Desigualdade

FGV: Natal melhor para o comércio, mas com recorde de diferença entre compras de ricos e mais pobres

Apesar da melhora na intenção de compra sobre 2020, a possibilidade de gastar com itens natalinos vai ser restrita a menos pessoas

- Rovena Rosa/ Agência Brasil
- Rovena Rosa/ Agência Brasil

As compras de Natal este ano devem ser melhores que em 2020 (de 40,7 para 60,1 pontos), porém ainda com desempenho pior que nos anos anteriores, segundo indica estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE).

A pesquisa analisa a intenção de compra dos consumidores, quanto pretendem gastar com os presentes da ocasião e como devem comprar.

O dado que chamou a atenção em 2021 foi a desigualdade entre as famílias de menor e maior pode aquisitivo — a diferença de intenção de compras das que ganham até R$ 4.800,00 e as que ganham acima desse valor atingiu 44,4 pontos, o maior resultado da série histórica.

“O indicador que mede a intenção de gastos com compras de Natal mostra que será um período melhor para o comércio do que no ano passado, ainda que as famílias continuem cautelosas em relação ao consumo. Entretanto, isso ainda não é um resultado favorável comparando com anos anteriores. As famílias de mais baixa renda, maior parcela da população, são as mais afetadas. Para elas, o Natal será mais magro. Muitos não irão comprar presentes, e mesmo para aqueles que irão comprar, dizem que gastarão menos”, analisa Viviane Seda, coordenadora das Sondagens do FGV IBRE.

De acordo com os dados, o indicador foi puxado pelo crescimento da proporção de consumidores que pretendem aumentar o gasto com presentes: saltou de 5,5% em 2020 para 15,4%, este ano. O preço médio dos presentes passou de R$ 104,00 para R$ 106,00, mantendo-se relativamente estável.

A maior variação foi entre os consumidores com renda de R$ 2.100 a R$ 4.800, cujo preço médio subiu de R$ 70,00 (2020) para R$ 85,00.

Já para os consumidores de renda mais baixa, têm o menor valor médio de presentes, cedendo para R$ 59,00 em 2021. No geral, a prioridade é comprar em loja física.

Seda esclarece que o movimento não se trata de uma volta aos hábitos anteriores e sim reflexo da reabertura da atividade econômica.

“As vendas online continuam mantendo o padrão adquirido na pandemia. O que ocorre é que com o relaxamento das medidas restritivas, consumidores voltaram a ir às lojas”, finaliza.