Finalmente, a última fase de implementação do Open Banking foi iniciada no Brasil, dando início à evolução para o Open Finance, modelo que permite que os usuários possam compartilhar dados de diversas fontes vinculadas não somente às instituições bancárias.
O lançamento da última fase, que quebra as barreiras dos serviços e produtos bancários e engloba as áreas de seguros, previdência complementar, câmbio e investimento, permite o compartilhamento de dados muito além da poupança, conta corrente e cartão de crédito.
Mas, claro, tudo dependerá do consentimento dos usuários para os serviços oferecidos. É por isso que o próximo desafio será incentivar que todo o ecossistema financeiro se concentre em promover novos modelos de negócio e assim tornar realidade todos esses benefícios para a população. O objetivo será fazer com que os clientes compartilhem seus dados de diferentes fontes em prol dele mesmo.
Quando falamos de compartilhamento de dados, estamos falando da capacidade das empresas de agregar dados para gerar informações úteis. Hoje, a informação é o novo petróleo e é com ele que as instituições irão gerar transações e receitas.
Sabemos que o sistema de Open Finance está ganhando força, pois mais de um milhão de consentimentos já foram realizados para o compartilhamento de dados pessoais ou transacionais, demonstrando um crescimento exponencial na confiança do consumidor junto ao Open Banking.
Ao focar nos usuários e oferecer um ambiente regulado e seguro, haverá propostas personalizadas para o consumidor, o qual poderá optar pela portabilidade e movimentar-se entre os bancos. Além disso, as necessidades reais dos consumidores serão refletidas nos novos modelos de negócio e nos novos produtos que surgirão a partir dessa nova tendência.
Agenda agressiva
Com todas essas fontes de informação, as instituições financeiras serão muito beneficiadas, pois poderão avaliar com muito mais precisão quais são as melhores opções junto ao seu cliente, por exemplo, considerando as taxas e rentabilidade para investimentos, e também conseguindo definir um perfil mais apurado quanto ao risco.
Algo realmente importante a destacar é o trabalho do Banco Central, que definiu uma agenda agressiva e escalonada das fases do Open Finance, tudo isso pensando na maturidade das empresas para se adequarem às regras que estão sendo definidas, com o foco em criar um ecossistema seguro para o cliente final. Durante esse período, deverá haver também uma mudança cultural da população, no sentido de adquirir conhecimento sobre como funciona o processo de compartilhamento de dados, para evitar cair em golpes.
Sem dúvida, o espaço se abre para a competitividade. Veremos em 2022 um ambiente financeiro aberto se desenvolvendo rapidamente, no qual o serviço, a oferta, os produtos, a inovação, a agilidade e a tecnologia farão a diferença. Dessa forma, as fintechs terão todas as ferramentas para poder competir ombro a ombro com bancos e instituições financeiras.
Vale ressaltar que o maior beneficiado será o consumidor final, que, via de regra, hoje não é bem atendido pelo mercado financeiro, e muitas vezes opta por não utilizar os serviços devido aos preços elevados ou por falta de acesso a eles. De agora em diante, o consumidor terá um leque de opções inteligentes a seu dispor.
O novo cenário no Brasil permitirá a inclusão de mais cidadãos no sistema financeiro e a oferta de serviços será cada vez maior e mais inclusiva. Quando o cliente tiver fácil acesso a um serviço financeiro adaptado ao ambiente em que vive, a adoção aos produtos e serviços será enorme e viveremos em um país de grandes possibilidades.
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