IPCA de janeiro desacelera para 0,21% puxada por alimentos

Uma boa notícia para os consumidores e para os investidores. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado pelo Banco Central (BC) em suas metas de inflação, subiu apenas 0,21% em janeiro, uma forte desaceleração em relação a dezembro, quando havia subido 1,15%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ((BGE), foi o menor resultado para um mês de janeiro desde o início do Plano Real, em 1994. O acumulado dos últimos doze meses ficou em 4,19%, abaixo dos 4,31% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2019, a taxa havia ficado em 0,32%.

Esta é a primeira divulgação do IPCA e do seu similar para a baixa renda, o INPC com a nova estrutura de ponderação, atualizada a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. A pesquisa serve de base para o cálculo da variação de preços do custo de vida das famílias até 40 salários mínimos, no caso do IPCA, e até 5 salários, no INPC.

Boa parte da queda da inflação pode ser explicada pela desaceleração dos preços dos alimentos, em especial das carnes, que vinham pressionando o IPCA nos últimos meses. A desaceleração no grupo Alimentação e bebidas foi de 3,38% em dezembro para 0,39% em janeiro, com as carnes, após a alta de 18,06% em dezembro, recuando 4,03% em janeiro, contribuindo com o impacto negativo mais intenso sobre o índice do mês (-0,11 p.p.). Com isso, a alimentação no domicílio registrou alta de 0,20%, frente aos 4,69% do IPCA de dezembro, reduzindo a inflação. No lado das altas, o destaque ficou com o tomate (13,72%) – cujos preços já haviam subido 21,69% no mês anterior – e com a batata-inglesa (11,02%).

A maior pressão de alta veio do Grupo Habitação, que após a queda de 0,82% no mês de dezembro subiu 0,55% em janeiro, puxado pelos preços de condomínio (1,39%) e aluguel residencial (0,61%). A energia elétrica, por sua vez, registrou leve alta (0,16%), com as áreas variando entre a queda de 4,77% em Rio Branco – onde houve redução de 4,67% nas tarifas, a partir do dia 13 de dezembro – até a alta de 3,41% em Goiânia. Em janeiro, foi mantida a bandeira tarifária amarela, que acrescenta na conta de luz R$ 1,343 a cada 100 quilowatts-hora consumidos.

IPCA – Variação e Impacto por grupos – mensal
Grupo Variação (%) Impacto (p.p.)
Dezembro Janeiro Dezembro Janeiro
Índice Geral 1,15 0,21 1,15 0,21
Alimentação e Bebidas 3,38 0,39 0,83 0,07
Habitação -0,82 0,55 -0,13 0,08
Artigos de Residência -0,48 -0,07 -0,02 0,00
Vestuário 0,00 -0,48 0,00 -0,02
Transportes 1,54 0,32 0,28 0,06
Saúde e Cuidados Pessoais 0,42 -0,32 0,05 -0,04
Despesas Pessoais 0,92 0,35 0,10 0,04
Educação 0,20 0,16 0,01 0,01
Comunicação 0,66 0,12 0,03 0,01
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

Inflação para baixo

Com o começo de ano mais fraco, vários bancos começaram a rever para baixo suas projeções de inflação para este ano. O JPMorgan diz que reduziu a estimativa para este ano de 3,7% para 3,4%, o que está bem abaixo da meta de inflação deste ano, de 4%, e dá mais margem de manobra para o Banco Central para voltar a reduzir os juros para estimular mais a economia, se for necessário.

A Rosenberg Associados reduziu a estimativa para 2020 de 3,3% para 3,2% após o IPCA de janeiro. A consultoria espera menor variação dos preços livres, puxados pela moderação dos alimentos; na contramão, os grupos de industrializados e de serviços devem acelerar modestamente, refletindo ao fechamento (ainda modesto) do hiato do produto, ou seja, a retomada da economia, e alguma recuperação do mercado de trabalho. Os preços administrados também devem arrefecer, com destaque para o item energia elétrica e os itens relacionados ao transporte público.

O Itaú diz que, por ora, estima alta de 3,3% para o IPCA este ano. O banco projeta alta de 0,17% no IPCA de fevereiro, 0,12% em março e 0,33% em abril. As próximas leituras ainda contarão com alívio nos preços de alimentos (principalmente em carne bovina) e combustíveis, tanto energia elétrica (bandeira verde em fevereiro e março), quanto gasolina (após cortes recentes de preços na refinaria pela Petrobras).

Outro que aponta para uma possível revisão para baixo da inflação é o Bradesco. O banco mantivemos a projeção de 3,6% para o IPCA deste ano, mas o balanço de riscos aponta para uma taxa ainda menor. O choque do coronavírus pode ser tanto de demanda quanto de oferta, com impactos ambíguos sobre os preços, diz. “Avaliamos que, até o momento, o impacto líquido tem sido mais deflacionário para o Brasil, considerando-se os preços das commodities em reais”, afirma o Bradesco.
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