Por Geoffrey Smith e Ana Julia Mezzadri, da Investing.com – O mercado segue cauteloso com as declarações mais recentes do governo, que indicaram a possibilidade de quebra do Teto de Gastos para financiar um Bolsa Família mais robusto e a manutenção do auxílio emergencial caso a pandemia continue a afetar a economia.
Nos EUA, o Senado concorda com um projeto de lei de infraestrutura de US$ 1 trilhão. O ISM divulga seu PMI final para julho, enquanto os PMIs chineses fornecem mais evidências de uma desaceleração, agravada pela propagação de surtos de Covid-19 localizados em várias províncias e cidades.
A Square (NYSE:SQ) está comprando a Afterpay por US$ 29 bilhões. A temporada de balanços continua com atualizações da Global Payments , Simon Property e Loews nos EUA, e Cielo (SA:CIEL3), Itaú Unibanco e PetroRio (SA:PRIO3), entre outros, no Brasil. A Pfizer e a Moderna impulsionam grandes aumentos de preços em novos contratos para fornecer vacinas à União Europeia (UE).
Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na segunda-feira, 2 de agosto.
1. Teto de Gastos e temporada de balanços no Brasil
O mercado segue atento a sinais sobre a possibilidade de quebra do Teto de Gastos pelo governo para bancar um aumento no Bolsa Família para R$ 300, o que pode potencializar a alta da inflação.
Preocupa ainda a afirmação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na sexta-feira, de que o governo pretende manter o auxílio emergencial caso a pandemia continue a causar restrições econômicas.
Outro fator de preocupação foi a fala de Bolsonaro de que as reservas financeiras da Petrobras (SA:PETR4) podem ser utilizadas para financiar o vale-gás, programa social que será criado para subsidiar a compra de gás de cozinha por famílias de baixa renda.
A temporada de balanços e sua repercussão no movimento das ações também seguem em foco, com destaque para Itaú Unibanco, Cielo, Pague Menos (SA:PGMN3), Bradesco (SA:BBDC4), Banco do Brasil (SA:BBAS3), Petrobras, Hering (SA:HGTX3) e Engie (SA:EGIE3).
2. Senado dos EUA concorda com projeto de lei de infraestrutura
Os senadores americanos chegaram a um acordo sobre a redação de um projeto de lei de infraestrutura de US$ 1 trilhão, que agora pode ser votado no Senado ainda esta semana.
O projeto tem apoio bipartidário no Senado, mas provavelmente será retido na Câmara dos Representantes, onde a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, o vinculou a um pacote separado de US$ 3,5 trilhões em questões como combate à pobreza e mudança climática.
De impacto econômico mais imediato, o Institute of Supply Management lançará seu índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) final para a manufatura em julho.
3. Surtos de Covid-19 na China se espalham; economia desacelera em julho
A variante delta do vírus Covid-19 se espalha pela China. Um total de 20 cidades e 14 regiões têm agora medidas de severidade variada para isolar casos em um surto que começou na semana passada, quando um voo da Rússia chegou ao aeroporto de Nanjing com um passageiro infectado.
Os dados chineses para os casos permanecem extraordinariamente baixos. Existem poucos dados disponíveis sobre a eficácia da vacina Sinopharm contra a cepa delta. Estudos mostraram que é menos eficaz do que as vacinas Pfizer e Moderna na prevenção de doenças sintomáticas.
Os PMIs oficiais e Caixin da China aumentaram a evidência da desaceleração da economia chinesa em julho, com o PMI industrial caindo para apenas 50,3, o menor desde abril do ano passado
4. Futuros de Nova York em alta; discurso dovish do Fed
Os mercados de ações dos EUA devem começar a semana em alta, perto de novos recordes, depois que autoridades do Federal Reserve repetiram no fim de semana que o mercado de trabalho precisa melhorar ainda mais antes que o banco central possa reduzir suas compras de títulos.
Lael Brainard e Neel Kashkari alertaram sobre potenciais ventos contrários com a propagação da variante delta nos EUA, que relatou 122.000 novos casos no domingo – o maior desde fevereiro.
Às 08h50 (horário de Brasília), Dow Jones futuros, S&P 500 futuros e Nasdaq futuros subiam respectivamente 0,35%, 0,48% e 0,51%. O EWZ, ETF que mede o desempenho das ações brasileiras em Wall Street, avançava 0,8% no pré-mercado.
A temporada de balanços continua com lançamentos de Global Payments (NYSE:GPN) (SA:G1PI34), NXP (NASDAQ:NXPI) (SA:N1XP34), Simon Property (NYSE:SPG) (SA:SIMN34), Williams (NYSE:WMB) (SA:W1MB34), Loews (NYSE:L) (SA:L1OE34) e Take-Two (NASDAQ:TTWO) (SA:T1TW34), entre outros.
Também em foco mais tarde estarão as ações da Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) e Moderna (NASDAQ:MRNA) (SA:M1RN34), depois que eles forçaram um aumento substancial de preço em um novo contrato com a União Europeia para suas vacinas contra a Covid-19.
De acordo com o Financial Times, a Pfizer e a BioNTech (NASDAQ:BNTX) (SA:B1NT34) receberão agora 19,50 euros (US$ 23,20) por injeção, um aumento de mais de 25% em relação ao primeiro contrato, enquanto a Moderna receberá agora US$ 25,50, um aumento de mais de 10% em relação ao anterior. Os negócios são para um total de 2,1 bilhões de doses até 2023.
As ações da BioNTech subiam mais de 4,67% no pré-mercado, enquanto as ações da Pfizer avançavam 0,7% e as ações da Moderna tinham alta de 2,38%.
5. O petróleo cai após dados chineses
Os preços do petróleo bruto caíram com os sinais de desaceleração da economia chinesa, à medida que medidas anti-Covid localizadas começaram a pesar sobre a demanda de combustível por parte de passageiros e turistas.
Por volta das 08h56, os contratos futuros do petróleo WTI caíam 1,28%, a US$ 73,00 o barril, enquanto os futuros do Brent recuavam 1,13%, a US$ 74,56 o barril.
Em outros setores no mercado de energia, os preços do futuro do gás natural europeu continuaram subindo em meio à redução no fornecimento da Rússia, em um momento em que as concessionárias europeias geralmente reabastecem seu armazenamento para a alta temporada de inverno.
Fornecimento reduzido dos campos do Mar do Norte e menor disponibilidade do gás natural liquefeito dos EUA também contribuiu para o aperto, que mostra poucos sinais de que acabará no curto prazo.