Hoje, 1º de abril, é dia da mentira, mas é um ótimo momento para entender o que é mito e o que é verídico dentro do mercado financeiro. Com pouco menos de 2,5 milhões de pessoas na bolsa de valores, dentre 200 milhões de habitantes no país, não é de se estranhar que tantas ideias infundadas rondem o imaginário dos investimentos no Brasil.
Para você saber de uma vez por todas o que é fato e o que é balela, preparamos essa SpaceDica.
1. Para investir, é necessário entender tudo de economia
Muita gente passa longe das notícias financeiras simplesmente por não entendê-las: com tanto vocabulário técnico, a impressão é de que não dá para investir simplesmente porque esse mundo é muito complexo.
“Se fosse assim, só economistas poderiam investir”, rebate Marco Aurélio Harbich Sampaio, head de produtos e wealth management da Terra Investimentos. “Hoje em dia temos uma gama de informações e facilidade para obtê-las, com a internet”.
Além disso, sempre é possível confiar em profissionais qualificados para lidar com o seu patrimônio. Para escolher os ideais, é importante observar o histórico da casa, bem como qualidade de seu time, explica Gustavo Aranha, sócio e diretor de distribuição da gestora de investimentos GEO Capital.
“A rentabilidade dos fundos geralmente funciona como ímã, mas é necessário prestar atenção em outros aspectos além do retorno a curto prazo”, alerta.
2. Renda variável traz muitos riscos
Ok, é fato que investir em renda variável traz mais riscos do que manter o dinheiro na renda fixa. Mas será que são tantos assim? E que eles não valem a pena em determinados contextos?
Guilherme Carter, gerente de vendas da Comdinheiro, diz que, antes, com a Selic chegando a 14%, a renda fixa fazia bastante sentido, por entregar rentabilidade e segurança ao mesmo tempo. Mas o cenário mudou.
“O Brasil, assim como o resto do mundo, está com taxas básicas de juros muito baixas”, explica o especialista. “Mesmo o conservador pode ter um pouco de bolsa, de acordo com a análise do panorama”.
3. Apenas ricos conseguem investir
“Investimento é uma coisa para todo mundo”, afirma Thomaz Fortes, gestor de fundos da Warren Corretora. “No Brasil, estamos vendo a abertura do mercado para várias empresas de tecnologia que oferecem produtos a preços acessíveis”.
Uma possibilidade é comprar fracionadamente, usando o dinheiro disponível no mês e aumentando o portfólio aos poucos. Além de ações baratas de boas empresas, há a opção de títulos do Tesouro Direto, por exemplo, a partir de R$ 30.
4. A poupança é um investimento sem riscos
A aplicação mais popular entre os brasileiros, como todos os investimentos, apresenta riscos sim. A caderneta de poupança é protegida pelo Fundo Garantidor de Crédito, ou seja, em caso de falência da instituição financeira, o cliente receberá até R$ 250 mil.
“Assim, se você tiver mais que esse valor em sua poupança, perderá o resto”, comenta Marco Aurélio Harbich. Além disso, o especialista diz que a aplicação também traz riscos de mercado, nem sempre atualizando o dinheiro investido conforme a inflação.
“Como o rendimento é 70% da taxa Selic, isso significa 2,63% ao ano”, explica. “A inflação está mais alta que isso, isto é, você está perdendo poder de compra”.
5. Investir em imóveis é sempre seguro
Muitas vezes, o que gera essa impressão é a falta de informação. “Ao contrário do que acontece com as ações, não sabemos o preço atualizado, todos os dias, de um imóvel”, aponta Gustavo Aranha. “Isso dá uma falsa sensação de segurança, de que aquele valor não está mudando”.
Além disso, quem faz esse investimento está sujeito não só às especificidades do imóvel, mas aos ciclos do mercado — e agora estamos passando por um mais difícil, explica Thomaz Fortes. “E há outros custos para quem compra para vender, como a taxa de corretagem, a papelada em cartório, por exemplo”, adiciona.
6. Não dá para ganhar dinheiro com a bolsa em queda
Quando o Ibovespa entra no vermelho, como aconteceu há pouco com a crise do coronavírus, uma parte é ocasionada pelo efeito manada: vendo os preços de suas ações caírem, os investidores querem se livrar delas.
Mas nem tudo é prejuízo no momento de queda da bolsa. Isso porque é possível efetuar transações no mercado financeiro que não são possíveis na “vida real”, como o short selling ou venda a descoberto, revela Guilherme Carter.
“Eu posso vender um ativo que não possuo, que peguei emprestado”, explica o especialista. “Na expectativa de uma queda no preço, eu o vendo e lucro com a diferença entre o preço de venda e compra”.
7. Vale a pena correr para comprar ações em IPO
É fácil se deixar levar pelo hype da empresa da moda, que está fazendo o sua Oferta Inicial de Ações (IPO, na sigla em inglês). Quando uma companhia está entrando na bolsa de valores, o preço pode ser atrativo e os investidores podem experimentar a alta em prazos menores.
“Não tem regra para saber o que fazer nesses momentos”, diz Gustavo Aranha, da GEO Capital. “Mas é importante analisar o motivo pelo qual o IPO está sendo feito”.
Algumas optam por entrar na lista da B3 para levantar dinheiro para um projeto promissor e continuar crescendo. Já outras podem recorrer ao IPO para pagar uma dívida ou porque seu fundador está saindo. “Avaliar a qualidade da empresa e sua gestão tem que vir em primeiro lugar”, completa Gustavo.