Agenda Econômica

Fique por dentro dos assuntos relevantes da semana de 9 a 13 de agosto

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana

- Marcello Casal Jr./Agência Brasil
- Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Por Noreen Burke e Leandro Manzoni, da Investing.com – A semana inicia como terminou: incertezas quanto ao risco fiscal no Brasil.

Porém, com possível diminuição das incertezas, seja positiva ou negativa aos mercado, com a apresentação da PEC dos Precatórios, a minuta da Medida Provisória que redesenha o Programa Bolsa Família e audiências públicas sobre a Reforma Administrativa no Congresso.

E também não haverá menos emoções em relação ao Calendário Econômico da semana, com destaque para o IPCA de julho e a ata do Copom. Além disso, destaque para os dados de atividades como vendas no varejo e o volume do setor de serviços. E a temporada de balanços local terá uma semana intensa de resultados.

No exterior, em um cenário de ressurgimento da pandemia do coronavírus, os principais dados econômicos dos EUA na próxima semana serão os relatórios sobre a inflação dos preços ao consumidor e ao produtor.

Os investidores vão observar atentamente as pistas sobre quando o Federal Reserve pode começar a reduzir o programa de estímulo.

Além disso, vários dirigentes do Fed também devem dar declarações na semana que vem, e suas falas podem ajudar a esclarecer a posição do Fed sobre o tapering.

1. Mais uma semana no fiscal
Os olhos estarão voltados para Brasília, com as incertezas fiscais elevando o prêmio de risco nos ativos na última semana.

O Ibovespa fechou em alta 0,83% a semana ajudado pela temporada de balanço, enquanto o dólar subiu 0,34% no período marcado por alta volatilidade – mínima de R$ 5,1101 na quinta e máxima de R$ 5,2757 na sexta-feira.

Os investidores estarão monitorando os próximos movimentos relacionados à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, a Medida Provisória (MP) que institui o novo Bolsa Família e o avanço da Reforma Administrativa.

A PEC dos Precatórios é o assunto mais sensível, pois a previsão do valor a ser desembolsado por essa rubrica no Orçamento do ano que vem é de R$ 90 bilhões, abocanhando parte dos recursos fiscais para o ano que vem que seria destinado ao novo Bolsa Família.

Congresso flerta com os pagamentos do precatórios fora do teto de gastos, enquanto o Ministério da Economia visa o parcelamento. O ministro Paulo Guedes já negou calote e pagamento à vista de precatórios abaixo de R$ 450 mil. A PEC deve ser encaminhada pelo governo essa semana ao Congresso.

Além disso, a grande expectativa também fica com a MP que renomeia o Programa Bolsa Família para Auxílio Brasil, com previsão de um auxílio no valor de R$ 400, provavelmente sem indicação de fonte de origem dos recursos para a ampliação do programa de transferência de renda.

O governo esperava, inicialmente, com o dinheiro arrecadado com a taxação de dividendos, em seguida a uma folga fiscal para o ano que vem devido à inflação mais elevada esse ano, porém os precatórios voltaram a pressionar os gastos.

O alívio é o debate da Reforma Administrativa em Comissão Especial na Câmara dos Deputados na quarta e quinta-feiras.

2. Inflação nos EUA e no Brasil
O índice de preços ao consumidor e o índice de preços ao produtor dos EUA, anunciados na quarta e na quinta-feira, respectivamente, vão oferecer uma perspectiva quanto ao atual ritmo da inflação, um dos principais fatores, junto com o mercado de trabalho, que o Federal Reserve (Fed) analisa ao tomar suas decisões de política monetária.

Espera-se que o IPC fique ligeiramente moderado após o salto de 0,9% no mês passado, seu ganho mais forte desde junho de 2008. O Fed disse que o atual aumento da inflação é apenas temporário, mas os ânimos do mercado foram atingidos por receios de uma inflação mais elevada, resultando em um tapering súbito.

O relatório de folhas de pagamento não agrícolas de sexta-feira, mais forte que o esperado, foi o último antes da reunião anual do Fed em Jackson Hole, Wyoming, no final do mês, para discutir a política monetária e decidir a futura estratégia de estímulo.

