Em relatório sobre o setor de logística, BTG Pactual espera que a indústria automobilística seja a mais afetada pela Covid-19, com a paralisação de fábricas e sem perspectiva de retorno durante o isolamento social. Já o comércio eletrônico deve se fortalecer, já que empresas e consumidores foram forçadas a se “digitalizar”. Além disso, empresas menores sofrerão para sobreviver à crise, enquanto o banco reforça recomendação para Tegma e Grupo JSL.
Setor automotivo e de e-commerce
Em resumo, o segmento deve encolher mais de 20% no ano, e entre 60% e 70% em comparação ao ano passado. “Até mesmo empresas de aluguel de carros optaram por parar de comprar veículos novos para economizar dinheiro” durante a pandemia. O segundo trimestre será especialmente difícil na venda de veículos leves, ônibus e caminhões, apesar de possível recuperação no futuro.
Enquanto o setor automotivo sofre, o e-commerce toma conta durante a pandemia, com a mudança forçada de comportamento dos consumidores por causa do isolamento social. O varejo físico perde espaço para vendas online, diz BTG.
“A pandemia acelerou a mudança para o varejo on-line e esperamos que, do ponto de vista logístico, o comércio eletrônico irá emergir da crise mais forte do que nunca”, diz relatório. Em março, o setor cresceu 17% na comparação anual.
Tendências e considerações
Digitalização é a maior tendência do setor durante a pandemia do novo coronavírus. Com o isolamento social, muitas empresas foram forçados a adaptar suas plataformas para dispositivos online, com a intenção de se beneficiar da onda de comércio eletrônico.
Para o banco, o momento fortalecerá as duas maiores companhias de logística, Tegma e JSL, já que empresas menores e familiares estão lutando para sobreviver ao contexto. O BTG se refere ao setor como “fragmentado” e espera “consolidação”, ou seja, as já duas maiores empresas cobrindo ainda mais espaço.
Empresas de capital aberto no setor – BTG revê avaliação
O banco mantém a recomendação de compra da Tegma, empresa líder na logística de veículos zero-quilômetro, mesmo com o horizonte pouco otimista para o setor de veículos. Mas o BTG enxerga ações baratas e potencial do mercado de veículos usados, além de “liquidez sólida” desde o ano passado no caixa da empresa.
Ao mesmo tempo, há apreensão porque a Tegma é investigada na Operação Pacto, da Polícia Federal, e o alvo foi reduzido de R$ 34/ação para R$ 23/ação.
Para o grupo JSL, outro gigante do setor de logística, especialistas do BTG possuem uma “visão construtiva”, com alvo atualizado para R$ 23/ação. Os pontos positivos são a diversificação de receita e bons contratos; modelo de negócios eficiente; ativos “muito líquidos”. Por outro lado, é provável que os negócios de aluguel de carros devem enfrentar desafios no futuro.
Ao longo do relatório, o que é reiterado é o preço baixo das ações, que favorece a compra.