Por Peter Nurse e Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com – Pandemia avança no Brasil, mas o foco fica na CPI da Covid-19. China e EUA começam a falar sobre comércio novamente, enquanto as ações americanas devem abrir mistas à espera dos dados de pedidos de seguro-desemprego semanais.
Aqui está o que está movimentando os mercados na quinta-feira, 27 de maio.
1. Pandemia avança, mas o foco é na CPI
Os principais jornais brasileiros estampam a continuação da gravidade da pandemia no país, em meio aos embates políticos em torno da CPI da Covid-19.
No jornal O Globo, o destaque é para os números de contágio e óbitos, que têm ficado próximos aos registrados no auge da segunda onda da pandemia, entre março e abril. Segundo a publicação, ao menos quatro estados anunciaram medidas mais rígidas de funcionamento do comércio, incluindo São Paulo, o mais populoso do país.
O governo do estado adiou a flexibilização do comércio em pelo menos 15 dias por conta do aumento das internações.
Enquanto isso, governadores se movimentam para tentar evitar prestar depoimento perante a CPI. Ontem, parlamentares aprovaram convocação de nove governadores para prestar depoimento ao colegiado.
Esses governadores foram citados pela Polícia Federal em operações que apuraram desvios em recursos destinados a combater a pandemia da Covid-19. Na lista, além dos governadores do Amazonas, Wilson Lima, e do Pará, Helder Barbalho, estão Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Mauro Carlesse (Tocantins), Carlos Moisés (Santa Catarina), Antonio Denarium (Roraima), Waldez Góes (Amapá), Marcos Rocha (Rondônia) e Wellington Dias (Piauí).
Enquanto isso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira que analisa os mais de 100 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro um a um e que decidirá sobre boa parte deles em breve.
O EWZ, principal ETF brasileiro negociado no exterior, subia 0,48%.
2. Lembra da Guerra Comercial?
Os EUA e a China, as duas maiores economias do mundo, voltaram a conversar sobre trocas comerciais. Os principais negociadores dos dois países marcaram nesta quinta-feira (27) o primeiro compromisso formal desde que o presidente dos EUA, Joe Biden, assumiu o cargo em janeiro.
Ambos os lados concordaram que a relação comercial bilateral é muito importante, tentando deixar de lado a desconfiança que existia desde que a administração americana anterior instigou uma guerra tarifária que durou dois anos.
No entanto, o acordo não será fácil. O governo Biden está conduzindo uma revisão abrangente da política comercial EUA-China, antes do término da Fase 1 do acordo no final de 2021.
Esse acordo, assinado em janeiro de 2020, pouco antes do início da pandemia Covid-19, exigia que a China aumentasse dramaticamente as compras de produtos agrícolas, produtos manufaturados, energia e serviços dos EUA.
No entanto, a China ficou cerca de 40% aquém das metas de compra em 2020 e está atrasada em suas importações em 2021.
Além disso, os assuntos delicados de transferência de tecnologia e subsídios para empresas estatais ainda precisam ser revisitados, enquanto Biden também criticou duramente a China sobre os abusos dos direitos humanos.
3. Ações devem abrir mistas
As ações americanas devem em queda nesta quinta, com os investidores digerindo a possibilidade de o Federal Reserve conter as políticas monetárias acomodativas diante dos principais dados de emprego.
Às 9h04, os futuros do Dow Jones subiam 0,26%, enquanto os do S&P 500 operavam estáveis e do Nasdaq 100 recuavam 0,3%.
Randal Quarles, o vice-presidente do Fed, afirmou na quarta-feira que o banco central precisará começar a discutir em breve planos para reduzir as compras de títulos se a economia continuar a mostrar uma melhora massiva à medida que sai da pandemia.
Embora a discussão de mudanças possa estar longe de realmente serem implementadas, a mera menção de que o Fed potencialmente afrouxará as políticas pode pesar.
Dito isso, é improvável que as perdas sejam grandes, já que os investidores aguardam novos dados do mercado de trabalho para avaliar o ritmo da recuperação econômica antes do fim de semana seguido pelo feriado do Memorial Day.
Mais varejistas anunciam os resultados trimestrais nesta quinta, incluindo a Best Buy (SA:BBYY34) (NYSE:BBY), a Dollar General (NYSE:DG) (SA:DGCO34) e Costco (SA:COWC34) (NASDAQ:COST), assim como a fabricante de softwares, Salesforce (SA:SSFO34)(NYSE:CRM).
4. Pedidos de seguro-desemprego no radar
O número semanal de americanos que entraram com pedidos de seguro-desemprego será divulgado nesta quinta, e os investidores, sem dúvida, observarão os dados de perto em busca de pistas sobre o ritmo de recuperação do mercado de trabalho, especialmente antes de o relatório oficial de empregos de maio, o Payroll, na próxima semana.
Os economistas esperam que um total de 425.000 americanos tenham entrado com pedido de seguro-desemprego na semana encerrada em 22 de maio. Os números saem às 9h30.
Funcionários do Federal Reserve têm argumentado consistentemente que não devem retirar o estímulo monetário até que o mercado de trabalho tenha feito "progresso substancial".
5. Investigações da Covid-19
Enquanto a vacinação no Brasil se arrasta, os EUA e a Europa parecem estar superando a Covid-19, ajudados por programas de imunização acelerados. E agora a atenção está voltada para descobrir como o vírus se originou e o que os governos poderiam ter feito melhor combatê-lo.
O presidente Joe Biden disse na quarta-feira que as agências de inteligência dos EUA estão buscando duas teorias principais sobre a origem do vírus: se o novo coronavírus "surgiu do contato humano com um animal infectado ou de um acidente de laboratório".
Um relatório da Organização Mundial de Saúde, escrito em conjunto com cientistas chineses em março, disse que o vírus havia provavelmente sido transmitido de morcegos para humanos por meio de outro animal, e essa "introdução por meio de um incidente de laboratório foi considerada uma via extremamente improvável".
No Reino Unido, um comitê parlamentar que investiga a forma como o governo está lidando com a pandemia ouviu evidências de Dominic Cummings, ex-conselheiro do primeiro-ministro Boris Johnson.
Cummings descreveu o plano inicial britânico para combater o vírus como um "desastre", e disse que o tratamento incompetente de Johnson na pandemia levou a dezenas de milhares de mortes desnecessárias.
Com quase 128.000 mortes, o Reino Unido tem o quinto índice oficial de Covid-19 mais alto do mundo, muito mais do que as estimativas iniciais de pior caso do governo, de apenas 20.000.
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