Coluna da Daniela Zuccolotto

Fomos um país jovem, somos um país maduro e seremos um país sênior

A população do Brasil vai parar de crescer em 2041 e o país envelhece de forma acelerada

-
-

Nesta semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados atualizados do Censo de 2022. Muitos veículos e especialistas repercutiram a notícia, ressaltando dois principais pontos:

  • 1. A população do Brasil vai parar de crescer em 2041; e
  • 2. o país envelhece de forma acelerada.

O que explica o primeiro fenômeno é a queda na taxa de fecundidade que temos observado nas últimas décadas e que continuará sendo tendência no futuro.

Com a entrada das mulheres no mercado de trabalho e o alto custo de vida, entre diversos outros fatores, as pessoas vêm tendo menos filhos, quando comparadas às gerações anteriores.

Em 2000, o Brasil apresentava uma taxa de 2,32 filhos por mulher; em 2023, a taxa chegou a 1,57 filho por mulher.

Até os anos 1980, o Brasil era considerado um país jovem, porque a proporção de pessoas com faixas de idade inferiores era relativamente maior. Mas isso vem mudando nas últimas décadas.

Só entre 2010 e 2022, o total de crianças com até 14 anos diminuiu de 24,1% para 19,8% e em 2042 começaremos a assistir a população do país encolher.  

Por outro lado, na porção extrema da pirâmide, a proporção de idosos com 60 anos ou mais quase duplicou de 2000 a 2023, subindo de 8,7% para 15,6%, o que, em números absolutos, representou um salto de 15 milhões de pessoas para 33 milhões no período.

    Com os avanços da ciência e o aumento da expectativa de vida, a humanidade está ficando mais velha, e de forma acelerada por aqui.

    Em 2018, pela primeira vez na história, pessoas com 60 anos ou mais superaram em número as crianças menores de cinco anos.

    Em 2030, projeta-se que a população 60 + irá se equipar ao número de jovens entre 15 e 29 anos. E, até 2042, os idosos serão a população preponderante.

    A combinação desses fenômenos de redução das taxas de fecundidade e do aumento da
    expectativa de vida está mudando a fotografia demográfica do nosso país.

    E essa mudança significativa reforça ainda mais a necessidade de repensarmos toda a gama de serviços oferecidos pelo setor privado, além das políticas públicas relacionadas a transporte, moradia, educação e saúde, entre outros.

    No entanto, minha área de concentração é pensar os desafios que essas transformações impõem ao trabalho e à educação.

    Somos um país de maduros, mas o mercado de trabalho encurta cada vez mais a presença deles nas organizações.

    A idade média da população que em 2000 era de 28,3 anos subiu para 35,5 anos em 2023. Mas tem um dado que chama ainda mais atenção. Atualmente, a maior parcela da população tem idade entre 40 e 59 anos, representando mais de 26% do total de brasileiros.

    Portanto, pensando em força produtiva, geração de riquezas e desenvolvimento, as empresas não terão outra forma de sustentabilidade de seus negócios, senão incluindo todo esse contingente maduro e sênior em seus quadros de colaboradores.

    Incluir aqui significa garantir a presença deste público nas organizações, seja por forma de retenção dos seus colaboradores atuais ou de atração de longevos para integrarem seus quadros. Mas vai além.

    Para extrair o maior potencial desse bônus demográfico, é preciso que as empresas criem ambientes e lideranças multigeracionais e que desenvolvam programas de aprendizagem contínua, focados nas necessidades das pessoas maduras e longevas, que têm muito a entregar por sua experiência acumulada e muito a aprender para continuarem relevantes nesse novo mundo do trabalho de tantas transformações.

    A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, e não refletem, necessariamente, a visão da SpaceMoney.