O dólar encerrou o trimestre com uma forte desvalorização de 14,63% frente ao real, a maior desde 2009, quando caiu 15,81%. Nesta sexta-feira (1), a moeda voltou recuar, fechando o dia em queda de 1,97%, a R$ 4,66%.
Mas por que o dólar está caindo tanto?
Segundo a analista de renda fixa e sócia-fundadora da Nord Research, Marilia Fontes, um dos fatores é a Selic que, recentemente, subiu de 2% para 11,75%, com previsão de chegar a 12,75% na próxima reunião do Copom.
Assim Marília pontua que houve um aumento meteórico da taxa básica de juros, enquanto as taxas dos países desenvolvidos ficaram paradas.
Outro fator apontado pela analista é a alta das commodities. "Os dois fatores combinados fazem o “céu de brigadeiro”, como costumamos falar".
O dólar vai cair mais?
Na visão da analista, não há como bater o martelo sobre o que vai acontecer. "Temos como saber sobre as commodities, mas quanto às taxas de juros, o Banco Central do Brasil falou em parar em 12,75%, enquanto o Federal Reserve, o banco central americano, provavelmente vai subir os juros por lá, o que geraria uma pressão um pouco maior na desvalorização do dólar".
Além disso, se as commodities caírem, aumenta ainda mais a pressão na desvalorização do dólar, e se as commodities continuarem subindo, aí elas podem contrabalancear esses efeitos de redução do carrego, diz Marilia.
O momento é bom para comprar dólar?
Diante desse cenário, muitos estão se perguntando se este é mesmo um bom momento para comprar dólar. Para Marilia, o valor atual é um bom nível para quem quer comprar dólar, porém a cada ano que passa e o dólar fica no mesmo lugar, é possível acabar perdendo as taxas aqui no país, então ela aconselha que o investidor fique atento se realmente vale a pena comprar.
Renato Breia, sócio-fundador da Nord Research e consultor CFP da Nord Wealth, é menos cauteloso em relação a investir em ativos ligados a essa moeda.
Breia afirma que “é uma boa hora para os brasileiros começarem a ter investimentos internacionais ou para aumentarem a parcela desses ativos na carteira, se estiverem menos alocados do que gostariam”, disse.
Para ele, “as pessoas acham que agora não é uma boa hora para investir fora porque as bolsas de Nova York e o dólar caíram, mas os investimentos devem ser pensados de forma contracíclica. Quando todo mundo acha que não é um bom momento, aí sim é uma boa hora”, completou.