Exportações chinesas caem e ampliam receio com economia mundial; bolsas recuam e Xangai perde 4%

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As exportações chinesas recuaram 20,7% em fevereiro, a maior queda em três anos e muito acima dos 4,8% esperados pelo mercado. Como as vendas ao exterior da segunda economia do mundo já haviam caído 9% em janeiro, o país registrou um recuo de 4,6% das exportações no primeiro bimestre em comparação com o mesmo período do ano passado.

Os dados divulgados hoje ampliaram o receio de que a atividade econômica mundial está se desacelerando de maneira preocupante, o que faz os investidores fugirem de mercados de risco, como ações, e procurarem refúgio em títulos americanos de renda fixa e ouro. A situação pode se complicar ou melhorar um pouco dependendo dos dados de emprego de fevereiro nos Estados Unidos, que devem sair daqui a pouco. A expectativa é de menos contratações, mas a taxa de desemprego deve cair assim mesmo.

A diminuição das vendas chinesas reforça o cenário ruim traçado ontem pelo Banco Central Europeu (BCE), que revisou para baixo a projeção de crescimento da zona do euro de 1,7% para 1,1% este ano e desistiu de subir os juros este ano, anunciando ainda a prorrogação do programa de recompra de títulos dos bancos para injetar dinheiro na economia dos países da região. A reação aos números do comércio chinês foi forte na Ásia, região diretamente afetada pelo desaquecimento da segunda maior economia do mundo.

Bolsa de Xangai cai 4% e Europa recua

O Índice da Bolsa de Xangai caiu 4,40%, o Hang Seng, de Hong Kong, 1,91%, o Nikkei, do Japão, 2,01% e o Sensex, da Índia, 0,15%. O Índice da Bolsa de Cingapura recuou 1,04%.

Na Europa, as bolsas começaram o dia em queda, com o Índice Financial Times perdendo 0,91%, o DAX, de Frankfurt, 0,68%, o CAC, de Paris, 0,45% e o Ibex, de Madri, 1,04%. O Euro Stoxx 600 cai 0,78%. Nos EUA, no mercado futuro, o Dow Jones indica queda de 0,40%, o S&P 500, de 0,38% e o Nasdaq, de 0,52%. O ouro está em alta, de 0,61%, indicando busca por proteção dos investidores, enquanto o petróleo recua 1,8% em Londres. O dólar está em queda em relação ao euro.

A queda das bolsas e a perspectiva pior para a China impacta o Brasil pelas commodities, que podem perder valor no mercado internacional e afetar empresas importantes como Petrobras, Vale e siderúrgicas. No mercado futuro, o Índice Bovespa apresenta queda de 0,43%, enquanto o dólar comercial abriu em baixa, de 0,3%, vendido a R$ 3,87. As declarações do presidente Jair Bolsonaro em um vídeo ao vivo no Facebook ontem no fim da tarde, depois do fechamento da bolsa, reafirmando o apoio à reforma da Previdência, podem estar ajudando o dólar a perder um pouco de força.

Medo das tarifas pode ter distorcido números chineses

Além da desaceleração econômica de importantes economias, como a zona do euro, as vendas externas chinesas podem ter sido prejudicadas pela antecipação das compras de empresas americanas no ano passado, explica a LCA Consultores. O temor de um forte aumento das tarifas de importação sobre os produtos chineses pelo governo americano, estimulou os importadores americanos a anteciparem suas compras junto às empresas chinesas.

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Fonte: LCA Consultores

Para o Credit Suisse, os dados da balança comercial chinesa reflete a deterioração da demanda internacional e uma pequena melhora na demanda interna da China, consistente com os dados da pesquisa dos gerentes de compras (PMI) da semana passada. A queda das vendas ao exterior sem um crescimento do consumo local representa um risco para as projeções de crescimento da China e, por consequência, do resto do mundo. Mas, como a guerra comercial com os EUA parece estar chegando ao fim, o CS espera que o pior para a economia chinesa já tenha passado.

Xangai interrompe oito semanas de ganhos

Segundo o Bradesco, os dados intensificam as preocupações quanto à tendência de desaceleração da economia global e frustraram os mercados acionários, diante de quedas maiores que as esperadas de importação e exportação em fevereiro. O índice da bolsa de Xangai interrompeu a sequência de oito semanas de ganhos. Além disso, o corte nas projeções de crescimento econômico da Área do Euro, juntamente com o declínio mais intenso que o previsto das encomendas à indústria alemã em janeiro, também contribui para as quedas das bolsas europeias e pelos futuros americanos nesta manhã.

No mercado de câmbio, embora não se observe tendência única das moedas frente ao dólar, o ambiente de cautela é refletido na apreciação do iene, diz o banco, que destaca também a leve recuperação do euro, que devolve uma pequena parte da depreciação da semana.

No campo das commodities, o petróleo cai 1,8% à espera da divulgação dos dados de novos poços nos EUA. Entre as commodities metálicas, não há tendência única. Merece atenção a alta do ouro, refletindo o ambiente externo. As agrícolas, por outro lado, registram bons resultados, com exceção do algodão e do açúcar.

O Bradesco destaca na agenda doméstica o resultado do IGP-DI de fevereiro, que subiu 1,25%, ligeiramente acima do esperado pelo mercado, 1,15%, o que pode influenciar as taxas de juros de curto prazo, que vão depender também do dólar aqui e dos mercados internacionais.

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