Segundo relatório da XP Investimentos divulgado nesta terça-feira (26), depois de vários anos consecutivos de resultados modestos, a atividade econômica finalmente começa a ganhar tração. Assim, os analistas da corretora veem um PIB mais forte nos próximo anos. As projeções de crescimento passaram para 1,0% em 2019 e 2,3% em 2020.
No entanto, Zeina Latif, economista chefe da XP Investimentos, e Marcos Ross, economista sênior da casa, apontam que a baixa velocidade com a qual a taxa de desemprego tem caído nos últimos 2 anos ainda chama a atenção.
Entre set/2017 e set/2019 a taxa de desemprego caiu de 12,6% para 12%, mesmo nível observado em set/2016. Segundo eles, no atual ritmo, a taxa de desemprego retornaria para sua média histórica de 9,35% apenas em abril de 2025. Veja o gráfico abaixo:
Segundo a XP Investimentos, a taxa de desemprego estrutural, que reflete fatores como a qualidade da mão de obra e as fricções no mercado de trabalho, provavelmente elevou-se nos últimos anos. Indivíduos que estão desocupados há muito tempo (40% há mais de um ano) têm sua empregabilidade reduzida pela falta de treinamento.
De acordo com as estimativas do relatório, a taxa de desemprego estrutural está em torno de 10,5%, ante 7% registrada em 2012.
O quadro é ainda mais difícil para os indivíduos entre 18 e 24 anos, cuja taxa de desemprego encontra-se em torno de 26% no 3T19, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE.
Nesse contexto, os analistas apontam como bem-vinda a preocupação do governo com os jovens de baixa renda no Pacote Verde Amarelo. Esse programa propõe reduzir, por dois anos, a carga tributária sobre o primeiro emprego de jovens entre 18 e 29 anos com carteira de trabalho assinada e com remuneração de até 1,5 salário mínimo.
De acordo com as expectativas do governo, a medida estimularia a contração de 1,8 milhão de jovens até 2022.
Por outro lado, o relatório aponta que o projeto possui um escopo relativamente limitado e não deve promover uma mudança drástica na geração de empregos formais num curto prazo. Segundo o texto, “as melhores alternativas para viabilizar de fato a recuperação do mercado de trabalho brasileiro seriam a flexibilização ainda maior das regras do mercado de trabalho e a melhoria da educação pública”.
Ainda que as piores leituras do mercado de trabalho tenham sido generalizadas nos anos de crise, as maiores taxas de desemprego sempre estiveram mais associadas a indivíduos com menor escolaridade. Veja o gráfico abaixo: