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Invista em ações sem comprar ações: conheça o ETF, a maneira mais fácil de aplicar em bolsa

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O investidor que quer começar a aplicar em bolsa ou mesmo o que já aplica têm mais uma opção além da compra direta das ações. No mês passado, o Bradesco lançou seu fundo de Índice Bovespa com cotas negociadas em bolsa, o Exchange Traded Fund, ou ETF. O fundo acompanha as variações do Ibovespa e permite ao investidor ter uma carteira inteira do índice, de 66 ações, com um investimento a partir de R$ 105. E com uma vantagem: a menor taxa de administração do mercado, 0,20% ao ano.

Na prática, cada cota vai render a variação do Ibovespa menos esses 0,20% ao ano. Outras instituições já oferecem ETFs de Ibovespa, mas cobram taxas maiores. A BlackRock e o Itaú cobram 0,30% em seus ETFs e a Caixa Econômica Federal, 0,5% ao ano. Como todos aplicam nos mesmos ativos e, portanto, tendem a apresentar a mesma rentabilidade, a diferença será em função da taxa de administração. E a expectativa é que as taxas recuem para perto da mínima com o passar do tempo.

ETF da pechincha

Mas há opções ainda mais baratas. O It Now PIBB, primeiro ETF lançado no Brasil pelo BNDES em parceria com o Itaú, tem custo de 0,059% ao ano. Ele acompanha o Índice Brasil 50, que tem um cálculo e um desempenho parecido com o do Índice Bovespa, mas tem um limite de 50 ações.

Aplicação via corretora e por conta própria

Para investir em ETF é preciso ter conta em uma corretora de valores. Por meio dela, o próprio investidor entra no sistema da bolsa pela internet, usando o home broker, e, com o código do ETF, localiza as ofertas de compra e venda das cotas do fundo. Se os preços forem interessantes, o investidor faz a compra pelo sistema, como se fosse uma ação de uma empresa.

Cada ETF tem um código pelo qual é negociado no mercado, como uma ação. O ETF do Bradesco é o BOVB11, o da BlackRock, BOVA11, o do Itaú é o BOVV11 e o da Caixa, XBOV11. E há ainda ETFs de outros índices como de Dividendos, Small Caps, IBrX-100, IBrX-50 e até o Índice de Carbono Eficiente e o americano Standard & Poor’s 500. No total, há no mercado 16 ETFs que permitem ao investidor as mais variadas estratégias de diversificação com pequenos valores em ações.

ETF de renda fixa

E há ainda dois ETFs de renda fixa, que, além do valor baixo e da diversificação, têm benefícios fiscais. Um é o ETF da Mirae, que segue as taxas de juros prefixadas projetadas pelo mercado futuro da B3. Outro é o ETF do Tesouro Nacional e do Itaú, que acompanha o índice IMA-B e que, por sua vez, segue o rendimento dos títulos do Tesouro Nacional corrigidos pela inflação, as NTN-B, em circulação no mercado. Os ETF de renda fixa pagam 15% de imposto sobre o ganho, mesma tributação aplicada aos ETF de ações, independentemente do prazo. Já as demais aplicações de renda fixa começam pagando 22,5% de imposto de renda até 6 meses, 20% de 6 meses a um ano, 17,5% de um ano a dois e 15% só depois de dois anos. O ETF de renda fixa também não tem come-cotas como os fundos de investimentos tradicionais.

Volume de ETF cresceu 50% em 2019

Os investidores estão descobrindo os ETFs, como mostram os dados da B3. O volume médio negociado no ano está em R$ 651 milhões por dia até maio, 50% a mais do que os R$ 431 milhões de 2018. Em maio, a média diária atingiu R$ 707 milhões, 65% a mais que em maio do ano passado.

A nova onda de ETFs é consequência direta do cenário atual, em que o juro baixo, tanto nominal quanto real, está levando a novas ofertas de opções para o investidor, explica Diana Lemos, planejadora financeira e profissional CFP® da Planejar. “O investidor está buscando novas alternativas, já que deixar dinheiro só na renda fixa, em aplicações conservadoras não está dando tanto retorno”, diz. Ela lembra que o ETF é muito comum no exterior, e não se limita à renda variável. “São fundos que tanto podem ser de ações quanto de renda fixa ou até mesmo commodities, como petróleo”, lembra.

