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Investir não é consumir: devemos conter a ansiedade na hora de tomar decisões

Novos investidores brasileiros se formaram em meio à explosão do mundo virtual, sem a experiência prévia para questionar a (des)informação que lhes é bombardeada diariamente

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É indiscutível que nossas vidas se passam cada vez mais no mundo digital. Nos (des)informamos, conhecemos pessoas, aprendemos sobre quaisquer temas, acessamos entretenimento, fazemos compras, conversamos com outros etc. tudo através das telas de nossos celulares e computadores. 

E a esta altura do campeonato todo mundo também já entendeu como funciona a vida nesse mundo: tudo gira em torno do engajamento, da caçada aos cliques das pessoas, da geração de conteúdos sempre novos e bombásticos e, como consequência de tudo isto, a venda cada vez mais incisiva e intensa de produtos e serviços para as pessoas.

Pois bem, a indústria de “investimentos” não escapou dessa dinâmica. E como esse é um tema extremamente recente no Brasil (faz poucos anos que nosso país começou a ter um número menos vergonhoso de investidores), boa parte dos novos investidores “se formou” dentro desse contexto. Portanto, sem uma experiência prévia que os equipasse minimamente para questionar toda a (des)informação que lhes é bombardeada.

Essa dinâmica traz sempre uma tônica de “buemba, buemba” (relembrando o Macaco Simão). Incita-se as pessoas a achar que todos os dias têm assuntos quentes e absolutamente decisivos, que elas precisam saber que agora “é a hora” disso ou de correr daquilo. Uma enxurrada de: veja isso, fuja daquilo, você precisa saber disso, fulano X fez milhões em meses, pare tudo que está fazendo etc. Estímulos cada vez mais acrobáticos de dopamina.

Pessoal, isso pode ter tudo a ver com novos smartphones, itens de moda, smartwatches, carros, ou o que quer que seja estimulável por esta frenesi de consumo. Mas não tem NADA a ver com investimentos. 

Investir, infelizmente, é bem menos emocionante que isso. Qualquer investidor que funcione à base de ansiedade tomará as piores decisões de investimento e terá uma orientação de tempo exatamente oposta àquela que mais beneficiaria sua carteira.

Investir é aquela coisa chata: guardar um pouquinho sempre, definir uma linha mestra, segui-la e MUITO GRADUALMENTE auferir os bons resultados que isso pode gerar no longo prazo. Longo prazo, de verdade. Não é a balela de “longo prazo” que a turma estimuladora de dopamina diz valorizar.

É claro que – felizmente – as pessoas têm liberdade para expor suas ideias, receitas de sucesso e o que mais for. Mas sem dúvida fará parte da maturação do investidor brasileiro aprender a não dar tanto crédito para essa abordagem novelesca. O investidor, talvez a duras penas, aprenderá que operar sob esse modo de “o que está quente” só vai corroer seu capital com tanto suor conquistado fora das redes sociais. 

Investir não é consumir, aliás é o oposto. Transformar investimento em um produto de consumo pode ser ótimo para alguns, mas está sendo péssimo para você, investidor. 

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.