Deflação

Entenda o que é deflação e como ela afeta a sua vida

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Quando falamos em inflação, é provável que você lembre da década de 1990, quando os preços aumentavam radicalmente do dia para a noite no Brasil. Uma loucura, né? Mas o contrário, a diminuição de preços, a chamada deflação, também pode ser um problema para a economia de um país 一 e para o seu bolso. 

Ué, mas preços mais baixos não são uma notícia positiva para as famílias? Nem sempre, como explica Cristiane Quartaroli, economista da Ourinvest. "Atualmente, estamos experimentando queda de preços porque o país está num ritmo de crescimento muito fraco", diz. 

Há dois meses, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor amplo), que mede a inflação oficial no país, apresenta contração. Em maio, por exemplo, os preços caíram 0,38%, apesar da inflação acumulada de 1,88% no ano. 

Apesar das quedas, isso não significa que o custo de vida ficou mais barato. O IPCA é calculado a partir de uma cesta de produtos selecionada e a contração foi puxada, principalmente, por combustíveis. "Enquanto isso, os alimentos, que tiveram aumento na demanda, também tiveram alta nos preços", lembra Cristiane. 

A deflação ainda não é uma tendência, pois a contração ainda não se apresentou por um período prolongado. "Se isso acontecer, é porque as pessoas, em meio à crise, não conseguem comprar nem mesmo com os comerciantes pondo os preços lá embaixo", afirma a economista. 

A próxima divulgação do IPCA está marcada para a próxima sexta-feira, 10, e a projeção da Anbima, por exemplo, é de inflação de 0,27%, o que quebraria a sequência de quedas. 

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"O que estamos vivendo pode ser positivo para algumas contas, como aluguel e mensalidades escolares", ressalva Cristiane. "Mas não é significativo, porque muitas famílias também tiveram redução de renda". 

Neste cenário incerto, quem tem dinheiro pode preferir poupar ao invés de consumir — forçando ainda mais os preços para baixo. Nessa disputa entre inflação e custo de vida, entra também o seu salário: se o IPCA cai, mas seus rendimentos caem mais ainda, o poder de compra fica comprometido.

O ideal

Se não é bom que a inflação esteja nem alta nem baixa demais, qual é o seu nível saudável, então? O meio termo, é claro. "Perto da meta é o ideal", diz Cristiane Quartaroli. 

E quem define essa meta é o Comitê Monetário Nacional. Atualmente, ela está a 4% para o fim de 2020, com margem de 1,5 p.p. mais ou para menos. E, segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ela continua no radar mesmo com os cortes na Selic: em audiência em junho, afirmou que "desvios temporários" não devem mudar a meta.