Uma pesquisa da KPMG traçou o perfil do fraudador nas empresas brasileiras: 80% dos golpes vieram de profissionais do gênero masculino, com maior incidência em cargos entre coordenação e gerência (60%) e com idade média entre 26 e 45 anos (73%).
Com relação ao tempo de empresa, 45% dos casos envolviam colaboradores que trabalhavam na organização de um a quatro anos na época da fraude e outros 34% já contavam com mais de seis anos de firma.
De acordo com a pesquisa, 72% das companhias ouvidas pela KPMG indicaram ter realizado até 50 investigações no período entre janeiro do ano passado e junho deste ano.
Além disso, 78% das empresas contam com até cinco profissionais dedicados exclusivamente ao combate de malfeitos do tipo e 74% disseram possuir uma metodologia documentada para a apuração dos casos.
Ainda segundo o levantamento, a maioria (89%) das organizações respondentes possui um canal de denúncias para captação e gestão de fraudes, sob responsabilidade das áreas de compliance e auditoria (88%) – setores, aliás, que têm sido as maiores fontes de identificação destes crimes.
"O tempo de casa, e a possível sensação de segurança a partir do conhecimento das etapas dos processos relacionados à fraude, são componentes de maior incidência nos casos relatados. Fraudadores com perfil de liderança que possuem acessos ilimitados a pessoas, processos e sistemas sem monitoramento ou dupla verificação normalmente são aqueles que causam maior dano", ressalta o sócio da prática forensic da KPMG, Alessandro Gratão.
Observou-se uma mudança no perfil do fraudador em comparação com a pesquisa feita há cinco anos pela KPMG.
Se, por um lado, manteve-se a proporção de gênero (80% masculino), por outro, houve diferença em relação à faixa etária observada no levantamento anterior. Houve uma redução significativa de fraudadores com idades entre 46 e 55 anos, caindo de 31% para 14%.
No entanto, foi registrado um aumento significativo nas faixas etárias de 18 a 25 anos e de 26 a 35 anos, que sofreram um incremento de sete e 20 pontos percentuais, respectivamente.
Resultados das investigações e motivações dos fraudadores
Entre as fraudes mais comuns no Brasil, de acordo com a pesquisa, estão os casos de furto ou roubo de ativos (52%), adulteração de documentos (49%), vazamento ou violação de dados (24%) e a identificação de pagamento de propina ou suborno (23%).
Os principais comportamentos identificados naqueles que estavam cometendo malfeitos foram o relacionamento atípico com terceiros (43%), estilo de vida incompatível (36%) e dificuldades financeiras (25%).
Por outro lado, as principais motivações para os fraudadores, segundo o levantamento, foram atingir metas corporativas (38%), omitir erros (31%) ou obter ganho pessoal (27%).
"Muito provavelmente o cenário de recessão e os impactos causados pela covid-19 influenciaram o destaque para as citações que envolvem atingir metas corporativas. Este fator, na realidade de algumas empresas e funções, seria preponderante para manutenção do emprego dos colaboradores, aspecto encarado como pressão situacional", analisa o sócio-diretor da prática forensic da KPMG, Vinícius Carvalho.
Em contrapartida, o fortalecimento da cultura de ética e compliance foi apontado pela maioria das empresas ouvidas pela KPMG como o principal benefício percebido na identificação e redução do cometimento de fraudes.
Vale destacar, ainda, que 79% dos entrevistados indicaram que o trabalho remoto, em virtude da pandemia, dificultou a ação dos fraudadores.