O Ibovespa, principal índice acionário da B3, a bolsa brasileira, operava, às 17h33 desta terça-feira (28), com ganhos de 1,88%, aos 116.631,47 pontos. Ontem (27) o índice teve forte queda e fechou abaixo dos 115 mil pontos, devido ao medo de que o coronavírus se transforme em uma pandemia, quando atinge escala global. Especialistas estimam que o impacto econômico dessa crise seja pior do que o da epidemia de SARS, do início dos anos 2000.
Na mesma direção, o dólar comercial operava com desvalorização de 0,37%, cotado a R$ 4,194, no mesmo horário. Ontem, a moeda dos EUA encerrou o dia a R$ 4,21, maior valor de fechamento desde 2 de dezembro, a R$ 4,214.
Veja os principais fatores que podem influenciar os marcadores na sessão de hoje:
Mercados internacionais
Por causa do Ano Novo Chinês, as bolsas de Hong Kong, China e Coreia do Sul não abriram, mas a bolsa do Japão fechou com leve queda e a bolsa da Coreia do Sul com um recuo mais expressivo de 3,09%. Na avaliação dos investidores, se o país não conseguir controlar a situação, a frágil estabilização da economia mundial, após a assinatura dos acordos comerciais entre EUA e China, pode ser comprometida.
Os índices da Europa ensaiam uma retomada e operam de maneira mista, enquanto os futuros de Nova York também apontam para uma abertura com leves ganhos.
Coronavírus
O governo chinês admitiu que as medidas para tentar conter o avanço do coronavírus estão sendo pouco efetivas. O país já destinou US$ 9 bilhões para frear a epidemia e já restringiu a circulação de pessoas em 13 cidades. Na cidade de Wuhan, local onde surgiu a nova cepa (variedade) do vírus, foi construído um novo hospital, com 1 mil leitos, seguindo o modelo de contenção utilizado na última epidemia da síndrome respiratória aguda grave (SARS).
Ontem (27), o prefeito de Wuhan admitiu ter omitido dados sobre o contágio do vírus e colocou seu cargo à disposição. Em entrevista, ele admitiu que pelo menos 5 milhões de pessoas deixaram a cidade antes do isolamento.
Até os últimos levantamentos divulgados, a doença, que já matou 106 pessoas e contaminou mais de 4,5 mil, tem se espalhado pelo mundo e já atingiu 11 países em quatro continentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já elevou o risco global do coronavírus de “moderado” para “alto”.
Reunião do Fed
O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, inicia sua reunião nesta terça-feira (28) com encerramento na quarta-feira (29). Especialistas de mercado estimam que a entidade monetária deverá manter a taxa de juros inalterada. Por outro lado, existe uma parcela dos analistas que temem que o Fed está esgotando seus recursos para uma eventual nova desaceleração da economia americana.
Roberto Campos Neto
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, participou hoje, às 10h, de um painel com o ex-presidente do BC, Ilan Goldfajn, para comentar a agenda da instituição. Desde 2019, Campos dá continuidade ao trabalho em medidas microeconômicas e política monetária. Nos últimos meses, o BC reduziu a Selic de 6,5% para 4,5% .
Boa parte do mercado estima que, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária em fevereiro, ocorra um novo corte de 0,25% na taxa básica de juros, a Selic, encerrando, assim, o ciclo de redução dos juros.
Confiança na construção
O Índice de Confiança da Construção (ICC), cresceu 2,1 pontos de dezembro para janeiro. Essa foi a oitava alta consecutiva do indicador, que chegou a 94,2 pontos, maior patamar desde maio de 2014 (94,6 pontos), segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).
O Índice de Expectativas, que mede a confiança do empresariado do setor em relação aos próximos meses, cresceu 2,4 pontos, alcançando 104,2 pontos, o maior valor desde setembro de 2012 (104,5 pontos). Dos quesitos que compõem esse índice, a principal alta veio da demanda prevista para os próximos três meses.
Boletim Focus
O Banco Central divulgou ontem (27) mais uma edição do Boletim Focus, que traz expectativas do mercado para alguns indicadores da economia. Para 2020, a inflação oficial recuou de 3,56% para 3,47%, a quarta redução seguida, abaixo do centro da meta de 4,00% e dentro da margem de erro de 1,5%. Já para 2021, as projeções foram mantidas, com alta de 3,75%, também dentro do centro da meta para o ano que vem.
Para a taxa básica de juros, é esperada uma redução de 0,25% na reunião de fevereiro do Comitê de Política Monetária (Copom). A Selic deve ser mantida assim até o final de 2020, marcando o fim do ciclo de cortes do Banco Central. Já para 2021, deve ser elevada ao patamar de 6,25%
Em relação ao dólar, as apostas de 2020 foram elevadas de R$ 4,05 para R$ 4,10, após encerrar 2019 a R$ 4,01. Por fim, o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 teve sua estimativa elevada de 2,30% para 2,31% e se manteve em 2,50% para 2021.