As bolsas de valores abriram hoje sem uma tendência definida, digerindo ainda os sinais dados pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) ao anunciar ontem a manutenção dos juros básicos nos EUA. O Fed manteve a taxa de juros básica, confirmando as expectativas. Além disso, a autoridade monetária americana sinalizou que não pretende subir juros neste ano, reconhecendo os sinais de desaceleração da atividade econômica global.
Esses sinais, de juros mais baixos por mais tempo, que a princípio seriam positivos para as bolsas, deixaram os investidores preocupados, pois podem indicar que a desaceleração da economia mundial pode ser mais forte que o esperado. Isso fez a bolsa brasileira perder força ontem, com o Índice Bovespa fechando em queda de 1,55%, aos 98.041 pontos. Também ajudou nessa queda a frustração com o projeto de reforma da Previdência dos militares, que pode atrapalhar a votação da reforma geral no Congresso. A queda na popularidade do presidente Jair Bolsonaro também esfriou o entusiasmo dos investidores em ações.
Fed mais bonzinho
No comunicado e na entrevista do presidente da instituição, Jerome Powell, o Fed manteve uma postura mais dovish, ou seja, mostrando-se mais preocupado com o crescimento econômico e menos com a inflação, conforme destaca o Bradesco.
O comunicado salientou a desaceleração do ritmo de crescimento da economia americana neste primeiro trimestre do ano, caracterizada como sólida até o trimestre anterior. Os gastos das famílias e os investimentos registraram menor ritmo de expansão, enquanto o mercado de trabalho permaneceu aquecido, com salários crescendo em ritmo sólido. Em linha com esse quadro, o FOMC rebaixou as suas projeções para o crescimento do PIB, de 2,3% para 2,1% em 2019, e de 2,0% para 1,9% em 2020. Também houve ajustes na inflação esperada: de 1,9% para 1,8% em 2019, e de 2,1% para 2,0% em 2020.
Outra revisão importante foi relativa à mediana das projeções para a taxa básica de juro dos membros do colegiado, que passou a ser de estabilidade em 2019 e apenas uma elevação de 0,25 p.p em 2020. Anteriormente, o cenário mediano era de duas altas em 2019 e uma em 2020.
Por fim, a autoridade monetária anunciou que vai alterar o ritmo em que está reduzindo seu balanço de ativos, dos atuais US$ 50 bilhões ao mês para US$ 35 bilhões ao mês a partir de maio, encerrando o processo de redução em setembro. Outro sinal de preocupação com a atividade econômica.
Para o Bradesco, a decisão de ontem trouxe o reconhecimento do Fed de que a atividade e inflação estão mais fracas do que o anteriormente esperado, condizente com um cenário de manutenção da taxa de juros ao menos até o final do ano.
Com isso, os principais pregões asiáticos fecharam predominantemente em alta. Já na Europa, à espera de novidades sobre o Brexit e da decisão de política monetária do Banco da Inglaterra (BoE), os mercados não apresentam direção única. Os índices futuros americanos apontam baixa.
No Brasil, aumentou a incerteza com Reforma da Previdência Social após o envio da proposta dos militares e também pela forte piora da popularidade de Bolsonaro, segundo o Ibope e os ativos domésticos devem se desvalorizar, diz a LCA Consultores.
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