Ibovespa futuro

Ibovespa futuro despenca abaixo de 90 mil pontos; dólar vai a R$ 4,76

Por Gabriel Codas

Investing.com – O índice futuro do Ibovespa tem forte queda de 9,07% aos 88.450 pontos e o dólar salta quase 3% a R$ 4,7633 às 09h22. O dia promete bastante agito nos mercados com as bolsas por todo o mundo apresentando quedas expressivas, reflexos do avanço do coronavírus e de uma expressiva queda de mais de 20% nos preços do petróleo após a Arábia Saudita declarar uma guerra total de preços.

Ibovespa retoma o horário de funcionamento das 10h00 às 17h00 com o início do horário de verão nos EUA, mantendo o mesmo horário de funcionamento com as bolsas americanas.

– Cenário Interno

Viagem cancelada

O ministro da Economia, Paulo Guedes, cancelou viagem aos Estados Unidos na próxima semana e ficará no Brasil para defesa e encaminhamento das reformas econômicas ao Congresso, após ter sinalizado em várias oportunidades que iria formalizar o envio da reforma administrativa e sugestões para a reforma tributária sem, contudo, ter tomado ações concretas até agora.

Para a próxima semana, a perspectiva é de apresentação da proposta do Executivo para uma primeira fase da reforma tributária, envolvendo apenas a unificação dos impostos federais Pis e Cofins.

Além de integrar a comitiva do presidente Jair Bolsonaro em viagem à Miami, Guedes iria posteriormente a Washington, onde participaria de reuniões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Mundial, tendo também na agenda um encontro com o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin.

A decisão de ficar no país ocorre em meio a um momento de turbulências nos mercados, com forte escalada do dólar frente ao real na esteira da disseminação do coronavírus pelo mundo e diante da sinalização do Banco Central de que poderia cortar os juros básicos neste cenário.

– Cenário Externo

Coronavírus – ONU

O surto de coronavírus causará redução de 5% a 15% no investimento estrangeiro direto (IEE) no mundo, em comparação às previsões anteriores, sendo os setores automotivos, aviação e de energia os mais afetados, disse um relatório da ONU neste domingo.

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) indicou que o impacto negativo do vírus provavelmente será ainda maior.

Das 100 empresas multinacionais supervisionadas pela UNCTAD como um barômetro econômico global, muitas estão diminuindo os investimentos nas áreas afetadas e 41 emitiram advertências sobre resultados até agora, disse a agência.

Selic

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegou a discutir com interlocutores da área econômica a possibilidade de cenário com taxa de juros negativa no Brasil com aprofundamento dos impactos negativos do coronavírus nas economias mundial e interna, segundo a edição deste domingo do jornal O Globo. Desta forma, Brasil se juntaria a países da Zona do Euro e do Japão que já mantém a taxa básica de juros abaixo de zero.

Coronavírus – EUA

As agências reguladoras financeiras dos EUA estão preparando planos de contingência, incluindo restrições de viagem e trabalho remoto, para garantir que possam proteger efetivamente os mercados financeiros à medida que o coronavírus se aproxima da capital dos EUA.

Na sexta-feira, as autoridades norte-americanas disseram que os três primeiros casos suspeitos de gripe foram diagnosticados no Condado de Montgomery, Maryland, lar de milhares de trabalhadores federais que viajam diariamente para escritórios nas proximidades de Washington.

Agências, incluindo a Commodity Futures Trading Commission (CFTC), a Securities and Exchange Commission (SEC) e os reguladores bancários, também possuem escritórios em Nova York, São Francisco e Nova Jersey, onde outros casos foram relatados.

Quando os bancos de Nova York começam a acionar seus planos de contingência, os reguladores também começam a tomar precauções, permitindo mais trabalho remoto, cancelando e limitando viagens, cancelando conferências e restringindo algumas reuniões externas.

Petróleo

O petróleo Brent sofreu nesta sexta-feira a maior queda diária em mais de 11 anos, após a Rússia ter se oposto a amplos cortes de produção sugeridos pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para estabilizar os preços da commodity em meio à epidemia de coronavírus e a Opep ter revidado com a remoção de seus próprios limites de bombeamento.