Gestão passiva

O ETF é uma alternativa mais acessível, que pode ser comprada via home broker na bolsa. E seu principal ponto é que a gestão é passiva. “Não são fundos para tentar superar o índice de referência, a proposta é acompanhar o índice de mercado”, lembra. “É uma opção para quem quer acompanhar o índice, com uma taxa de administração baixa.”

Diversificação de risco

Outra vantagem é que a exposição do investidor ao tipo de investimento é diluída, já que ele compra um pedaço de uma carteira de ações no índice ou uma carteira de títulos de renda fixa que é mais diluída que comprar o papel direto.

Diana aconselha ao investidor olhar a taxa de administração do fundo e o tipo de índice que ele segue. Como hoje já há vários ETFs, ele pode escolher tipos mais ou menos voláteis. E olhar, dentro de seu objetivo de vida, qual se encaixa melhor em sua carteira como um todo, tanto na renda variável quanto na renda fixa. “Não estamos falando em aplicações sem risco, de fundos DI, mas de papéis que têm oscilação maior pelo valor de mercado”, lembra. O fato de o ETF ter vários papéis ajuda a diluir o risco, mas mesmo assim há impactos, alerta.

ETF para todos os tipos de investidor

O ETF serve para qualquer tipo de investidor, afirma Diana. É um investimento democrático, acessível, e tem como característica permitir ao investidor menor ter uma diversificação direta, sem pensar muito a respeito. E mesmo investidor mais arrojado pode aproveitar as vantagens do ETF. “Ele pode ter uma parte da carteira em fundo passivo, completando as estratégias”.

Sobre o que é melhor, fundos passivos ou ativos, Diana diz que há ciclos em que cada estratégia se sai melhor. “Há estratégias de longo prazo ativas que podem ter momentos ruins e ficar abaixo das passivas por algum tempo, mas não são estratégias excludentes”, diz.

Gestão mais barata explica custo menor

Os ETFs são uma boa opção para o investidor, afirma Fábio Assunção, diretor de estratégia e produtos da Ativa Investimentos. Ele lembra que os ETFs são muito populares fora do Brasil e estão apenas começando aqui. “Um gestor de fundos ativos, quanto mais complexa for a estratégia, mais analistas precisa para decidir onde investir”, lembra Assunção. Um fundo multimercado, por exemplo, precisa ter uma visão sobre inflação, juros, dólar, e isso tem um custo, por isso ele tem de cobrar uma taxa de administração mais alta. Em troca, ele consegue agregar valor se for bom e compensar essa taxa mais alta.

Já o ETF tem de entregar o que se propõe, que é a variação do índice, e é muito fácil de administrar por ser um fundo passivo, afirma Assunção. Por isso cobra taxas de administração mais baixas. “Poderíamos dizer que o ETF seria gerido até por um estagiário, enquanto um fundo ativo precisaria de uma equipe de umas 10 pessoas”, afirma.

Para o estrategista, o ETF está mais na moda porque a taxa de juros está baixa no mundo inteiro e a taxa de gestão começa a ficar pesada. “E isso faz o ETF ficar tão famoso”, diz.

Taxas e custos

Ele dá o exemplo da aplicação em papéis do Tesouro Nacional. No Tesouro Direto, sistema de venda direta de títulos do governo, não há taxa de administração, mas a bolsa B3 cobra 0,25% ao ano de taxa de custódia, para guardar os títulos. Já no ETF de renda fixa do Itaú, que copia o IMA-B, com todos os títulos indexados à inflação do Tesouro, a taxa de administração é de 0,25%. “Então o custo para o investidor é muito parecido”, diz. Haveria, porém, a vantagem do ETF cobrar imposto sobre o ganho de 15% em qualquer prazo, enquanto o Tesouro Direto começaria com 22,5% de tributação e só chegaria a 15% após dois anos.

