Por Leo Cesar Melo*
Eventos recentes como o avanço das queimadas na Amazônia e no Pantanal, o vazamento de óleo na costa brasileira, ou o rompimento de barragens, além, é claro, da pandemia do novo coronavírus, foram determinantes para acelerar no Brasil o debate sobre melhores práticas ambientais, sociais e de governança (ou ESG, como são conhecidas pelo mercado).
A tendência é de que questões ligadas à ESG se intensifiquem entre as nossas companhias, especialmente pela pressão internacional para que as empresas adotem esse caminho. Notavelmente, é cada vez maior o número de investidores que defendem que corporações e investidores tenham um importante papel em estabelecer e promover negócios sustentáveis que mitiguem riscos.
Uma clara demonstração dessa preocupação aparece no Relatório de Sustentabilidade publicado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros de Capitais. O documento divulgado aponta que 85,4% dos gestores levam em consideração o potencial impacto de questões ambientais, sociais e de governança corporativa em seu processo de investimento.
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Esse movimento é parte de uma nova mentalidade, vinda de investidores que buscam negócios de destaque e que estão interessados em apoiar somente empresas que contribuem com o planeta de maneira sustentável. Essa visão tem como base a ideia de que produtos, serviços e ações de responsabilidade social e ambiental provocam transformações para além dos muros das organizações.
Um exemplo recente sobre iniciativas nesse sentido ocorreu quando grandes marcas se uniram a uma campanha de boicote à publicidade ao Facebook e Twitter, quando as duas empresas demoraram a adotar medidas de combate e restrição a conteúdo de ódio dentro de suas plataformas. Não demorou muito para que as ações na bolsa das duas gigantes respondessem negativamente a essa ofensiva.
Dessa forma, fica evidente que o mercado está atento a essa nova realidade, às práticas empresariais relacionadas à ESG. Essa preocupação cresce conforme o consumidor coloca esses temas como pontos essenciais de decisão de compra, alinhada com os exemplos de que diversidade e sustentabilidade trazem resultados econômicos positivos para as organizações.
Portanto, não basta uma mudança de discurso ou de registro. As companhias devem estar realmente comprometidas, em todos os seus processos, com diretrizes de sustentabilidade. É preciso, de fato, demonstrar preocupação com o meio ambiente, desenvolvimento social e boas práticas de governança, agindo com propósito para que se tornem competitivas e garantam sua própria longevidade.
* Leo Cesar Melo é CEO da Allonda, empresa de engenharia com foco em soluções sustentáveis