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Ibovespa cai 2% com “efeito tango” e conflitos na China; impacto deve ser limitado, diz gestor

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O Índice Bovespa, principal indicador do mercado acionário brasileiro, fechou em queda forte de 2% hoje, recuando para 101.915 pontos. Foi a segunda queda seguida do índice, que reduziu o ganho no mês para 0,10%. No ano, o Ibovespa ainda acumula alta de 15,96% e, em 12 meses, de 33,20%.

O índice refletiu a aversão ao risco internacional por conta da guerra comercial entre Estados Unidos e China, e que se agravou com os protestos em Hong Kong pedindo democracia e criticando o governo de Pequim. Muitas empresas britânicas têm sede oficial em Hong Kong, sua antiga colônica, como o HSBC, o espalhou as preocupações para outros mercados.

Mais perto, a crise na Argentina contaminou os mercados latino-americanos com o receio de que o país volte a ter um governo populista que suspenderá os pagamentos da dívida e os acordos com credores, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI). A volta de Cristina Kirchner e seu grupo político, de visão intervencionista e antiliberal, preocupa os investidores, que temem a volta dos controles de preços e medidas de curto prazo para resolver problemas estruturais.

Merval cai 37,9% e dólar sobe 23% em pesos

O Índice Merval S&P caiu 37,9% e o dólar subiu 23% com a expectativa de que a chapa encabeçada pelo ex-chefe de Cristina, Alberto Fernández, e que tem a ex-presidente como vice, ganhará a eleição em outubro em primeiro turno, após conseguir mais de 50% dos votos nas eleições primárias de domingo. Para liquidar a eleição em um só turno, são necessários 45% dos votos.

No Brasil, dólar bate R$ 4,00, mas volta para R$ 3,98

Com as turbulências externas, o dólar comercial também subiu, e chegou a ser cotado a R$ 4,012 para venda, recuando depois para 3,984, alta de 1%. Os juros longos também subiram no mercado futuro, com os contratos para janeiro de 2025 projetando 6,88% ao ano, 0,04 ponto percentual acima do fechamento de sexta-feira.

As ações dos bancos, com forte peso no índice, despencaram, com Itaú Unibanco PN perdendo 4,14%, Bradesco PN, 2,09% e Banco do Brasil ON, 2,77%. Petrobras PN caiu 2,40% e o papel ON, 2,69%. As maiores altas entre os papéis do índice foram de JBS ON, 5,76%, Marfrig ON, 3,59%, Suzano ON, 1,25% e BRF ON, 1,23%. Só sete dos 66 papéis do índice fecharam em alta. As maiores quedas do Ibovespa foram de Gol PN, 7,20%, Qualicorp ON, 4,16%, Itaú Unibanco, Magazine Luíza ON, 3,60% e Itaúsa PN, 3,52%.

Impacto da Argentina deve ser limitado, afirma gestor

O impacto da crise argentina sobre o Brasil e outros mercados deve ser limitado, acredita Jorge Simino, diretor de Investimentos e Patrimônio da Fundação Cesp. “A propagação é pequena pois o número de detentores de dívida argentina, tanto renda fixa quanto variável, é restrito, até pelo passado conturbado do país com os investidores”, lembra o gestor. A Argentina já decretou moratória em 2001 e só voltou a acertar-se com os credores externos no governo de Maurício Macri.

Simino explica que, em um mercado mais amplo, os gestores de recursos são obrigados a reduzir o risco de suas carteiras e, para isso, reduzem também as posições em outros mercados mais líquidos, mesmo onde não há crise, como é o caso do Brasil. “O Brasil é muito líquido, então para reduzir a posição em América Latina os gestores vendem mais aqui, por isso sofremos mais”, diz. Mas, como atualmente o número de detentores de papéis argentinos é pequeno, o ajuste das carteiras também será pequeno e mais limitado. “A crise deve ficar mais isolada à Argentina mesmo”, diz.

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