12,75% para o fim desse ano, o que não deve acontecer.

A semana será também de dados de inflação no Brasil. Na quinta-feira (24), o Banco Central atualiza o Relatório Trimestral de Inflação, com novas análises e projeções de inflação na economia brasileira. No dia seguinte, será conhecida o IPCA-15 de março, a prévia da inflação no mês. A expectativa é de uma desaceleração de 0,99% para 0,88% na base mensal e de 10,76% para 10,66% na anual. Porém, surpresas não estão descartadas, como ocorreram nos últimos dados de inflação: o IPCA de fevereiro veio acima do esperado de 0,95%, chegando a 1,01% na base mensal, enquanto no anual superou a projeção de 10,5% para 10,54%.

No lado corporativo, destaque com a divulgação dos resultados de 2021 da JBS (SA:JBSS3), Vibra Energia, Locaweb (SA:LWSA3), Sabesp (SA:SBSP3), Cogna (SA:COGN3) e mais.

3. Guerra da Ucrânia

Os observadores do mercado continuarão a monitorar o curso da guerra na Ucrânia e as manchetes poderão continuar causando turbulências nos mercados na próxima semana. Os esforços de diplomacia estão em andamento, apesar da continuação dos ataques russos sobre cidades ucranianas.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai participar de uma reunião da Otan na quarta-feira, além de uma cúpula da União Europeia (UE) no meio da semana em Bruxelas, com o objetivo de consolidar a coesão renovada com os aliados europeus.

O Ocidente está arriscando rixas com a China e a Índia, que não condenaram a invasão russa da Ucrânia.

Na sexta-feira, Biden avisou seu colega chinês, Xi Jinping, das "consequências" se Pequim desse apoio material à invasão da Ucrânia pela Rússia.

A China não condenou as ações da Rússia, embora tenha manifestado preocupação com a guerra.

O vice-Ministro das Relações Exteriores da China, Le Yucheng, disse no sábado que as sanções ocidentais contra a Rússia eram "escandalosas".

4. Falas do Fed e PMIs da zona do euro e do Reino Unido

Na segunda-feira, o presidente da Fed, Jerome Powell, deve falar sobre as perspectivas econômicas na conferência anual da National Association for Business Economics, menos de uma semana depois de o Fed ter iniciado o que se espera ser um ciclo de aperto agressivo da política monetária.

Na quarta-feira, Powell vai participar numa painel de debate virtual de uma cúpula organizada pelo Banco de Compensações Internacionais.

Vários outros dirigentes do Fed também devem fazer discursos durante a semana, incluindo o presidente do Fed de Nova York, John Williams, a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, o governador do Fed, Christopher Waller, e o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans.

O calendário econômico dos EUA está relativamente leve e inclui relatórios sobre pedidos de bens duráveis, pedidos iniciais por seguro-desemprego, vendas de imóveis residenciais novos e pendentes, além de dados de de serviços e manufatura.

A zona do euro e o Reino Unido vão divulgar os dados do PMI para março, que serão uma espécie de prova dos impactos da guerra na Ucrânia.

No geral, os PMIs têm se mantido acima da marca de 50, que divide a contração da expansão. Mas depois de o índice ZEW ter apresentado um recuo recorde no moral dos investidores alemães em março, não se pode descartar uma recessão na maior economia da zona do euro.

Os mercados deram de ombros para a queda do índice ZEW, se concentrando nos esforços dos bancos centrais para conter a inflação.

Mas à medida que os custos energéticos sobem e espremem os gastos das famílias, uma série de dados PMIs em queda pode disparar alarmes.

5. Preços do petróleo

Os preços do petróleo registraram na semana passada uma segunda queda semanal consecutiva, tanto Brent como WTI terminando a semana em baixa de cerca de 4%.

Os preços do petróleo estão numa montanha-russa, tendo atingindo os níveis mais altos em 14 anos duas semanas atrás, impulsionados pela crise na oferta de comerciantes que evitam barris russos, além de reduzir das reservas de petróleo minguantes.

Mas, os preços foram pressionados pelos temores quanto à demanda após um aumento nos casos de coronavírus na China, enquanto a hesitação nas negociações nucleares com o Irã tem sido um coringa no mercado.

A Agência Internacional de Energia disse que os mercados de petróleo poderiam perder 3 milhões de bpd em petróleo russo a partir de abril. Essa perda seria muito maior que a queda esperada na demanda resultante dos preços dos combustíveis mais altos, disse a IEA.

A crise da Ucrânia agravou a questão da capacidade limitada de produção. O mundo deve registrar um déficit de oferta de 700.000 bpd no segundo trimestre, afirmou a AIE.