Com peso do cenário macroeconômico

Empresas que fizeram IPO recentemente buscam fusões para compensar queda nas ações

Das 45 empresas que abriram capital ano passado, 36 operam em baixa, segundo o levantamento do Valor Econômico

IPO - Shutterstock
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Investing.com – O desempenho das ações que realizaram IPO em 2021 não é bom. Das 45 empresas que abriram capital ano passado, 36 operam em baixa, segundo o levantamento do Valor Econômico. O jornal informa que pelo menos 14 dessas companhias iniciaram conversas com assessores financeiros para buscar aporte privado ou para fazer fusões e aquisições, neste caso inclusive com rivais.

A opção de uma oferta subsquente de ações, ou seja, de venda de papéis detidas por controladores, está fora de cogitação devido a condições de mercado e baixa cotação no mercado.

A maioria dessas empresas estão ligadas aos setores de tecnologia e educação, porém o principal desafio que elas enfrentam nas negociações é a precificação dos ativos.

Um exemplo trazido pelo Valor sobre esse movimento é as conversas entre a Cruzeiro do Sul (SA:CSED3) e o grupo Moura Lacerda, de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

A empresa de capital aberto, que levantou R$ 1,2 bilhão na bolsa em fevereiro em 2021, queria adquirir o controle do grupo paulista, mas as negociações não avançaram e em março, a Cruzeiro do Sul confirmou a desistência do acordo por meio de fato relevante.

Já no segmento de tecnologia, a Infracommerce (SA:IFCM3) estaria buscando grandes fundos de private equity para financiar o seu caixa. O Valor também afirma que a empresa não descarta a possibilidade de emitir dívida para levantar recursos e depois converter esse financiamento em ações no futuro.

Em entrevista para o Investing.como vice-presidente de Relações com Investidores da Infracommerce, Fabio Bortolotti, disse que o objetivo da empresa em 2022 é reforçar caixa, mas não por emissão de debêntures, mas sim por linhas bancárias.

"Acho que a empresa está indo muito bem a despeito do cenário macro. Está super em linha com o que a gente tinha orçado e, quando passar essa questão de curto prazo, vamos ter que levantar algumas linhas bancárias. Isso vai dar uma despesa financeira, com essa taxa de juros um pouco acima do que a gente esperava”, destaca.

Daniel Wainstein, sócio-presidente da Seneca Evercore, disse ao Valor que esse movimento se assemelha ao acontecido entre 2006 e 2007, quando também houve um aumento no número de empresas listadas na bolsa. 

O especialista afirma que muitas das companhias que buscaram abrir capital não tinham uma história diferenciada nem tamanho suficiente para ter seus papéis listados.

Sobre a dificuldade atual em precificar ativos nas negociações, Fábio Medeiros, responsável pela área de banco de investimentos do banco Morgan Stanley (NYSE:MS), afirma que o cenário econômico desfavorece a definição de valor.

“Precificar ativos fica mais difícil em um ambiente no qual o câmbio oscila de R$ 5,70 a R$ 4,60 e a taxa Selic sai de 2,0% para 12,75% em questão de meses e os preços das ações de companhias oscilam 10% ou 15% em um único dia”, afirma o executivo.

Quem já foi vendido

A Mosaico (SA:MOSI3), que abriu capital no começo de 2021, foi vendido ao Banco Pan (SA:BPAN4) ainda em outubro do ano passado.

A Focus Energia (SA:POWE3) foi vendida dois meses depois para a Eneva (SA:ENEV3), enquanto a XP (SA:XPBR31) (NASDAQ:XP) comprou o Banco Modal (SA:MODL11), que realizou a abertura de capital em abril de 2021, em janeiro.