Bolsa de Valores

Ibovespa pode perder os 100 mil pontos nesta semana?

O principal índice acionário da B3, a bolsa brasileira, iniciou o pregão desta segunda-feira (9) amargando quedas

- Paulo Whitaker/Reuters
- Paulo Whitaker/Reuters

O Ibovespa, principal índice acionário da B3, a bolsa brasileira, iniciou o pregão desta segunda-feira (9) amargando quedas. Agentes do mercado observam com atenção o movimento negativo nas bolsas globais e acompanham preocupados sinais de desaceleração da economia chinesa.

Por volta das 13h13, o índice operava na faixa dos 104.048 pontos, caindo 1,03%. No entanto, um pouco  mais cedo, já havia atingido 102.813.  Por isso, a pergunta que ronda o mercado é: até onde pode ir esta queda?

Lucas Xavier, analista técnico da Warren, lembra que esta será uma semana agitada e o mercado tem informações relevantes para digerir. 

“Temos divulgações de balanços e é o que vai mais chamar atenção do mercado. Fora isso, temos IPCA, na quarta-feira, que é o que tem assombrado os mercados ao redor do mundo”, afirma Xavier. 

Após um momento de certo alívio com o tom que parecia mais brando do Fed, ao comunicar sua decisão de elevar os juros americanos em 0,5 ponto percentual na semana passada, a preocupação sobre a efetividade do movimento para combater a inflação começou a trazer um temor ao mercado.

Assim, as bolsas americanas estão seguindo uma tendência de baixa, que acaba afetando o mercado globalmente, inclusive, o Brasil.

“Se o mercado americano, que é um dos mais seguros, está caindo desse jeito, nós aqui do Brasil, que é um mercado mais emergente, psicologicamente falando, tende a ser afetado por essa queda”, afirma o analista. 

Ibovespa nos 100 mil pontos?

Segundo Xavier, na semana passada, havia muito respeito à faixa 104.500 pontos. Quando o Ibovespa chegava nesse nível, voltava a subir. 

Já no pregão de hoje, o índice está sendo negociado abaixo desse patamar e, se ele não fizer como na semana passada, quando se recuperou e fechou acima 104 mil, na opinião de Xavier, o Ibovespa pode passar a mirar na faixa de 100 mil pontos.

“É uma faixa psicológica muito conhecida pelo mercado, dada toda a magia que tinha quando estávamos abaixo de 100  mil pontos. O pessoal queria muito ver isso acontecer”, diz Xavier. Agora, segundo Xavier, há uma tensão com o movimento contrário e a expectativa para verificar se o índice conseguirá segurar essa faixa.

Para João Negrão, assessor de investimentos da SVN, os dados de inflação norte-americana, que serão divulgados nesta semana, serão números importantes que podem dar uma direção mais certa para o desempenho das bolsas.

"Esses dados darão um norte sobre como que vai ser o aperto monetário nos Estados Unidos, para onde essa curva de juros deve ir e qual velocidade e impacto da subida delas. E junto com isso, a gente tem a decisão do G-7 sobre a importações ou o banimento completo do petróleo russo", diz,

Enquanto isso, aponta Negrão, esse cenário impacta o Ibovespa e traz um sentimento de cautela e aversão ao risco globalmente. Para ele, o índice perder os 100 mil pontos é uma expectativa real. 

"É uma queda que repetiria um comportamento das últimas semanas, mas difícil de prever. Essa aversão ao risco pode causar algum movimento neste sentido, mas é ainda é preciso ficar de olho no que tem para ser divulgado durante a semana".

Beto Assad, analista de ações e consultor financeiro do Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em uma só plataforma, concorda e afirma que, depois de três meses com grande entrada de recurso no país, esse fluxo foi revertido e, assim, temos a tendência de uma semana ainda negativa.

"A gente já está numa queda um tanto quanto esticada no Ibovespa", diz ele, aproximando-se, inclusive, de uma zona de suporte, entre 102 mil e 100 mil pontos, na qual o Ibovespa se segurou no final do ano passado, antes de retomar um movimento de alta.

"Então eu acredito que temos chance de testar essa região dos 100 mil pontos. Quando a gente olha pelo ponto de vista de fatores econômicos, o momento é ruim. Então, é bom a gente ter realmente atenção. Não vou ficar surpreso se a gente chegar próximo aos 100 mil pontos nessa semana ou até trabalhar abaixo dele".
 

*Matéria atualizada às 13h48 para inclusão de informações