Conflito

Governo brasileiro avalia retirada de cidadãos do Líbano após ataques de Israel ao Hezbollah

Celso Amorim classificou a situação como "tremendamente revoltante e perigosa" e destacou que o Itamaraty já está em contato com a comunidade brasileira no país para tomar as medidas necessárias

Governo brasileiro avalia retirada de cidadãos do Líbano após ataques de Israel ao Hezbollah

O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou nesta segunda-feira (23) que o governo brasileiro avalia a possibilidade de retirar cidadãos brasileiros que vivem no Líbano, em meio à escalada de ataques de Israel contra o grupo extremista Hezbollah.

Amorim classificou a situação como “tremendamente revoltante e perigosa” e destacou que o Itamaraty já está em contato com a comunidade brasileira no país para tomar as medidas necessárias.

Amorim fez as declarações durante um encontro com jornalistas em Nova York, onde participa de eventos na sede da ONU.

Ele relembrou a complexidade de operações de evacuação como essa, e citou a retirada de aproximadamente 3.000 brasileiros em 2006, durante outro conflito na região.

“Tenho certeza de que o Itamaraty já está planejando algo nesse sentido. A experiência é dura, e hoje as rotas são ainda mais complicadas, porque a rota pelo norte do Líbano até a Turquia não é mais uma opção viável”, explicou.

A Embaixada do Brasil em Beirute também já abriu consultas com a comunidade brasileira no Líbano para determinar quantos cidadãos gostariam de deixar o país.

O resultado dessas consultas será essencial para guiar o governo na decisão de realizar ou não uma operação de evacuação.

Escalada do conflito

Na última segunda-feira (23), ataques aéreos israelenses atingiram áreas controladas pelo Hezbollah no sul do Líbano e deixaram 274 mortos e mais de 1.000 feridos, entre eles mulheres, crianças e paramédicos, segundo o Ministério da Saúde libanês.

O ataque foi descrito como a ofensiva mais ampla desde o início do atual conflito entre Israel e o Hezbollah, que intensificou-se na última semana após uma série de explosões envolvendo pagers, dispositivos de comunicação utilizados pelo grupo extremista.

As explosões dos pagers, que ocorreram nos dias 17 e 18 de setembro, resultaram na morte de 37 pessoas.

O governo libanês e o Hezbollah acusam Israel de hackear os dispositivos, que continham pequenas cargas explosivas, de acordo com relatos das agências Al Jazeera, do Qatar, e Irna, do Irã. Em resposta, o Hezbollah lançou 150 foguetes contra Israel, intensificando o conflito.

Riscos para brasileiros no Líbano

Amorim destacou os riscos que o conflito representa para os brasileiros que vivem na região, citando a possibilidade de explosões acidentais com os pagers e outros artefatos.

“É um risco de uma guerra total em um lugar onde há muitos brasileiros. Aquelas coisas colocadas lá podem, de repente, explodir nas mãos de uma criança brasileira”, alertou.

O governo brasileiro continua monitorando a situação de perto, e a decisão sobre uma eventual operação de evacuação dependerá do desenrolar dos acontecimentos e da avaliação do número de brasileiros que desejam deixar o país.

O Itamaraty, por meio da Embaixada em Beirute, manterá a comunicação aberta com os cidadãos para orientá-los sobre medidas de segurança e possíveis planos de evacuação.

As informações são do site Poder360.