Os números otimistas do emprego, junto com dados de inflação incômodos, poderiam levar os dirigentes do Fed a anunciar planos para começar a reduzir as compras de títulos já em setembro, o primeiro passo no caminho para um eventual aumento na taxa de juros.

O calendário de indicadores no Brasil não será diferente, com atenções voltadas para os dados de inflação de julho na terça-feira. A expectativa do mercado para o IPCA é de alta de 0,94%, aceleração em relação ao 0,53% de julho. No anual, a projeção é de alta de 8,97, ante a subida de 8,34% no mês anterior.

No mesmo dia, os investidores buscarão identificar os detalhes da decisão de elevação da taxa Selic de 4,25% para 5,25% na ata do Copom.

Outros dados importantes a ser monitorados pelos investidores são: vendas no varejo na quarta, crescimento do setor de serviços na quinta e IBC-Br de junho, prévia do PIB divulgado pelo Banco Central, na sexta-feira.

3. Membros do Fed
Vários dirigentes do Fed devem fazer aparições na próxima semana, incluindo o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, e o chefe do Fed de Richmond, Thomas Barkin, na segunda-feira, além do presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, na terça-feira, e a presidente do Fed de Kansas City, Esther George, na quarta-feira.

Bostic e Barkin são conhecidos pela posição favorável a uma redução, de modo que seus comentários serão acompanhados de perto.

O limite definido pelo Fed para a redução do seu programa de compra de títulos – "progresso adicional substancial" rumo à meta de inflação de 2% do Fed, além de pleno emprego – nunca foi definido com precisão.

Em junho, os dirigentes começaram a debater a velocidade com que o banco central pode começar a aliviar seus auxílios de emergência para a economia, mesmo em meio ao surgimento da variante delta do coronavírus, que ameaça prejudicar o crescimento.

4. Temporada de balanços se encerram nos EUA e se intensificam no Brasil
Os anúncios de resultados vão continuar na semana que vem, mas o número de empresas que vão fazer suas divulgações vai diminuir à medida que a temporada de resultados vai chegando ao fim nos EUA. No Brasil, a semana será de uma bateria de resultados.

Algumas das empresas que fazem anúncios esta semana nos EUA são AMC Entertainment (NYSE:AMC), Softbank (T:9984), Coinbase (NASDAQ:COIN), Sysco (NYSE:SYY) (SA:S1YY34), Chesapeake (NASDAQ:CHK), eBay (NASDAQ:EBAY) (SA:EBAY34), Wendy’s (NASDAQ:WEN), Lordstown Motors (NASDAQ:RIDE), Walt Disney (NYSE:DIS) (SA:DISB34) e Airbnb (NASDAQ:ABNB) (SA:AIRB34).

Essa tem sido uma temporada de resultados estelar – das 427 empresas do S&P 500 que divulgaram resultados até agora, 87,6% superaram as expectativas dos analistas, o maior número jamais registrado de acordo com os dados da Reuters.

No Brasil, terão destaques JBS (SA:JBSS3), Eletrobras (SA:ELET3), Embraer (SA:EMBR3), Grupo Soma (SA:SOMA3), BRF (SA:BRFS3), Westwing (SA:WEST3), CVC (SA:CVCB3) e C&A.

5. Bitcoin em alta com recuperação dos ânimos
O Bitcoin subiu ao seu maior patamar em dois meses no domingo, com a recuperação ainda frágil dos humores do mercado. A moeda digital atingiu US$ 45.284, sua maior alta desde meados de junho. Mas, operava em baixa de 0,65% a US$ 43.758 às 16h41.

"Parece que um clima de otimismo retornou aos mercados de criptomoeda", disse Paolo Ardoino, diretor de tecnologia da Bitfinex, em comentários à Bloomberg na sexta-feira. "O Bitcoin está liderando a recuperação, enquanto o Ethereum continua a apresentar ganhos" após a atualização da sua rede. Mesmo assim, segundo ele, "é improvável que a turbulência que vimos nos mercados de criptomoedas nas últimas semanas diminua".

Uma área de incerteza para os investidores em criptomoedas é o projeto de lei de infraestrutura dos Estados Unidos atualmente está em discussão no Congresso, que contém uma provisão de imposto sobre criptomoedas, incluída no último minuto.

– Com informações de Reuters.