Simplificação de investimento

Outra vantagem do ETF é que, como seu custo é baixo, ele pode ser usado como uma simplificação de investimento em uma determinada classe de ativo. “Se o investidor quer investir R$ 100 mil em títulos públicos corrigidos pela inflação, ele pode montar uma carteira no Tesouro Direto para ficar investido nessa classe, ou compra o ETF IMA-B do Itaú”, diz. Se optar pelo ETF, ele comprará todos os títulos do Tesouro em circulação de uma vez, com uma compra só. E a um custo baixo.

Essa simplificação de carteira com custos reduzidos explica a proliferação dos ETF, afirma Assunção. “Lá fora, o mercado é infinitamente maior, com ETF de petróleo, de contratos futuros de commodities”, lembra. O investidor pode ainda comprar ETFs já alavancados de determinado ativo ou ETFs de venda de ações, em que o investidor ganha com a queda do papel. Há uma infinidade de estratégias de ETF que tornam mais simples a vida do investidor. “No Brasil, ainda não existe isso, há 18 ETF apenas”, diz.

Não requer experiência nem habilidade

Outra das vantagens do ETF é dar uma alternativa para o investidor menos experiente e de menor porte, explica Assunção. Se ele acha que a bolsa vai subir, pode comprar ações individuais. Mas o investidor médio não está apto a comprar ações individuais, pois isso demanda conhecimento das empresas, do mercado. Assim, uma alternativa é comprar as ações do índice por meio de um ETF de Ibovespa. “Ele pode comprar um ETF do Bradesco e aplicar na média das principais ações da bolsa e vai receber a variação do Ibovespa menos o 0,20% de custo”, diz.

Quem escolhe é o investidor

Cabe, porém, ao investidor em ETF decidir qual classe de ativo ele quer escolher, se as principais empresas da bolsa, com o Ibovespa, ou ações de dividendos, com o índice de Dividendos ou pequenas empresas, com o ETF de small caps ou até o Índice de Carbono Eficiente. A diferença entre os gestores de um ETF que segue o mesmo índice será a taxa de administração. Por isso a BlackRock reduziu sua taxa, de 0,54% para 0,30%, para que seu ETF não perdesse competitividade em relação aos do Itaú e do Bradesco. “Se os gestores forem iguais, como devem ser, deve ganhar mais quem investir no mais barato.”

Gestão ativa

Já quem pensa em ganhar mais que o índice ou não sabe quando é a hora de entrar ou sair de determinada classe de ativos, como ações ou renda fixa, buscar um gestor ativo, que vai selecionar as ações com maior potencial e o melhor momento para compra-las. Esse trabalho terá um custo, que será uma taxa de administração mais alta, e que costuma ficar em torno de 2% ao ano mais uma taxa de performance, sobre aquilo que o fundo ganhar acima do índice, de 20%. “Mas o investidor que pagar por isso vai querer que o rendimento do fundo compense”, lembra.

A escolha do ETF vai depender da situação, explica Assunção. Se o investidor não é grande conhecedor de mercado, quer aplicar em boas pagadoras de dividendos e não conhece, opte pelo ETF de dividendos.

Vantagens e desvantagens do ETF e da compra direta

Na renda fixa, a diferença, além da diversificação é a tributação menor do ETF que na compra direta dos títulos do Tesouro Direto. Em empresas de dividendos, hoje o investidor recebe o dividendo isento. Já no ETF de Dividendos, no qual o valor do dividendo é usado na compra de mais ações, haverá tributação sobre o ganho, de 15%. “Poderíamos falar em eficiência maior em ações diretamente em dividendos do que no ETF”, afirma Assunção. Já na renda fixa, a vantagem é do ETF, que paga 15% de imposto em qualquer prazo e não tem o IOF sobre aplicações de até 30 dias. “No longo prazo, após dois anos, o ETF e o título do Tesouro vão ter a mesma tributação”, diz.

Uma desvantagem do ETF em relação à compra direta de ações é que sua tributação é fixa: 15% sobre os rendimentos, independentemente do prazo. Já na compra direta, o investidor pessoa física tem uma isenção de imposto nas vendas de ações de até R$ 20 mil por mês. Ou seja, quem vender até R$ 20 mil em ações em um mês e tiver ganho, não precisará pagar imposto de renda. Apenas terá de declarar o ganho ao fisco. No ETF, haverá 15% de imposto, seja qual for o valor.

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