Levantamento

Investimentos de brasileiros batem recorde de R$ 4,9 trilhões em setembro, diz Anbima

Volume financeiro cresceu 8,5% entre janeiro e setembro, a maior variação para o período desde 2018

- Pixabay
- Pixabay

Em setembro, o volume financeiro investido por pessoas físicas chegou ao valor inédito de R$ 4,9 trilhões. O montante representa um crescimento de 8,5%, ante dezembro de 2021, quando o total era de R$ 4,5 trilhões. Essa foi a maior variação percentual registrada desde setembro de 2018, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

O aumento dos recursos aplicados foi puxado pelo varejo, que concentra R$ 3 trilhões do total de investimentos, em 136 milhões de contas — não corresponde ao total de CPFs, já que cada pessoa pode ter mais de uma conta.

A participação do segmento tradicional subiu 10,5% nos primeiros nove meses, a R$ 1,7 trilhão. No alta renda, a variação positiva foi de 10,8%, em um patamar de R$ 1,3 trilhão em setembro. Já o private, que abrange os clientes com pelo menos R$ 3 milhões em aplicações, soma patrimônio líquido de R$ 1,9 trilhão, alta de 5,2% no acumulado do ano.

Na comparação entre os tipos de instrumentos, o destaque ficou por conta dos títulos e valores mobiliários, que tiveram alta de 20,9% no acumulado do ano, a R$ 2,3 trilhões.

“O crescimento dos investimentos em títulos e valores mobiliários já vem sendo observado desde o período da pandemia, principalmente com o aumento da taxa de juros, que trouxe destaque para produtos como os CDBs (Certificados de Depósito Bancário), LCAs (Letras de Crédito Agrícola) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário). Nesse trimestre, a tendência se intensificou”, avalia Ademir Correa, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima.

Queridinha dos brasileiros, poupança recua

renda fixa segue como principal destino dos investimentos dos brasileiros, em 60,6% do total, enquanto a renda variável responde por 17,6%.

poupança, que representa 19,2% do montante alocado entre todos os produtos, registrou queda 4% na comparação entre dezembro, quando estava no patamar de R$ 989 bilhões, e setembro, quando chegou a R$ 948 bilhões.

“A poupança teve um forte crescimento, principalmente durante a pandemia de 2020/2021, quando foram feitos os pagamentos do auxílio emergencial e os gastos com itens supérfluos diminuíram de forma significativa. Em 2022, observamos uma reversão, após esse período, com captações líquidas negativas a cada trimestre”, analisa Correa.

Os CDBs respondem por 14,1% do total investido por pessoas físicas, seguidos por fundos multimercados, com 13,8%, e ações, com 13,2%.

Em uma participação menor (6%), as LCAs registraram aumento de 62,7% no total, com R$ 113,1 bilhões, enquanto os LCIs (3,6%) cresceram 37,7% para R$ 48,8 bilhões.

"Por causa da alta de taxas de juros e uma busca por maior diversificação das carteiras, as LCAs e LCIs acabam se mostrando vantajosas pela isenção do imposto de renda”, explicou Correa.

Fundos multimercados e de ações caem puxados pelo varejo

O volume aplicado em fundos de investimento cresceu 1,5% no acumulado do ano, a R$ 1,5 trilhão em setembro. A maior parcela está concentrada nos multimercados, com R$ 675,9 bilhões.

A participação da classe, no entanto, caiu 1,3% no ano. O recuo em relação ao final do ano passado foi explicado pelos resgates no segmento do varejo, que alcançaram R$ 8,9 bilhões nos primeiros nove meses de 2022.

Na renda fixa, onde estão aplicados R$ 497,3 bilhões, tanto o private quanto o varejo registraram aumento do volume, com variações positivas de 21% e 6,7%, nesta ordem.

Já a participação dos fundos de ações caiu 11,3% no ano, e fechou setembro em R$ 190,4 bilhões, com saída de R$ 6,9 bilhões no private e de R$ 17,3 bilhões no varejo.

Centro-Oeste e Nordeste se destacam

Todas as regiões brasileiras registraram crescimento no patrimônio líquido nos primeiros nove meses do ano. O Sudeste concentra o maior volume de investimentos (67,4% do total), com R$ 3,3 trilhões, aumento de 7,6% no ano. Na sequência aparece o Sul, cuja participação total subiu 9,4% para R$ 840,5 bilhões.

Em termos de crescimento percentual, os destaques ficam por conta do Centro-Oeste, com alta de 14,6%, para R$ 257,7 bilhões, e o Nordeste, onde estão R$ 420,9 bilhões do total investido, ganho de 10,5% em relação ao final do ano passado.

Na região Sul, estão R$ 840 bilhões, variação positiva de 9,4% no total. A contribuição do Norte foi de R$ 78,9 bilhões, alta de 8,5% na comparação com dezembro de 2021.