Desde o início de setembro, uma mancha de petróleo bruto tomou conta do noticiário nacional. Oito dos nove estados da região Nordeste do país (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) estão tomadas pelo óleo. Uma área correspondente a dois mil quilômetros da costa brasileira. Além de ser um desastre para a natureza, também podem gerar grandes impactos econômicos.
Segundo relatório da Petrobras, que comparou o óleo derramado com amostras de centenas de campos de extração pelo mundo, o produto tem como origem a Venezuela. Segundo informações da marinha, o tipo de óleo encontrado não é comprado por nenhum país no mundo, o que reforça a hipótese de ter sido vazado por uma embarcação pirata.
O impacto na economia local é enorme, já que a região é um dos principais destinos turísticos do país e uma área de pesca. Mas como a contaminação está em curso, ainda não é possível estimar a extensão dos prejuízos.
No entanto, olhando para outros casos ocorridos no passado, pode-se ter uma ideia do tamanho da conta que pode chegar, aos poucos, aos bolsos do poder público e das pessoas afetadas.
A seguir, a SpaceMoney resume os impactos econômicos de quatro desastres ambientais, no Brasil e no exterior.
1 – Mariana
O rompimento de uma barragem da empresa Samarco, ocorrido em novembro de 2015, prejudicou a economia da região de Mariana, em Minas Gerais. Os rejeitos de mineração, contendo metais pesados, como cromo, chumbo e arsênio, se acumularam nos rios e provocaram a morte de peixes e outros animais. Tudo isso ainda comprometeu a geração de renda de pescadores, por exemplo.
Portanto, em apenas vinte dias, o Ibama contabilizou mais de três toneladas de peixes mortos ao longo do Rio Doce, no Espírito Santo. As praias do estado também foram afetadas, comprometendo a sua visitação. Sem o turismo e a pesca, o PIB capixaba teve queda de 1,1% naquele ano, segundo estudo do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
Por sua vez, a Vale, controladora da Samarco, perdeu R$ 14,5 bilhões em valor de mercado nos 19 dias seguintes ao rompimento da barragem, segundo a Economatica, plataforma de análise de dados econômicos. Mas, somado a isso, na mesma época, a companhia teve de pagar R$ 1 bilhão pelos danos ambientais.
2 – Bacia do Rio Iguaçu (PR)
Em 16 de julho de 2000, na Bacia do Rio Iguaçu, quatro milhões de litros de petróleo cru vazaram de uma instalação da Oleoduto Santa Catarina – Paraná (Ospar), gerida pela Petrobras Transportes S.A. (Transpetro). O episódio é considerado o maior desastre ambiental do Paraná e o pior da história da Petrobras.
Apesar de estar envolvida nessa tragédia, a Petrobras só foi penalizada financeiramente 13 anos depois, quando foi condenada a pagar R$ 1,4 bilhão em multa.
3 – Brumadinho
Já em janeiro de 2019, outra barragem da mineradora Vale se rompeu, desta vez em Brumadinho (MG). Foram despejados 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos nessa pequena cidade de pouco mais de 36 mil habitantes.
Os rejeitos de minerais prejudicaram muito a economia local, devastando casas e instalações turísticas. Sendo assim, dos R$ 36 milhões que o município de Brumadinho recebe referente aos royalties da mineração, R$ 21 milhões (ou 60%) vem da mina da barragem.
4 – Golfo do México
Em abril de 2010, a plataforma Deepwater Horizon, da British Petroleum (BP), explodiu no golfo do México, jogando no mar 750 milhões de litros de petróleo. Estima-se que o dano ambiental tenha sido de cerca de US$ 17,2 bilhões. Sem contar os demais impactos econômicos.
As imagens do caso lembram o desastre ocorrido há poucos dias no nordeste. Pássaros e peixes cobertos de óleo e uma área afetada de cerca de 180 mil quilômetros quadrados, afetando a atividade pesqueira em quatro estados dos EUA. Mas, os prejuízos para a economia estadunidense chegaram a US$ 1,6 bilhão.
Em 2015, o Departamento de Justiça americano anunciou um acordo com a BP, no valor de US$ 20,8 bilhões, pela sua responsabilidade no desastre.
Na época da tragédia, as ações da BP tiveram uma desvalorização de 40% (ou US$ 73 bilhões). Então, com a multa e o custo de limpeza estipulados em US$ 65 bilhões, sendo pagos gradativamente, com dados de 2018, a empresa se aproximou da falência. Atualmente, a companhia busca se renovar por meio de investimentos em energia renovável.