Por Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com – O Inter (BIDI11) estima um upside de 19% no Ibovespa ao longo de 2022, que possa alcançar os 125 mil pontos até o fim do ano. Isso porque o banco considera que o índice está bastante descontado, como base as estimativas de 15x.
Essa previsão fica abaixo da máxima de fechamento alcançada em 07 de junho de 2021, quando o Ibovespa encerrou o dia com 130.776 pontos.
Segundo relatório publicado pelo Inter, o Ibovespa caminhou na contramão do mercado internacional em 2021, afetado pelo cenário político conturbado, a alta da inflação e os efeitos da pandemia.
Porém, a perspectiva é positiva para 2022, que deve ter as commodities como destaque, em especial os setores do agronegócio e de papel e celulose.
A estimativa é de um PIB próximo dos 0,5% no próximo ano, beneficiado pela agropecuária, e o Inter espera que a inflação desacelere para próximo dos 5%, ainda acima do centro da meta de 3,5%.
Isso seria resultado do aperto monetário e da atividade econômica mais fraca.
Sobre o avanço dos juros, o Inter considera que o Banco Central deveria ter cautela na calibragem final do ciclo de altas.
Ainda assim, a interpretação é que a autoridade monetária tem respondido com tom mais hawkish e estima que a política monetária seja significativamente restritiva para conter as expectativas de inflação.
O risco é uma dosagem alta demais e o país acabar tendo uma recessão mais prolongada ao longo do próximo ano.
Cenário internacional
O ano de 2022 deve ser marcado pela desaceleração da economia mundial, segundo o Inter, que projeta um avanço de 4,9%.
Nos Estados Unidos e Europa, o PIB deve ficar em torno dos 4%, enquanto a China tende a reduzir o seu crescimento de 7,8% para 5,5%.
A tendência também é que a inflação seja persistente por mais um tempo, o que deve reduzir os estímulos monetários, especialmente nos EUA, onde o Federal Reserve deve realizar três altas nos juros ao longo do ano.
Assim, o dólar também deve permanecer forte em 2022.
A desaceleração do crescimento, junto com a normalização da economia, tende a reduzir a pressão no lado da demanda por commodities. Por isso, o Inter acredita que os preços devem ficar estáveis, apesar de permanecerem em um patamar elevado.
O Inter destaca que a alta acumulada de 50% do minério de ferro, mesmo após a retração no segundo semestre, tende a favorecer a balança comercial dos países exportadores como o Brasil.
Além disso, o petróleo está cotado abaixo de US$ 70 o barril, devido às notícias da nova variante de coronavírus, e deve se manter volátil por causa da maior mobilidade pós-pandemia, enquanto o aumento da oferta no setor ainda deve ser gradual.