Economia

Inter revisa projeção do IPCA e prevê Selic 'no teto' do ciclo por mais tempo

Conforme projeção, taxa Selic terá uma alta final de 0,50 p.p. em junho e terminará o ciclo em 13,25%

- Marcello Casal Jr., Agência Brasil
- Marcello Casal Jr., Agência Brasil

Diferentemente do antecipado na reunião de março, o Copom indicou ser provável uma extensão do ciclo de aumento da taxa Selic em junho e uma alta de magnitude menor. Para o Inter, essa elevação será de 0,50 p.p.

Apesar do cambio e cotação de petróleo permanecerem próximos do cenário anterior, o Copom agora espera IPCA de 7,3% 2022 e 3,4% em 2023, acima das projeções anteriores.

Na avaliação de riscos, a maior preocupação continua sendo as expectativas de inflação, que seguem em alta, devido ao efeitos secundários do choque de oferta. A inflação corrente permanece bastante elevada e os núcleos de inflação, incluindo itens ligados a serviços, continuam pressionados e, por isso, a necessidade de um aperto monetário maior nesse momento.

O risco fiscal continua sendo apontado pelo Copom como um fator de preocupação, mas as pressões inflacionárias globais também apresentam risco. Por outro lado, em um cenário menos provável, ainda podemos ver uma reversão parcial dos preços das commodities, o que contribuiria para acelerar a convergência da inflação para meta.

O que esperar?

"Considerando o cenário de inflação elevada e riscos de desancoragem para 2023, o Copom decidiu deixar as portas abertas para uma provável alta em junho. Revisamos nossa projeção e esperamos que a Selic tenha uma alta final de 0,50 p.p. em junho e termine o ciclo em 13,25%".

Além disso, o Inter prevê que a taxa final deve ser mantida por um período mais longo e a redução será mais gradual, terminando em 9% em dezembro de 2023, patamar que ainda será contracionista. "Apesar do cambio em R$ 4,90 e da acomodação dos preços das commodities, a difusão da inflação está bastante alta, e sua convergência para a meta será mais longa", avalia.

O inter revisou sua projeção de IPCA de 7,4% para 8,1% em 2022 e para 4,1% em 2023. "No entanto, em concordância com o comunicado do Copom, vemos um cenário de ainda muita incerteza. Por um lado, o choque foi bem maior que o antecipado, por outro, a Selic em patamar bastante contracionista pode desacelerar a atividade a frente. Por fim, considerando agora a atuação do aperto monetário nos países desenvolvido, o controle da inflação global também pode ganhar força", diz o Inter.