O Fundo Monetário Internacional (FMI) passou a incluir o clima entre os critérios a serem analisados para a concessão de crédito. A novidade foi apresentada na nova edição da Comprehensive Surveillance Review (CSR), documento que guiará as decisões e aconselhamentos do fundo para todos os seus membros nos próximos anos.
A CRS é realizada dentro de um período de 7 a 10 anos, por isso o FMI vinha ignorando o risco climático em seus últimos relatórios. Com a mudança, a instituição incluirá explicitamente a transição climática e os riscos de impacto, incluindo aqueles decorrentes de ajustes na economia global causados por mudanças nos preços e nos impostos sobre a energia.
Os novos critérios também podem impedir o FMI de incentivar o desenvolvimento dos combustíveis fósseis nos países membros – particularmente nos países em desenvolvimento.
"Embora o fundo esteja finalmente reconhecendo que existem 'riscos de transição', o lançamento no início desta semana do relatório da AIE (Agência Internacional de Energia) mostrou que não apenas o carvão, mas também o gás representam um beco sem saída econômico que terá impacto em todas as nações, pois estas fontes insustentáveis de energia são aposentadas mais rapidamente do que o planejado anteriormente", analisa Sargon Nissan, gerente do FMI e pesquisador do think thank re-course.
As diretrizes farão com que a mudança climática seja automaticamente considerada um "fator macrocrítico" nas avaliações regulares do FMI, que normalmente acontecem anualmente, sobre as economias dos países membros. A série central de relatórios, conhecida como revisões do Artigo IV, são peças de orientação política para os governos e ajudam a moldar a forma como os países são vistos pelo resto do mundo.
"Uma vigilância eficaz do FMI deveria chamar a atenção para as ações governamentais que perpetuam um modelo de desenvolvimento econômico baseado em commodities de combustíveis fósseis que é insustentável em todos os sentidos do termo", afirma Nissan. "O tratamento do clima como um elemento macrocrítico é bem-vindo e tardio, mas a forma como o Fundo irá operacionalizar isto permanece pouco clara e sugere que continuará sendo ad hoc e inconsistente", completa.