Nesta sexta-feira (1º), o diretor de política econômica do Banco Central, Diogo Guillen, abordou expectativas de inflação no Brasil e a interligação entre o panorama global de taxas de juros e a definição da política monetária pelo BC.
Durante um evento organizado pelo Barclays, Guillen ressaltou que as expectativas permanecem acima da meta estabelecida, enfatizando a ausência de uma relação direta entre o ambiente de juros global e as decisões de política monetária do Banco Central.
Guillen observou, então, que as taxas de juros estão atingindo patamares elevados em diversos países, mas expressou a expectativa de um ciclo de cortes ao longo do final de 2023 e para 2024.
"Há um debate em torno da alta das taxas de juros de dez anos nos Estados Unidos, relacionada ao panorama fiscal de curto prazo ou à possível mudança na taxa neutra. Se essa taxa neutra americana sofreu alterações, isso terá um impacto mais significativo nas condições financeiras", colocou Guillen.
O diretor destacou que a indicação do Comitê de Política Monetária (Copom) de fazer o necessário para direcionar a inflação à meta é o aspecto mais crucial delineado na ata da reunião.
Quando o Banco Central iniciou seu ciclo de afrouxamento, Guillen apontou que houve grande atenção ao ritmo de cortes da taxa Selic. Ele afirmou que a instituição deixou claro seu plano de adotar cortes de 50 pontos-base para as próximas reuniões, enfatizando que havia uma barreira significativa para acelerar o ritmo de afrouxamento.
Sobre projeções específicas para a Selic no fim do ciclo de queda de juros, o diretor se recusou a fornecer números precisos, salientando a perspectiva do Copom de que o patamar final da política monetária é influenciado por dados e é contracionista, dado que as expectativas de inflação persistem acima da meta.
"Embora muitos não deem a devida atenção, considero que a frase mais importante da ata do Copom é que o ciclo será o necessário para direcionar a inflação de volta à meta", concluiu Guillen.
Além disso, Guillen mencionou um debate global sobre a velocidade da desinflação dos núcleos inflacionários e sua correlação com políticas contracíclicas.
Ele destacou que grande parte dos países ainda possui expectativas de inflação acima de suas metas, embora tenham diminuído nos últimos meses – nos Estados Unidos, por exemplo, Guillen apontou que houve um pico na inflação dos núcleos, e apesar de ter recuado, ainda não está alinhada com a meta de inflação estipulada.