IPCA

Inflação segue controlada, ancorada e bem abaixo da meta

Projeções para o ano que vem devem ser reduzidas para baixo e dão suporte para o Banco Central continuar o ciclo queda da Selic

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▪ A variação do IPCA em setembro foi de -0,04%, taxa de 2,89% os últimos 12 meses. Esse resultado ficou abaixo da média histórica para o mês de setembro que é de 0,31%. Foi a menor variação para um mês de setembro desde 1998.

▪ Sem alteração na bandeira tarifária entre agosto e setembro, o grupo Habitação deixou de pressionar o IPCA para cima e com isso tivemos leve deflação em setembro. A energia elétrica tinha aumentado 3,85% em agosto, devido mudança da bandeira de amarela para vermelha patamar 1.

▪ Serviços apresentou variação de 0,04%. Na comparação interanual, a inflação de serviços está em 3.59% YoY, inferior à taxa apresentada em agosto de 3,97% YoY. A inflação de serviços foi bastante influenciada pelas altas nos preços das passagens aéreas nos meses entre maio e julho. Os Serviços Subjacentes cresceram 0,07% e acumula alta de 3,41% nos últimos 12 meses.

▪ Os núcleos subiram 0,1%, em média (contra 0,22% no mês anterior). Os núcleos estão rodando ao redor de 2,82% YoY, bem abaixo da meta de 4,25% deste ano.

Evolução Recente

O IPCA tem rodado bem abaixo das médias históricas mensais desde maio deste ano. A inflação acumulada desde maio foi de 0,4%, bem abaixo da média histórica que tem sido de uma inflação média acumulada de 1,2% para o mesmo período.

Já inflação de serviços voltou a rodar próximo das médias históricas entre maio e agosto, com crescimento interanual que chegou a 3,97% em agosto. Em setembro voltamos a ver uma baixa inflação de serviços com recuo da taxa interanual para 3,59%. Esse aumento pontual na inflação de serviços foi influenciado por 2 itens: Passagens Aéreas e Aluguel Residencial. O gráfico abaixo mostra a evolução interanual da inflação desses dois itens.

Podemos ver que a inflação de Passagens Aéreas chegou a quase 40% entre junho e agosto (houve uma significativa depreciação do real a partir de maio), bem acima das taxas apresentadas entre 2013 e 2018. A inflação de aluguel residencial mostra trajetória ascendente contínua desde o início do ano e também pressiona o grupo de Serviços. Segundo a Ponderação do IBGE, esses dois itens correspondem a apenas 12% no subgrupo Serviços, contudo o gráfico abaixo mostra que entre abril e agosto de 2019 esses dois itens foram responsáveis por cerca 20% da inflação de Serviços. No mês passado esses dois itens contribuíram com 0,43% e 0,61% para a inflação de Serviços interanual, ou seja, representaram 25% do total da inflação de Serviços.

A inflação de Serviços Subjacentes, apesar de excluir o item Passagem Aérea, também é influenciada pela forte alta das passagens através do item Excursão, por isso ambas mostraram evolução semelhante nesse período.

Portanto, a inflação de serviços foi influenciada fortemente pela forte inflação das Passagens Aéreas. Na medida que a variação dos preços das passagens aéreas retornar para níveis próximos da média histórica, devemos ver a inflação de serviços voltar a rodar ao redor de 3,5%.

A inflação segue controlada, ancorada e bem abaixo da meta de inflação. O Banco Central não levará mais em conta a inflação deste ano na próxima reunião do Copom dia 31 de outubro, o que importa para a política monetária é a inflação de 2020. Contudo, o resultado de setembro do IPCA mostra núcleos e inflação de serviços em níveis bastante confortáveis (excluindo itens mais voláteis).

Esses grupos são bastante persistentes e devem continuar rodando abaixo de 3,5% nos primeiros meses de 2020. Com isso, as expectativas de inflação para o ano que vem devem ser reduzidas para baixo e dão suporte para o Banco Central continuar o ciclo queda da Selic.

A mediana das expectativas do relatório Focus aponta para inflação de 3,7% em 2020 e a inflação implícita para meados de 2020 está em 3,6%. Com meta de inflação de 4% em 2020, não há dúvidas de que há espaço para corte adicional de 0,5% pontos percentuais na próxima reunião.