O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), utilizado nas correções de contratos de longo prazo, como aluguéis, subiu 0,48% em janeiro, desacelerando em relação a dezembro, quando a taxa foi de 2,09%, informou hoje a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com este resultado, o índice acumula alta de 7,81% em 12 meses, percentual que deve ser usado na correção dos aluguéis que fazem aniversário em fevereiro, diz o Sindicato da Construção (Secovi) de São Paulo. Em janeiro de 2019, o índice havia sido de 0,01% e acumulava alta de 6,74 % em 12 meses.
O IGP-M é formado por três outros subíndices, de atacado (IPA, com peso de 60%), varejo (IPC, com peso de 30%) e da construção (INCC, com 10%). Ele considera os preços coletados de 21 de um mês ao dia 20 do mês de referência.
Atacado derruba IGP-M
A desaceleração deste mês veio em função dos preços no atacado, especialmente dos alimentos. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 0,50% em janeiro, após alta de 2,84% em dezembro. O índice do grupo Matérias-Primas Brutas passou de 5,03% em dezembro para 0,26% em janeiro. Contribuíram para o recuo da taxa do grupo os seguintes itens: bovinos (19,57% para -5,83%), soja (em grão) (2,46% para -1,78%) e café (em grão) (15,57% para -1,64%). Em sentido oposto, destacam-se os itens cana-de-açúcar (-0,63% para 1,62%), laranja (-2,50% para 2,62%) e leite in natura (0,17% para 1,01%).
Carnes seguram o IPC
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) variou 0,52% em janeiro, após alta de 0,84% em dezembro. Cinco das oito classes de despesa componentes do índice registraram recuo em suas taxas de variação. A principal contribuição partiu do grupo Alimentação (2,36% para 1,22%). Nesta classe de despesa, vale citar o comportamento do item carnes bovinas, cuja taxa passou de 18,03% para 1,95%.
Também apresentaram decréscimo em suas taxas de variação os grupos Despesas Diversas (3,13% para 0,29%), Vestuário (0,15% para -0,04%), Comunicação (0,30% para 0,16%) e Transportes (0,91% para 0,82%). As principais influências para a desaceleração dos grupos partiram dos seguintes itens: jogo lotérico (23,33% para 0,00%), roupas (0,27% para -0,23%), mensalidade para internet (0,55% para 0,21%) e tarifa de táxi (6,06% para -2,51%).
Em contrapartida, os grupos Habitação (-0,42% para -0,05%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,26% para 0,38%) e Educação, Leitura e Recreação (0,60% para 0,66%) apresentaram acréscimo em suas taxas de variação. Nestas classes de despesa, os maiores avanços foram observados para os seguintes itens: tarifa de eletricidade residencial (-2,96% para -1,08%), artigos de higiene e cuidado pessoal (0,19% para 0,49%) e cursos formais (0,00% para 2,84%).
Construção Civil tem pequena aceleração
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 0,26% em janeiro, ante 0,14% no mês anterior. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de dezembro para janeiro: Materiais e Equipamentos (-0,04% para 0,47%), Serviços (0,11% para 0,37%) e Mão de Obra (0,26% para 0,09%).
Inflação mais amena
O final de 2019 contou com pressão substancial sobre o IGP-M, fruto da desvalorização do câmbio e dos avanços em carnes, combustíveis e minério de ferro, diz a Rosenberg Associados. A consultoria destaca agora o arrefecimento dessas pressões no começo de 2020, haja vista a desaceleração do indicador no mês. O choque sobre as proteínas se acomodou, com o registro de taxas negativas em alguns itens; no mercado internacional, os combustíveis operam em queda, com a expectativa de desaceleração do crescimento global. Já o câmbio segue desvalorizado, mas o efeito liquido é de descompressão dos preços no curto prazo, diz a Rosenberg.
Para a consultoria, a perspectivas é de taxas mensais bastante amenas no primeiro trimestre desse ano – a despeito da desvalorização cambial recente. A Rosenberg projeta alta de 4,0% para o IGP-M em 2020.