Como os investidores estrangeiros estão avaliando o governo brasileiro e quais as expectativas destes investidores em relação ao Brasil? Responder a estas perguntas foi um dos objetivos de duas viagens que fizemos aos Estados Unidos (New York e Boston) e Canadá (Toronto) em abril e em setembro de 2019.
Além de tentar responder às perguntas acima, o objetivo das viagens era também apresentar nosso cenário aos investidores. Neste pequeno documento nosso objetivo é socializar, com investidores, clientes, prospects e amigos, o que sentimos e percebemos nestas duas oportunidades.
A mudança de percepção dos investidores entre as duas viagens foi extremamente positiva. Como resultado da decepção devido à não aprovação da Reforma da Previdência pelo governo Temer (algo que em algum momento foi considerado praticamente certo), e aos ruídos gerados pela mudança implementada pelo Presidente Bolsonaro na forma de fazer política no Brasil, com o abandono do chamado Presidencialismo de Coalisão, mudança esta que, segundo praticamente todos os analistas políticos brasileiros, tornaria impossível a aprovação de qualquer projeto no Congresso, em abril a postura dos investidores era, na melhor as hipóteses, de “wait and see” e, para alguns deles, “Brazil is out by now”. Praticamente nenhum investidor se mostrou disposto a considerar a possibilidade de investir no Brasil naquele momento.
Em outras palavras, na visita de abril, a impressão generalizada era de que, após várias perdas nos últimos anos em diferentes países emergentes, inclusive no Brasil, os investidores estavam com um “pé atrás”. A ideia predominante era esperar e depois, dependendo do que acontecer, decidir como investir.
Em setembro, a postura era totalmente diferente. Em lugar do “wait and see”, a frase que melhor representou o sentimento dos agentes foi: “we lost the first rally. Where will be the next one?”.
É claro que os investidores continuam inseguros quanto à aprovação das reformas necessárias, a confiança ainda é tênue e os ruídos políticos continuam a incomodar grande parte deles. Entretanto, a aprovação da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados com uma poupança maior do que o esperado, algo que praticamente nenhum analista estava prevendo, assim como a aprovação do Cadastro Positivo, da Lei da Liberdade Econômica, o acordo de Livre Comércio entre União Europeia e o Mercosul, as concessões de rodovias, ferrovias, aeroportos, etc. e privatizações já realizadas, pegou os investidores de surpresa e teve um efeito bastante positivo sobre o sentimento e as expectativas quanto à aprovação de outras reformas no futuro.
Em resumo, o pessimismo de abril está paulatinamente sendo substituído por uma grande expectativa quanto às próximas reformas e ao processo de privatizações. O sinal de setembro é de que os investidores começam a acreditar no potencial do novo governo de efetivamente implementar uma agenda liberal na economia.
É claro que a situação ainda está em transição e ruídos inesperados como o gerado pelas mudanças introduzidas no Senado ao projeto de Reforma da Previdência, a dificuldade de aprovação da reforma no Senado, poderão ter efeito negativo no sentimento dos investidores, atrasando a reversão de expectativas que vinha ocorrendo entre os investidores. Entretanto, o sentimento claramente mudou para melhor. Talvez ainda seja cedo para se prever um aumento substancial do fluxo de capitais externos para a economia brasileira. Mas os sinais são bastante positivos.