Mais de 1 milhão de contratos de petróleo WTI foram negociados durante o dia, depois de o pacto entre Rússia e Opep, que já durava três anos, ter entrado em colapso.

“Os preços despencaram porque a reunião da Opep acabou sendo um fracasso épico por parte de todos os envolvidos. A Rússia claramente decidiu empregar uma abordagem de terra arrasada para o mercado de petróleo: cada país por si”, disse John Kilduff, sócio da Again Capital em Nova York.

BOLSAS INTERNACIONAIS

Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 5,07%, a 19.698 pontos. Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 4,23%, a 25.040 pontos. Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 3,01%, a 2.943 pontos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 3,42%, a 3.997 pontos.

Da mesma forma, a segunda-feira é negativa para as bolsas europeias. Em Frankfurt, o DAX tem perdas de 6,96% aos 10.739 pontos, como FTSE recuando 6,63% aos 6.035 pontos. Já em Paris, o CAC cede 6,94% aos 4.782 pontos.

COMMODITIES

A jornada que abre a semana foi marcada por uma importante nova queda nas cotações dos contratos futuros do minério de ferro, que são negociados na bolsa de mercadorias da cidade chinesa da Dalian. O ativo com o maior volume de operações, com data de vencimento para maio deste ano, cedeu 2,74% a 640,00 iuanes por tonelada, o que representa perdas de 18 iuanes em relação aos 658,00 iuanes de liquidação da sessão anterior.

Na mesma direção, a sessão da segunda-feira foi de recuo nos preços dos papéis futuros do vergalhão de aço, que são transacionados na bolsa de mercadorias da cidade de Xangai, também na China. O contrato de maior liquidez, com entrega para maio de 2020, caiu 10 iuanes para 3.439 iuanes por tonelada, sendo que o de outubro, segundo em volume, recuou 9 iuanes para 3.484 iuanes por tonelada.

De forma expressiva, o preço do petróleo desaba nos mercados internacionais, com o barril do tipo Brent perdendo 21,71%, ou U$ 9,82, a US$ 35,42. Já o WTI cai 22,41%, ou US$ 9,25, a US$ 32,03.

MERCADO CORPORATIVO

– XP

As ações da XP Inc fecharam em queda de mais de 13% em Nova York nesta sexta-feira, a 30,99 dólares, maior queda percentual e menor valor desde o IPO da empresa em dezembro passado. Na mínima da sessão, chegaram a 30,24 dólares.

Nesta tarde, circulou entre profissionais do mercado financeiro anúncio de escritório de advocacia dos EUA, citando um relatório sobre a XP que levantava questões sobre a precisão das divulgações contábeis da plataforma de investimentos.

Procurada pela Reuters, a XP Inc. afirmou que durante o processo recente de IPO passou pelo escrutínio de quatro escritórios de advocacia reconhecidos mundialmente e duas das maiores firmas de auditoria do mercado.

“Além disso, diversos investidores institucionais de classe mundial auditaram a XP de todas as formas possíveis, inclusive por meio de processo próprio de diligência legal e/ou contábil”, afirmou a XP na nota, na qual reforça “seu total compromisso de transparência com seus clientes e investidores”.

O fundador da XP, Guilherme Benchimol, negou neste domingo as acusações feitas por um investido vendido que causaram queda das ações na sexta-feira.

Benchimol disse em um post em sua conta no Instagram que as “acusações sérias” são infundadas e que a empresa passou por uma auditoria de quatro escritórios de advocacia e dois auditores para concluir sua oferta pública inicial nos Estados Unidos.

Em uma resposta formal publicada no site de relações com investidores da XP, a empresa diz que o relatório está “cheio de erros” e demonstra falta de conhecimento sobre as diferentes regras contábeis exigidas pelo Banco Central do Brasil e pelo IFRS (o padrão contábil internacional).

A XP também diz que o investidor faz comparações inadequadas (o balanço da XP CCTVM, que é a corretora de valores, com o balanço do Conglomerado Prudencial, que inclui outras empresas do grupo).

