Os fundos de investimento alcançaram recorde de captação líquida positiva (diferença entre aplicações e resgates) de janeiro a setembro, e totalizaram R$ 390,6 bilhões.
Os dados são da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), que informa que o resultado foi recorde para o período desde o início da série histórica em 2002.
O impulso a esse patamar foi garantido pelos fundos de renda fixa, que, de janeiro a setembro, registraram um saldo líquido de R$ 237,2 bilhões.
Pedro Rudge, diretor da associação, afirma que esse movimento está ligado às recentes altas da taxa Selic e também à uma maior aversão a risco dos investidores.
"Sem dúvida, alguns fatores têm contribuído para esse movimento, como o aumento da taxa de juros, que tornam os fundos de renda fixa fiquem mais atrativos, e uma maior aversão a risco pelos investidores. No entanto, essa classe sempre registrou volumes representativos de captação líquida. Só teremos uma resposta clara se esse movimento veio para ficar no médio prazo", explica.
Na sequência, aparecem os fundos multimercados com R$ 77,3 bilhões.
Os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) chamam atenção, mas são resultado de aportes concentrados de um único fundo, que somaram R$ 64,2 bilhões no período.
Segundo a Anbima, a classe de ações registrou saldo líquido de R$ 7,8 bilhões, impactada pela amortização de um fundo de pensão com resgates líquidos de R$ 43,9 bilhões no começo de 2021.
No ano, até setembro, os fundos que podem aplicar mais de 40% em ativos no exterior cresceram. O patrimônio líquido dessa classe alcançou R$ 828,5 bilhões, uma alta de 34,3% na comparação com mesmo período de 2020.
O número de fundos de previdência cresceu 26,5% de janeiro e setembro na comparação com 2020. Atualmente, são 3.043 mil divididos entre as classes de renda fixa, ações e multimercados.
"Apesar da previdência ainda estar concentrada nos fundos de renda fixa, os multimercados começam a ganhar espaço, em um movimento que acompanha o comportamento da indústria como um todo", afirma Rudge.
Segundo ele, o crescimento é significativo e recente. "Antes apenas as grandes instituições ofereciam produtos de previdência. Com as plataformas digitais, o acesso foi democratizado e isso se refletiu na criação de uma maior quantidade de fundos desta classe no mercado", conclui.