IPO da C&A

IPO da C&A pode não ser uma boa ideia, diz Levante

IPO da C&A pode não ser uma boa ideia, diz Levante

No mês de outubro, a varejista C&A, do setor de Moda, anunciou que realizará sua oferta inicial de ações, ou IPO. O período das reservas foi determinado entre os dias 14 e 23 de outubro.

Como você já sabe, para ingressar em um IPO basta acessar a corretora que estiver responsável pela operação e fazer a sua reserva. Mas, será que vale a pena entrar no IPO da C&A?

Segundo a casa de análise de investimentos Levante, participar da oferta parece não ser uma boa ideia. Um dos principais motivos para o qual os analistas chamam atenção é o preço pretendido. O mercado especula que a cotação deve se estabelecer em torno de R$ 18,25 por ação (faixa média).

Além disso, o múltiplo preço/lucro 2020 da C&A é de 20,1x. Esse valor é elevado, porque tem pouco desconto em relação às Lojas Renner (26,5x), referência de execução no setor, e ao múltiplo de Guararapes (17,0x), que está mais avançada no turnaround das lojas.

Pontos negativos

Varejo eletrônico

Segundo o relatório da Levante, o varejo eletrônico representa 2% da receita líquida da C&A. A compra eletrônica para ser retirada na loja (click & collect) representa 20% do total.

Se comparado às Lojas Renner, o valor é inferior já que a concorrente apresenta marcação de 27%. Já a Guararapes apresenta 25%.

Crescimento

Em 2018, o Ebitda ajustado da C&A atingiu R$ 635 milhões. Esse valor representa crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Já no primeiro semestre de 2019, o Ebitda ajustado atingiu R$ 171,4 milhões, aumento de 2,6% em relação ao mesmo período de 2018.

A margem Ebitda foi de 12,3% em 2018 (11% em 2017). A margem Ebitda foi de 7,4% no primeiro semestre de 2019, estável em relação ao mesmo período do ano anterior. Houve um ganho não recorrente no resultado no primeiro semestre de 2019 de R$ R$ 638,9 milhões, referente à recuperação de créditos fiscais de PIS/COFINS.

Segundo os analistas, o baixo crescimento do Ebitda e da margem Ebitda ajustada é decorrência do pouco crescimento da receita líquida. Com isso, a projeção do crescimento anual da receita líquida em 2019 é de apenas 3%.

Dívidas

Mesmo com o crescimento, a C&A possui um alto nível de endividamento. Sua dívida líquida era de R$ 2,35 bilhões em junho de 2019. A relação dívida líquida/Ebitda era de 3,7x.

Como foi divulgado, a empresa pretende utilizar 90% dos recursos da oferta para liquidar empréstimos com partes relacionadas no valor de R$ 786,9 milhões. Dessa forma, os analistas não aconselham a compra porque, ao que tudo indica, o IPO não será para o crescimento real da companhia.

Pontos positivos

Cenário de Varejo no Brasil

Apesar dos pontos relevantes citados, os analistas lembram que o mercado financeiro às vezes pode trazer surpresas. Assim, o relatório aponta para um ponto positivo no setor da C&A.

O setor varejista de moda no Brasil é altamente fragmentado. Os cinco maiores varejistas contabilizam 18,5% de todas as vendas formais e, de acordo com a Euromonitor, geraram R$19 bilhões desde 2018. A fragmentação é uma boa notícia, pois implica que as empresas ainda têm bastante espaço para seguir crescendo.

Os dados recentes do varejo confirmaram um cenário mais benéfico. De abril até julho foram 3 meses seguidos com aumento no volume de vendas. As vendas do comércio varejista em julho surpreenderam, crescendo acima do esperado pelo mercado. O varejo teve alta de 1% em relação a junho, na série com ajuste sazonal.

No exterior, muitos shoppings centers estão fechando as portas. Entretanto, aqui no Brasil, os analistas lembram que temos um ambiente de insegurança nas ruas e, como os shoppings são seguros, os consumidores acabam indo muito mais vezes aos estabelecimentos fechados. Dessa forma, o relatório afirma os shoppings estarão presentes no futuro do Brasil, o que é uma boa notícia para a C&A.

A segunda Top of Mind do Brasil

Segundo a MWB, a C&A é a segunda marca de loja de roupas mais reconhecida (Top of Mind) no Brasil e a segunda em termos de receita líquida dentre as varejistas de vestuário brasileiras listadas na B3.

Por meio de seu portfólio nacional e de sua plataforma de comércio eletrônico, as receitas líquidas totalizaram 2,3 bilhões de reais no primeiro semestre de 2019.