– IPO da Aura Mineralis

A mineradora norte-americana Aura Minerals pediu registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para realizar uma oferta inicial de recibos de ações (BDRs) na B3.

De acordo com o prospecto preliminar, a operação envolve ofertas primária e secundária de papéis e será coordenada por Credit Suisse, Itaú BBA e XP Investimentos. A companhia, listada na Bolsa de Valores de Toronto desde 2006, é focada na exploração de ouro e cobre e opera minas no Brasil, México e em Honduras.

A sede societária da empresa fica nas Ilhas Virgens Britânicas e seu escritório corporativo foi transferido de Toronto para Miami em 2017.

No documento, a Aura afirma que pretende usar os recursos da oferta primária para desenvolvimento, manutenção e expansão de seus ativos operacionais; exploração de projetos ainda não operacionais; e reforço da estrutura de capital.

– Energia Elétrica

A recente disparada na cotação do dólar deve pressionar as contas de luz no Brasil e impedir que consumidores tenham alívio tarifário em 2020, caso a moeda norte-americana siga no atual patamar, revertendo cenário mais positivo esperado em meados de 2019, disse à Reuters uma empresa especializada em tarifas.

Os impactos devem ser sentidos principalmente por clientes de distribuidoras das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, que recebem parte de sua energia da hidrelétrica binacional de Itaipu, empreendimento na fronteira com o Paraguai, cuja produção é cotada em dólares.

Se o dólar seguir acima dos 4,60 reais, como atualmente, as tarifas das distribuidoras de energia dessas regiões atendidas por Itaipu devem ter uma elevação média no ano de 2%, contra cenário praticamente de estabilidade esperado em janeiro (+0,4%), segundo projeção da empresa de tecnologia TR Soluções.

A consultoria Thymos Energia vê cenário semelhante— a empresa havia projetado em setembro passado que as tarifas poderiam cair em média 2%, mas agora trabalha com cenário de estabilidade ou leve aumento, principalmente para as distribuidoras cujos reajustes acontecem mais à frente no ano, se mantida a alta da moeda norte-americana.

– Banco do Brasil (SA:BBAS3)

O governo federal, com problemas fiscais e medidas para conter gastos, contribuiu para travar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, disse nesta sexta-feira o presidente-executivo do Banco do Brasil, Rubem Novaes.

“Chamo atenção que o que puxou para baixo o PIB foi o setor de governo”, afirmou Novaes em palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro.

Na quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB desacelerou no quarto trimestre na comparação com os três meses anteriores, e a atividade econômica acumulou no ano expansão de 1,1%, resultado mais fraco em três anos. O consumo do governo em 2019 encolheu 0,4% ante 2018 segundo o IBGE.

Mas para Novaes, a queda nas despesas do governo é um sinal positivo.

– Itaú Unibanco

– O Itaú Unibanco reduziu suas projeções para o crescimento da economia brasileira e para a taxa de juros em 2020, citando sinais de arrefecimento da atividade econômica em meio à desaceleração global.

O Itaú agora prevê que o PIB aumentará 1,8% em 2020, ante estimativa anterior de 2,2%.

“Há sinais de desaceleração maior que o esperado” no primeiro trimestre de 2020, disse o banco em relatório desta sexta-feira. “Além disso, o arrefecimento da economia global deve ter efeitos negativos sobre o crescimento do Brasil”, acrescentou.

O IBGE divulgou nesta semana que o PIB brasileiro cresceu 1,1% em 2019, pior resultado em três anos.

AGENDA DE AUTORIDADES

– Jair Bolsonaro

Em viagem aos Estados Unidos, o presidente da República se reúne com o Senador Marco Rubio, participando em seguida da abertura de Seminário Empresarial Brasil-Estados Unidos na Flórida. Na parte da tarde, Bolsonaro se encontra com a comunidade brasileira em Miami.

– Paulo Guedes

– Reunião-geral de secretários do Ministério da Economia;

– Almoço com os secretários especiais;

– Reunião semanal com o secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel;

– Reunião semanal com o secretário de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco;

– Reunião semanal com a secretaria especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais substituta, Yana Dumaresq