PIB Banco Central

Economia brasileira não crescerá em 2020, diz relatório do Banco Central

Com o impacto do novo coronavírus na economia, o Banco Central (BC) revisou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, de 2,2% para estabilidade. A informação está no Relatório de Inflação, divulgado trimestralmente pelo BC.

“A alteração da projeção está associada, principalmente, a impactos econômicos expressivos decorrentes da pandemia de covid-19. Adicionalmente, resultados abaixo do esperado em indicadores econômicos no fim de 2019 e início de 2020 afetaram a expectativa de desempenho da atividade no primeiro trimestre. Em termos de trajetória, a projeção para o PIB anual considera recuo acentuado do PIB no segundo trimestre, seguido de retorno relevante nos últimos dois trimestres do ano”, diz o relatório.

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O crescimento esperado para a agropecuária foi mantido em 2,9%, “refletindo melhora nos prognósticos para a safra de grãos, compensada por redução moderada na estimativa de crescimento da pecuária, em razão dos impactos da pandemia sobre a demanda interna e externa por proteínas.”

A estimativa para a variação do setor industrial foi reduzida de crescimento de 2,9% para queda de 0,5%, “com perspectiva de menor crescimento em todas as atividades em função dos efeitos do surto de covid-19”. “A projeção para o desempenho da indústria de transformação passou de variação de 2,1% para -1,3%, motivada pela previsão de queda na demanda final, principalmente por bens de consumo duráveis e de capital, além da possível redução na oferta resultante das medidas de restrição de locomoção e da escassez de insumos importados em alguns segmentos”, prevê o BC.

Segundo o BC, a previsão de crescimento para a indústria extrativa recuou de 7,5% para 2,4%, ante expectativa de menor demanda por minério de ferro e petróleo, em cenário de desaceleração mundial. A construção deve apresentar retração de 0,5%, comparativamente à projeção de crescimento de 3% em dezembro, em meio ao comportamento de maior cautela das famílias e dos empresários do setor.

Para o setor de comércio e serviços, a expectativa é de estabilidade, ante elevação de 1,7% projetada em dezembro. “Destacam-se as revisões em setores mais afetados por medidas de restrição de mobilidade: a projeção para o comércio recuou de 2,6% para -0,7%, a de transporte, armazenagem e correio, de 1,9% para -1,2%, e a de outros serviços, que engloba atividades como alojamento, alimentação fora de casa e atividades artísticas, de 2,2% para -1,1%”.

De acordo com o BC, segmentos como administração pública e aluguéis, com significativa representação no setor terciário, tendem a ser impactados em magnitudes relativamente menores.

Consumo

A projeção de crescimento do consumo das famílias recuou de 2,3% para 0,8%, “repercutindo impactos esperados da pandemia sobre o comportamento dos consumidores – maior cautela das famílias em relação aos gastos –, sobre a evolução da massa de rendimentos do trabalho, além dos efeitos decorrentes das medidas de distanciamento social e de restrições à mobilidade”.

A projeção para o consumo do governo permaneceu praticamente inalterada, ao passar de 0,3% para 0,2%. “Apesar da estimativa de redução de receitas, o governo tende a preservar gastos essenciais em momento de crise”, diz o BC.

Investimentos

A previsão para o desempenho anual da formação bruta de capital fixo (FBCF – investimentos) recuou de 4,1% para -1,1%. “O ambiente de maior incerteza e a expectativa de recuo acentuado da atividade econômica devem ocasionar postergação de decisões de investimentos”, destaca o BC.